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Serão de Invernia em Época de Natal

O dia reclinou-se no aconchego da escuridão. Na lareira, o fogo acordou para o serão e os mais pequenos dormitando, tentavam, ora sim ora não, seguir as vozes que se acomodavam à situação.

O vento corria. Chovia… chovia teimosamente e sentia-se a força da água vergastar as gelosias, e as maresias, bravas, ruins, inquietantes mesmo, galgavam sem tréguas o calhau, provocando constante e assustador ruído.

Era Dezembro. Inverno pleno. Enquanto, lá fora, o mau tempo não amainava, em casa, bem junto à lareira, fervilhava a coesão, a força e a partilha natalícia de toda uma família, que o fogo, crepitando, parecia deleitar-se e vivenciar a ocasião.

No presépio, as “searinhas” acomodadas nos pratinhos atempadamente escolhidos, mostravam o trigo verdinho que continuava crescendo e as laranjas maduras e bonitas, apanhadas vários dias antes, tomavam lugar na toalha alva que cuidado crochet engalanava, na qual  a gruta de pedra vulcânica, negra, queimada e leve, disposta de maneira hábil, aninhava as habituais e conhecidas figuras, moldadas em barro.

O Deus-Menino, pequenino, olhando a Senhora que O amamenta, de permeio, enquanto a Virgem-Mãe O muda de seio, com o seu olhar bébé, límpido e divinal, sorri, desejando a todos…

FELIZ NATAL

                                                                    Ruben Santos – Califónia 1999
(Artigo publicado na edição impressa de dezembro de 2019)

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