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Contentores parados, setor bloqueado

Patrícia Miranda
Deputada do PS na ALRAA

Mais de 700 cabeças de gado retidas nos Açores. Falta de contentores, rotas incertas, mercadoria perecível sem escoamento.

Esta realidade, por mais recorrente que seja, não pode ser normalizada. Aliás, o que hoje vemos é apenas mais um episódio que revela o verdadeiro bloqueio da nossa agricultura, não por falta de qualidade, nem por ausência de esforço dos produtores, mas por falta de estratégia governativa e de operacionalização eficaz das soluções.

O Governo Regional apresenta como conquista a homologação dos contentores de transporte de gado, agora feita nos Açores. E sim, é um avanço. Mas de pouco serve celebrar esta medida se os contentores homologados não saem do porto.

A homologação só é útil se estiver integrada num sistema logístico que funcione: com contentores disponíveis, navios a operar com regularidade e uma cadeia de transporte pensada para servir a produção agrícola. A verdade é que o problema está longe de ser técnico, é político. E é estratégico.

A ausência de planeamento, a descoordenação entre setores e a incapacidade de antecipar constrangimentos logísticos demonstram que este Governo continua a tratar os transportes como um detalhe, quando deveriam ser uma prioridade.

Casos como os da Graciosa, do Pico, das Flores ou de Santa Maria não são pontuais: são sintomas de uma estrutura de transportes desajustada às necessidades da produção agrícola dos Açores. E este desajuste tem um custo real: retém rendimento, penaliza o investimento e frustra os agricultores que, de boa-fé, acreditaram nas promessas feitas de que a reconversão do setor leiteiro para a carne seria uma solução de futuro.

Mas essa reconversão exigia, no mínimo, garantir as condições de escoamento. Impuseram-se mudanças sem criar as condições para que fossem sustentáveis. E quando o gado não sai da ilha, o prejuízo instala-se.

O Partido Socialista defende que a agricultura é, e continuará a ser, um dos principais motores do desenvolvimento regional. E para que esse motor funcione, não basta dizer que se apoia a produção. É preciso garantir que o que se produz chega aos mercados em tempo útil, com previsibilidade e competitividade.

Tem sido uma reivindicação constante do Partido Socialista a implementação de um modelo de transportes marítimos moderno, eficiente e justo, que assegure não só o menor custo no acesso ao exterior, mas também a coesão interna entre as ilhas. Essa visão está também refletida na moção “Um Novo Futuro”, onde se reafirma a necessidade de um sistema que integre fluxos contentorizados, rotas fiáveis, ligação com outros modos de transporte e forte investimento público nas ligações inter-ilhas.

O objetivo é claro: garantir que nenhuma ilha fica para trás e que os produtores têm condições para competir e prosperar.

É preciso pôr fim a esta política de improvisos, que vai apagando fogos com baldes vazios.

O que se exige é capacidade e vontade política para implementar uma estratégia integrada e funcional para os transportes, uma estratégia que sirva os agricultores e a economia regional.

Quem governa não pode apenas aplaudir contentores parados. Tem de garantir que eles andam, e que andam ao serviço de quem trabalha todos os dias para fazer da agricultura um pilar sólido do nosso presente e um compromisso com o futuro.

Alerta à Navegação

André Silveira

A noite eleitoral das Legislativas de domingo trouxe algumas poucas confirmações e uma enorme surpresa: a dimensão do crescimento do Chega, que se tornou a segunda força política nacional, com resultados impressionantes nos Açores, contrariando todas as previsões e sondagens. Olhando para os dados históricos, antecipava-se já que o partido poderia alcançar um resultado em alta, mas nem os mais entusiastas, nem os mais pessimistas, previam que atingisse esta expressão, em particular nos Açores após o triste escândalo que envolve o deputado eleito em 2024 e artigos de viagem. Mais desconcertante ainda foi perceber que, ao contrário do que se dizia, este crescimento não se fez à custa da abstenção, que, aliás, aumentou, mas sim de votos captados diretamente aos partidos tradicionais. PS e PSD perderam terreno, influência e ligação à realidade social e política, e o mapa eleitoral tingido de azul escuro deixa avisos sérios a quem os quiser ler.

