Beatriz Moreira da Silva
Cansaço de receitas caseiras,
decorar auto diagnósticos;
Mesinhas de cura,
prescritas de outros tempos.
Trocar os planos c’mundo a desabar,
agarrar mãos antes do dia acabar;
Egoísmo incomodar,
por não se saber acomodar.
Chega de mansinho e pequenino,
difícil ser colo de alguém:
Quem nos preparou?
Ninguém nos contou!
Preocupação constante,
que arde em cada mísero aranhão.
E nós? Caladas na solidão,
lendo cores d’coração.
Correr no sufoco d’saber se respira,
não dormir angustiada,
porque te sentes noite e dia:
Coitada está perdida!
Ingratidão com comparações,
que não equivalem milhões;
De bom senso guarde opinião,
fique com ela na sua tradição.
Ser mãe é não saber estar de folga,
correr a toda a hora mesmo que ninguém te reconheça;
Estás mais bonita após maternidade!
E antes não tinha qualidade?
Maior benção da vida,
não te tira alma nem te coloca ira;
Se te portas fecharem,
agradece o desapego de quem nunca vai entender o que é ser amigo no desespero.
Tomar conta do mundo na eterna e mais vincula responsabilidade,
de amparar, acartar e consolidar;
Embalar d’consolo sob efeito de amar, de enraizar emoções e recordações,
que no futuro serão performance do teu trabalho, mesmo que te digam que falhaste.
Se vos parece um monólogo é assim que nos sentimos quando vos falham os olhos.
Comentários
Maravilha! Parabéns, muito profundo, nas subtilezas da escrita uma mensagem, um apelo Real.