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Quando a decisão é morrer em casa no Fim de Vida…

Margarida Pinheiro
Enfermeira

Os Cuidados Paliativos são um conjunto de ações e cuidados que visam proporcionar conforto, dignidade e bem-estar ao doente e sua família em qualquer fase de uma doença grave e incurável.

O foco está no alívio do sofrimento e da qualidade de vida.

Os cuidados Paliativos devem ou precisam ser compreendidos como uma Política Pública e se integrar a todos os níveis de complexidade da saúde.

Devem ser uma grande aposta para garantir um serviço de 24 horas, que permita uma assistência atempada para quem decide morrer em casa com dignidade junto dos seus familiares sem sofrimento.

Enquanto não existirem acordos entre os Cuidados Paliativos e as equipas de Cuidados Domiciliários de cada Concelho, numa modalidade de avançarem para aliviar o sofrimento vão continuar a morrer em casa com sofrimento.

Infelizmente tive uma experiência recente, em que os Cuidados Paliativos dos Cuidados de Saúde Primários (CSP) estão sujeitos a um horário restrito, por escassez de recursos humanos, nomeadamente médicos, enfermeiros entre outros. Quando encerra os Paliativos dos CSP, a alternativa é contatar os Paliativos do Hospital. E contatei, mas a resposta foi transportar o familiar para a urgência do Hospital para o doente, em fase terminal, ser avaliado.

Mas a opção foi morrer em casa junto da sua família com dignidade, mas sem sofrimento. E o doente decide, mais uma vez, não ser transportado para a urgência.

E os momentos finais surgiram fora do horário, dos Cuidados Paliativos nos Cuidados de Saúde Primários, sim porque não existe apoio direto 24 horas, no domicílio.

A decisão do doente foi morrer em casa com os familiares, com muita dignidade, mas em sofrimento porque a tal oferta de suporte direto não existiu por não se enquadrar no horário estipulado.

A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos está disponível para colaborar com os decisores políticos. Tem que ser o mais célere possível porque tratam-se de Vidas Humanas que na fase final das suas Vidas têm o direito adquirido de falecer com assistência digna e tranquila junto dos seus familiares, com o possível conforto para uma partida serena e sem sofrimento.

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