Começando pelo PS. Os resultados de ontem são uma catástrofe política, daquelas que não podem passar sem consequências, nem cujas feridas não deixarão profundas cicatrizes. O partido, que há muito se tornou refém das suas próprias estruturas e interesses internos, paga agora o preço de anos de arrogância, de escândalos sucessivos e de uma governação distante da realidade das pessoas. Não basta mudar de líder ou fazer um congresso. O PS precisa de uma verdadeira renovação e refundação se quiser voltar a ser relevante. Cá e lá. Sendo que o risco da irrelevância é real.

O PSD, apesar de ter eleito mais um deputado devido às idiossincrasias do método de Hondt, vive uma situação embaraçosa. Perde votos em toda a linha, perde em freguesias que historicamente controlava e, mais grave, fica atrás do Chega em dois concelhos Açorianos. Em São Miguel, o cenário é particularmente preocupante. Apesar de estes serem resultados de umas legislativas nacionais, e de não se deverem tirar conclusões diretas para o panorama regional ou autárquico, há sinais que não podem ser ignorados. O mapa de São Miguel pintado de azul escuro é um aviso claro de que os partidos ditos tradicionais estão a caminho da irrelevância se não se souberem renovar e, sobretudo, se não começarem a falar a sério para os jovens.

Em São Miguel em particular, a implantação do Chega é surpreendente, não apenas pela expressão que atinge, mas pela forma metódica e persistente como foi construída. Feita através de políticas de base pura e dura, rua a rua, freguesia a freguesia, com candidatos e estruturas locais a assegurarem o trabalho de proximidade que PS e PSD abandonaram há anos. O PS, preso a uma estrutura em ruínas no pós-24 anos de poder absoluto, sem militância ativa e desmobilizado. O PSD, refém de lideranças incompetentes e incapaz de perceber o valor da política de proximidade. Onde uns desapareceram, outros ocuparam o espaço. O resultado está à vista.

Basta ouvir as reações no dia das eleições para perceber que persistirão em negar a realidade, agarrados a uma narrativa de negação que culpa fatores externos pelo desastre eleitoral, ignorando responsabilidades próprias. Reduzir este crescimento do Chega a um mero fenómeno de protesto, ou sugerir que os eleitores não sabem em quem votam, é não apenas um insulto à inteligência coletiva, mas também uma expressão de arrogância política que só contribuirá para aprofundar o fosso entre eleitos e eleitores.

Uma nota positiva para a Iniciativa Liberal, que cresce e consolida a sua posição como quarta força política. É verdade que continua a ser um partido muito urbano e concentrado em algumas ilhas, mas o crescimento consistente mostra que há espaço para um discurso alternativo, liberal nos costumes e na economia. Falha, no entanto, em apresentar um projeto verdadeiramente regional e em dialogar com o eleitorado fora das cidades principais.

Estas eleições deixam um aviso claro: quem não se renovar, quem continuar a ignorar o descontentamento popular, quem persistir nos velhos vícios da política insular, arrisca-se a tornar-se irrelevante. Os partidos tradicionais ainda vão a tempo, mas a janela está a fechar-se rapidamente. Nos Açores, onde o descontentamento é cada vez mais visível, ignorar este sinal seria um erro de consequências históricas.

“Temos de colocar a qualificação dos açorianos como prioridade”

Em entrevista ao Diário da Lagoa, Francisco César fala sobre o seu percurso, que esteve desde cedo ligado à política, e sobre os desafios que os Açores enfrentam

Presidente do PS Açores e deputado na AssembleIa da República coloca a qualificação dos açorianos como prioridade © PS AÇORES

Desde cedo ligou-se à política por ser a política o assunto mais falado em casa. Francisco César, 46 anos, nasceu em Lisboa e veio para São Miguel com três anos. É economista, adepto fervoroso do Sporting, presidente do PS Açores e deputado na AssembleIa da República. Numa breve história pelo seu percurso, conta-nos o que pensa do presente e do futuro da região, não esquecendo o passado.

DL: O seu pai está ligado à política, sempre viveu num ambiente familiar ligado à política. Como é que foi crescer nesse ambiente?
Desde que me lembro, atuo neste ambiente. Eu cresci no meio de campanhas políticas, desde miúdo. O meu pai e a minha mãe conheceram-se na política. A minha mãe trabalhava no PS Nacional e o meu pai estava aqui no PS regional e conheceram-se. Nas reuniões, eu ficava na reunião, sentado, a ouvir, caladinho, na altura. Fiz um estúdio de rádio na minha casa em que eu lia os manifestos políticos do partido e gravava, compunha música. Gravava tempos de antena e a minha mãe gozava comigo, porque eu chamava aquilo de rádio Feteiras, porque na altura os meus pais tinham uma casa nas Feteiras.

 DL: E era lá que fazia isso?
Sim, a política acabou por ser uma coisa natural. A minha casa sempre foi uma casa cheia de livros. E hoje, tanto que assim seja, também, para o meu filho.

DL: Nunca se sentiu obrigado a ler?
Antes do contrário, eu gostava. Eu até acho que os meus pais preferiam que eu não me tivesse metido nisso. Eu acho que é o sentimento de qualquer pai, porque eu próprio, eu olho para o meu filho, que vai fazer 13 anos, e vamos ver… Isto da política tem a sua graça, mas dói, não é fácil. A política implica nos sujeitarmos a um escrutínio e a uma apreciação da parte de terceiros, que é, ao mesmo tempo, gratificante, mas é também muito cruel.

DL: Como é que se protege a família disso?
Isto é um processo. Os meus pais, e eu, fui particularmente afetado pela questão da família na política. E isso dói, ou seja, as pessoas fazem uma valorização dos outros com base em pressupostos ou preconceitos que as pessoas têm em relação aos outros. E nós somos sempre julgados. Tento proteger a minha família, através de um bom núcleo familiar. 

DL: Quem é o homem por detrás do político?
Essa é das perguntas mais interessantes, mas, no entanto, das mais difíceis. Eu verdadeiramente gostava de ter sido economista. Economista, ou seja, praticar. Eu sou muito impaciente. Mas eu sou profundamente normal nas minhas coisas. Gosto de ler, gosto de sair, até gosto de cantar. Mal. Eu sou muito distraído, as pessoas não sabem. Eu, às vezes, desligo. É uma das coisas boas que consigo. E estou no meu mundo, com o meu filho, a fazer a minha vida, com a minha família. Gosto de fazer praia, gosto de fazer boxe, gosto de fazer exercício físico, gosto de ir ao supermercado. Gosto de fazer aquilo que as pessoas normais gostam de fazer. E gosto de experimentar coisas novas. 

DL: Quais são os principais desafios da região?
O primeiro desafio que nós temos é o desafio do conhecimento, da qualificação. Eu costumo dizer, o comboio da competitividade já saiu. Há muito tempo, nestas regiões, e a locomotiva dos Açores ainda está no apeadeiro. E, portanto, para nós conseguirmos lá chegar, temos que colocar a qualificação dos açorianos como uma prioridade. O mercado interno é bom que funcione, mas não dá para sobreviver. O meu receio é que as grandes empresas não apostam no internacional. Como é que isso é possível? Em primeiro lugar, nós temos de ajudar as nossas empresas a apostar. Tem que haver uma sensibilidade. Nós temos de lhes diminuir o risco da aposta. Mas, sobretudo, nós temos de trazer empresas para cá.

DL: O mar é o futuro?
O mar é um dos setores. O mar, a energia. O primeiro de todos é o conhecimento. Porque a única forma é que nós não temos continuidade territorial. A região pode entrar numa situação quase de insolvência ou de resgate financeiro. Eu acho que se apostar na economia e se tiver cuidado com o orçamento, eu acho que isto é possível resolver.

DL: Qual é a posição do PS face ao hospital modular?
A opção neste momento é o da  construção de um hospital novo, mas o que é um hospital novo? É alterar 80% do que está e acrescentar mais outro tanto. Quem paga isto? Quem sustenta? Nós neste momento não temos capacidade financeira para suportar o atual Serviço Regional de Saúde. Não temos. Todos os hospitais são subfinanciados. Quem o diz é o Governo, não sou eu. Todos os hospitais são subfinanciados. Portanto, se nós duplicarmos o tamanho do hospital, alguém acha que ele vai ficar mais barato?
As decisões que são tomadas, são tomadas em nome do povo, porque nós somos os seus representantes. Quando tomamos uma decisão que poderá comprometer o Serviço Regional de Saúde, ou pelo menos, tem um impacto tão grande do ponto de vista do Serviço Regional de Saúde na comunidade. Isto não pode ser discutido por técnicos. Os técnicos dão os seus pareceres, mas quem decide são os políticos. Porque os políticos são os únicos num sistema democrático que estão mandatados para o fazer. Porquê? Porque aos técnicos ninguém vai pedir contas. Os estudos técnicos podem achar muita coisa, mas é a democracia quem decide, são os responsáveis políticos e representantes do povo. Mas tenho esperança, senão eu não estava aqui.

A farsa dos “maiores apoios de sempre na Agricultura” está desmontada!

Patrícia Miranda
Deputada do PS na ALRAA

O Governo Regional decidiu retirar 14 milhões de euros à Agricultura, numa demonstração clara da sua falta de compromisso com os agricultores. Seis milhões foram desviados para a cooperação financeira com os municípios e outros oito milhões para a Secretaria do Turismo e Mobilidade.

A promessa de que este seria “o maior orçamento de sempre para a Agricultura” ruiu antes mesmo de se completar o primeiro trimestre do ano.

Para explicar este corte, o Governo alega que havia “excedentes” na Agricultura. Uma afronta à realidade do setor! Se há dinheiro a mais, porque é que há apoios por pagar? Por que razão não foi investido na modernização do setor, na melhoria dos caminhos agrícolas ou na criação de incentivos específicos para os jovens agricultores? Porque é que o SAFIAGRI aguarda desde 2022 e porque é que do AGROACRESCENTA pouco ou nada se sabe?

A verdade é simples: o Governo retirou dinheiro da Agricultura porque nunca teve intenção de cumprir as suas obrigações para com os agricultores.

A prova disso foi o Partido Socialista ter apresentado uma iniciativa que recomendava ao Governo pagar os apoios em atraso e a criar um calendário de pagamento, garantindo previsibilidade e estabilidade ao setor, e a coligação e o Chega terem chumbado essa proposta.

Fica evidente que a recusa em estabelecer um calendário de pagamentos tem um motivo claro: o Governo não se quer comprometer com os agricultores. Pelo contrário, opta por lhes retirar dinheiro.

Para explicar este desvio, o Governo garantiu que a República enviaria 17 milhões de euros para compensar essa transferência. No entanto, o próprio Secretário Regional da Agricultura veio agora admitir publicamente que essa palavra não está garantida. Isso significa que o dinheiro retirado da Agricultura pode nunca ser reposto e os agricultores perdem duas vezes: primeiro, porque os apoios continuam por pagar; segundo, porque o Governo Regional transferiu verbas para outras áreas sem garantir que o setor agrícola não ficaria prejudicado.

Se esse dinheiro chegar, já se sabe: será para tapar os buracos do Governo. Justiça para com os agricultores? Isso é secundário. O que interessa mesmo é garantir que a República financie a incompetência do Governo Regional.

Se o dinheiro não chegar, fica provado que o Governo Regional mentiu aos agricultores, retirou 14 milhões de euros sem garantias e deixou o setor ainda mais fragilizado, sem apoios e sem soluções.

Até do Chega foi exigida uma fiscalização sobre essa transferência de verbais.

O que não deixa de ser curioso, porque é com o aval do Chega que o Governo tem carta branca para fazer estes desvios. Foi com o voto favorável do Chega que a norma que permite transferências de verbas entre os diversos departamentos governativos, sem discussão no parlamento, foi aprovada.

Também não se pode ignorar que esse partido, tal como os restantes da coligação, votou contra a proposta do PS que resolveria o problema dos atrasos nos pagamentos aos agricultores.

Ou seja, quando se trata de garantir que os agricultores recebam o que lhes é devido, o Chega está ao lado do Governo e da coligação, contra os agricultores. Mas agora que o dinheiro da Agricultura está a ser desviado, fingem indignação.

Quem chumba soluções e só reage depois do problema estar instalado está a ser cúmplice do desinvestimento na Agricultura!

Este Governo, com o apoio do PSD, do CDS, do PPM e do Chega, está a desmantelar o orçamento da Agricultura enquanto diz que defende o setor. Mas os fatos são claros: menos dinheiro, menos investimento, mais dificuldades para os agricultores.

O Governo faz política à custa dos agricultores, retira dinheiro ao setor e agora nem sequer sabe se vai recebê-lo de volta.

A farsa dos “maiores apoios de sempre na Agricultura” está desmontada. Quem mente aos agricultores não governa para eles!

PS Lagoa diz estar “focado na defesa dos interesses dos lagoenses”

Reação surge após PSD Lagoa ter acusado autarquia lagoense de propaganda e de “falta de respeito” para com os bombeiros de Ponta Delgada

© PS LAGOA

O PS Lagoa lamentou este sábado, 8 de março, que a Comissão Política Concelhia (CPC) do PSD Lagoa “tente transformar um assunto sério, como a criação de uma Secção Destacada de Bombeiros no concelho, numa manobra de pré-campanha eleitoral assente em demagogia e desinformação”, pode ler-se em nota enviada às redações pelo partido.

Na nota de imprensa enviada ao nosso jornal, o partido argumenta que “desde o início do atual mandato, o executivo socialista da Câmara Municipal de Lagoa tem sido claro: a prioridade sempre foi estabelecer uma Secção Destacada em articulação com a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada e Lagoa. Apenas se essa solução não fosse viável se equacionaria a criação de uma nova Associação, sempre com a preocupação de garantir uma gestão eficiente dos recursos disponíveis”.

O PS refere, ainda, que o objetivo “deve ser comum a todos” e que deve passar por “assegurar uma resposta rápida e eficaz às emergências no concelho, colocando o interesse dos cidadãos acima de qualquer disputa política”. 

“Como já afirmou publicamente o Presidente da Câmara, o Município mantém uma estratégia responsável e equilibrada, aberta a soluções alternativas caso se justifiquem”, reitera o PS Lagoa.

Por fim, os socialistas lamentam “que o líder da Comissão Política do PSD-Lagoa, Rúben Cabral, tenha optado por iniciar a sua pré-campanha com ataques pessoais, o que evidencia a ausência de um verdadeiro projeto para Lagoa”, e prometem que “o PS-Lagoa continuará focado no essencial: defender os interesses da população lagoense, sem espaço para demagogias ou críticas destrutivas”.

PSD Lagoa acusa autarquia lagoense de “falta de respeito” para com os bombeiros de Ponta Delgada

Rúben Cabral acusa presidente da autarquia de propaganda e defende que, a haver investimento, deve ser na criação de uma associação de bombeiros da Lagoa

© PSD AÇORES

O presidente da Comissão Política Concelhia (CPC) do PSD Lagoa, Rúben Cabral, repudia a “falta de respeito da Autarquia para com a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários e mantém firme a necessidade de criar um corpo próprio para o Município”, pode ler-se em nota enviada às redações pelo partido.

O social-democrata considera que o atual autarca “está a tratar esta delicada matéria como uma caça à popularidade e com várias contradições”, a qual condena, entendendo que “está a usar o assunto como propaganda própria e do Partido Socialista”.

Rúben Cabral elenca assim o que diz serem “contradições com que o atual autarca da Lagoa tem encarado o processo”, dando como exemplo a “intenção de alterar a denominação da Associação de Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, adicionando a Lagoa”, enquanto recorda a entrevista ao Diário da Lagoa, dada pelo presidente da autarquia, em “não coloca de parte a hipótese de se fundar uma Associação de Bombeiros da Lagoa”.

Rúben Cabral entende assim que “permitir que os sócios da AHBVPD tenham em discussão e votação a anexação da Lagoa na sua denominação, ao mesmo tempo que evidência a vontade de criar a própria associação de bombeiros da Lagoa é uma verdadeira e infeliz falta de respeito por esta centenária e valiosa instituição que tem vindo a servir e a socorrer os lagoenses com o mesmo empenho e profissionalismo que serve os habitantes do seu próprio concelho”.

O social-democrata, reforça ainda que a Câmara Municipal da Lagoa “já comunicou a aquisição de dois terrenos na zona do parque de máquinas para a construção de um centro de formação de bombeiros, algo que não irá resolver a questão de fundo: o prejuízo de 7 a 10 minutos que os lagoenses têm pelo seu socorro urgente partir de Ponta Delgada”.

Por outro lado, diz ainda que “o presidente da Câmara reforça a vontade de criar um posto avançado dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, o que representaria um custo significativo para a AHBVP, o que não é, de todo, justo”.

O presidente do PSD Lagoa acrescenta que “o atual presidente da Câmara Municipal da Lagoa, além de ser mais um presidente socialista por sucessão, sem ir a votos, recebeu também a máquina de propaganda do partido socialista e com o mesmo propósito: caça à popularidade”.

Em suma, o PSD Lagoa realça que “o PS não tem uma ideia definida para a Lagoa e não espera ser eleito para governar, ao invés, governa para ser eleito”.

O social-democrata defende que a “haver investimento na Lagoa, não deve ser somente para formação de bombeiros e transporte não urgente, mas sim na criação da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Lagoa, com as suas próprias instalações e recursos e assim melhorar o socorro dos lagoenses e corrigir as lacunas existentes”, concluiu.

O Novo Paradigma

Russell Sousa
Presidente da JS Açores
Deputado do PS na ALRAA

I

O atual Governo Regional dos Açores tem revelado a sua incapacidade em cumprir com os compromissos financeiros, sendo este mais um reflexo da falta de planeamento e de uma gestão ruinosa para o futuro da nossa região.

O próprio Presidente do Governo Regional tem o desplante de afirmar que “não há dinheiro” para a manutenção das infraestruturas. Como é possível que, após quatro anos de governação, não tenham sido capazes de gerir as contas da região e garantir que os açorianos não sejam prejudicados?

Para piorar, o Vice-Presidente do Governo defende que a República deveria assumir os custos da Educação e da Saúde nos Açores. Em que ponto ficamos então com a Autonomia? Lutámos durante décadas para conquistar o direito a decidir o nosso futuro e agora querem abdicar dessa responsabilidade? A Autonomia não pode ser tratada como moeda de troca por um governo que se revela incapaz de governar.

II

Enquanto no restante território nacional os preços dos combustíveis e do gás registam descidas, nos Açores assistimos precisamente ao contrário. Como se já não bastasse o custo de vida elevado e os desafios adicionais que enfrentamos por sermos uma região insular, agora somos forçados a pagar ainda mais caro pelo essencial.

A questão é simples: o Governo Regional está a usar esta subida para angariar impostos e tentar tapar o buraco nas finanças da região. É um sinal claro de desespero e de falta de visão estratégica. Quando um governo recorre à exploração fiscal como solução para os seus problemas financeiros, é porque falhou redondamente na sua missão de governar com responsabilidade.

Mais uma vez, quem paga a fatura são os açorianos. O peso da má governação recai sobre as famílias, sobre os trabalhadores, sobre as empresas locais que já lutam diariamente contra os custos acrescidos de viver e operar numa região ultraperiférica.

III

A forma como os líderes políticos encaram os seus cargos diz muito sobre o seu caráter. Quando surgiu uma nuvem de dúvida sobre o anterior Primeiro-Ministro, António Costa, este não hesitou: colocou o país em primeiro lugar e pediu a sua demissão. A mensagem foi clara: quem ocupa cargos de responsabilidade tem de ser imaculado e não pode estar envolvido em qualquer suspeição.

Em contrapartida, o atual Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, que na altura exigia a cabeça de António Costa, agora agarra-se ao seu lugar com unhas e dentes. Perante uma situação onde o seu nome aparece envolvido, em vez de agir com a mesma responsabilidade que exigiu ao seu antecessor, prefere ignorar o próprio discurso e fazer de conta que nada se passa. É um claro exemplo de como há quem coloque os seus interesses pessoais acima do bem comum.

A diferença de postura é gritante. Quando a política se torna um jogo de conveniência, quem sai prejudicado é sempre o povo. A credibilidade das instituições depende da conduta de quem as lidera, e um Primeiro-Ministro que se recusa a enfrentar as suas próprias incoerências apenas contribui para o descrédito da política nacional.

PS/Açores diz que 75 milhões destinados à redução de dívida confirmam resgate financeiro

© PS/AÇORES

As recentes propostas de aditamento e alteração ao Orçamento de Estado para 2025, apresentadas pelo PSD e CDS-PP, motivaram esta segunda-feira, 18 de novembro, uma reação da presidente do Grupo Parlamentar do PS/Açores (GPPS/Açores), Andreia Cardoso. Em nota de imprensa enviada às redações, a socialista açoriana considera que as propostas são uma “confissão clara da insustentabilidade das finanças públicas regionais” e que se trata de um verdadeiro “resgate financeiro por parte do Governo da República”.

“José Manuel Bolieiro não disse toda a verdade aos açorianos”, acusa o líder socialista, sublinhando que “os 75 milhões de euros divulgados pelo Governo da República são obrigatoriamente destinados ao pagamento da dívida pública, e não a investimento ou apoio direto às famílias e empresas açorianas”.

Andreia Cardoso destaca três exemplos que diz expor “a situação grave financeira” da região, sendo a primeira que “os 75 milhões de euros anunciados são receitas consignadas exclusivamente à redução da dívida pública”. A segunda, prende-se com uma “nova autorização de endividamento de 150 milhões de euros, também destinada à consolidação da dívida e à regularização de pagamentos em atraso” e, por último, que “os 110 milhões de euros de empréstimos junto da República foram contraídos sem qualquer transparência e longe do escrutínio público”.

“Aquilo que José Manuel Bolieiro quis esconder foi agora revelado pelas propostas do Governo da República e pelos partidos que o apoiam. Estas medidas demonstram que o aumento galopante da dívida pública é um problema que não pode mais ser ignorado”, afirma Andreia Cardoso, alertando que “não há acréscimo de transferências para investimento, apenas para pagar dívidas ao banco e aos fornecedores”.

A líder do GPPS/Açores vai ainda mais longe, acusando o Governo regional de “continuar a implorar ajuda à República, enquanto falha em assumir as suas responsabilidades perante os açorianos”.

Para Andreia Cardoso, “trata-se de falta de transparência do Governo regional, aliada à ausência de soluções concretas, está a comprometer gravemente o futuro da região”.

“O PS/Açores continuará a exigir que as contas públicas regionais sejam tratadas com rigor e seriedade, e que os açorianos sejam devidamente informados sobre o verdadeiro estado das finanças da nossa região”, conclui Andreia Cardoso.

André Rodrigues diz que socialistas estão “empenhados para dar um novo futuro aos Açores”

© PS/AÇORES

Na abertura do 19.º Congresso Regional do PS/Açores, esta sexta-feira, 27 de setembro, o coordenador do PS/São Miguel, André Rodrigues, salientou que os Açores precisam de um novo futuro que devolva a esperança e a confiança aos açorianos.

No Congresso Regional do PS/Açores, que decorre em Ponta Delgada, o presidente da Comissão Organizadora, mas também secretário coordenador do PS/São Miguel, sublinhou a necessidade desse novo futuro ser, também, para as famílias que, na região, “não encontram uma habitação digna, a preços comportáveis e que lutam todos os meses para fazer face às despesas”.

Na reunião magna dos socialistas açorianos, que decorre no Teatro Micaelense, André Rodrigues considerou, também, que esse novo futuro deve ser, igualmente, para os jovens pais “que anseiam e não encontram vagas em creches para os seus filhos”, “para todos os doentes que esperam e desesperam em lista de espera”, para “quem trabalha no setor primário e vê os seus rendimentos cada vez mais constrangidos pelo aumento do custo das matérias-primas” e “para os empresários e fornecedores de serviço da nossa região que só querem que o Governo não seja um peso às suas costas e que o cumpra a tempo e horas aquilo com o qual se comprometeu”.

De acordo com André Rodrigues, um novo futuro deve ser, igualmente, para as crianças e jovens que mesmo sem saber o que querem do futuro “têm o direito de mais tarde serem felizes e de se realizarem na terra que os viu nascer” e para os mais idosos que, já tendo vivido a maior parte da sua vida, merecem “olhar em frente sem medo da solidão e de que lhes faltem os seus bens essenciais, sem terem que passar pela indignidade de no final do mês escolher ter de fazer compras na farmácia ou fazer compras no supermercado”.

O líder do PS/São Miguel referiu, ainda, que “com a consciência de que a Democracia e a Liberdade não se regateiam e com a convicção plena de que os açorianos não se deixam manipular por aqueles que pensam que podem, ocasionalmente, comprar os seus votos”.

André Rodrigues acrescentou, no entanto, que os socialistas iniciaram “um novo ciclo para um novo futuro” em que se “avultam tempos de tempestade e não de bonança”, mas reforçando que “os socialistas nunca viram a cara à luta, nem desesperam perante as adversidades”.

“Foi assim no passado com Carlos César, foi assim no passado com Vasco Cordeiro. É e será assim agora com o Francisco César e com todos nós empenhados para dar um novo futuro aos Açores e aos açorianos”, afirmou o líder do PS de São Miguel.

Mais de 150 delegados do PS/Açores participam este fim de semana no 19.º Congresso Regional do partido.

Segundo comunicado do partido, durante a reunião magna dos socialistas açorianos, o presidente do PS/Açores, Francisco César, leva a debate e votação a Moção de Orientação Política Global ‘Um Novo Futuro’, que é “assente em pilares fundamentais como a Educação, Habitação, Saúde, Fomento Económico e Transparência e Liberdade”.

Da ordem de trabalhos, que teve início esta sexta-feira, destaque ainda para a intervenção de Vasco Cordeiro, presidente do PS entre 2013 e 2024, enquanto neste sábado Francisco César vai apresentar a Moção de Orientação Global ‘Um Novo Futuro’.

Também durante a tarde de sábado, está prevista a participação de diversos oradores convidados, para intervir em áreas específicas, como a Habitação, Educação e Administração Pública.

O encerramento do 19.º Congresso do PS vai ficar a cargo do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e do presidente do PS/Açores, Francisco César.

Deputados do PS criticam apatia do governo perante falhas do transporte marítimo de mercadorias para Santa Maria

© GPPS

Os deputados do Partido Socialista eleitos por Santa Maria, João Vasco Costa e Joana Pombo Tavares, criticaram, esta sexta-feira, a “apatia do Governo Regional perante as falhas evidentes do transporte marítimo de mercadorias de e para a ilha de Santa Maria”, segundo nota do partido.

Os socialistas realçaram que o Governo regional, da coligação PSD/CDS/PPM, “tem de fazer mais, tem de tomar ação, tem de governar e não procrastinar nem fazer visitas de circunstância, que em nada melhoram a qualidade de vida dos Marienses e dos Açorianos”.

No centro da crítica está a situação decorrida esta semana e denunciada pela Associação Agrícola de Santa Maria, em que uma mudança de escala imprevista pelo operador provocou um “prejuízo superior a 10 mil euros” em meloa de Santa Maria, que tinha como destino Ponta Delgada, mas que foi parar ao Pico.

“No passado dia 7 de agosto, um contentor de 40 pés carregado com meloa de Santa Maria seguiu de Vila do Porto para Ponta Delgada, para ser entregue a clientes em São Miguel. Acontece que a transportadora marítima decidiu alterar, sem aviso prévio, a escala em Ponta Delgada, tendo o navio rumado à ilha do Pico. Assim, meloa que devia ter sido entregue em Ponta Delgada no dia 8, só foi entregue no dia 12. Para além disso, a meloa prevista para vender esta semana ficou sem venda, com avultados prejuízos”, explicou João Vasco Costa.

O parlamentar socialista recordou que já no final de julho, uma outra alteração de última hora nos transportes marítimos fez com que o navio que tinha como destino Lisboa fosse parar a Leixões, atrasando a entrega de meloa.

João Vasco Costa lembrou que o PS “tem sido uma voz ativa nesta luta”, denunciando, desde a primeira hora, “todas as ineficiências e falhas do sistema de transporte marítimo de mercadorias relacionadas com a ilha de Santa Maria”.

Por seu lado, Joana Pombo Tavares recordou que o Governo regional “encomendou prontamente um estudo de transporte marítimo de mercadorias nos Açores”, mas sublinhou que desde então o Governo regional “nada fez” e que os resultados desse estudo “tardam em aparecer”.

“O Governo Regional tenta passar de fininho, tenta assobiar para o lado, mas se não tivesse responsabilidades nesta matéria não tinha encomendado um estudo. Mas é o Governo Regional, ao obrigo das obrigações de serviço público, que deve assegurar que é prestado um bom serviço aos Marienses e a todos os Açorianos. E não o está a fazer”, finalizou o deputado do PS eleito pela ilha de Santa Maria, João Vasco Costa.