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José Estêvão de Melo: o percurso de um informático empreendedor

Informático e empresário, vive um dia a dia bastante agitado que se divide entre o seu lado profissional e pessoal. Numa entrevista ao Diário da Lagoa, partilha o seu percurso e ponto de vista acerca da inteligência artificial

José Estêvão de Melo nasceu a 31 de agosto de 1979 © CLIFE BOTELHO

Natural de Vila Franca do Campo, José Melo vem de uma família de cinco irmãos. É filho de José Estêvam Pacheco de Melo, que presidiu à Câmara Municipal de Vila Franca do Campo durante mais de uma década, entre os anos 80 e 90. “Cresci com o apelido de presidente”, recorda.

O seu percurso académico começou em Vila Franca, onde estudou até ao nono ano, concluindo a escolaridade na Escola Antero de Quental. É fora dos Açores que ingressa no ensino superior, frequentando o curso de Engenharia Informática, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. José Melo admite não ter passado por um período de adaptação difícil ao sair dos Açores, porque tinha os seus irmãos mais velhos a viver lá. “Foi espetacular”, afirma.  

O primeiro emprego surgiu em Lisboa. Estagiou numa “sub-holding da Sonaecom”, a antiga WeDo Consulting, e o seu bom resultado garantiu-lhe um lugar na empresa, onde ficou de 2007 a 2009. O informático refere ter aprendido muito durante esse período e explica que desempenhou mais do que uma função na empresa. Começou por fazer parte da equipa de Optimus (atual NOS) e mais tarde integrou outra equipa de desenvolvimento. José “gostava imenso” da parte que o permitiu programar, apesar do desafio de o fazer numa empresa de telecomunicações.

Uma nova etapa

Embora gostasse daquilo que fazia em Lisboa, o desejo de voltar para casa fez José terminar esta etapa. De volta aos Açores, chega sem emprego, mas com convicção de que “ia conseguir fazer alguma coisa”. É quando regressa que começa a dar “formação” em escolas profissionais. Deu aulas de TIC, uma área que não era exatamente a sua, mas considera ter sido uma experiência positiva.

A mudança de morada trouxe consigo o desejo de mudar de carreira e, por esta razão, cria com amigos a empresa Control Alt Delete, Lda, em 2010.  Este negócio próprio, o qual gere atualmente com Pedro Lima, inclui serviços que vão desde o desenvolvimento de websites a soluções de “software à medida” para cada cliente empresarial, embora hoje esteja mais focado na área de consultoria.

Mais recentemente criou outra empresa com o objetivo de “separar algumas coisas” da Control Alt Delete. A maior parte do seu tempo dedica-se ao desenvolvimento de software e, criar uma empresa para este fim, fez sentido.  O seu lado empresarial foi um dos aspetos que José viu desenvolver em si ao longo dos tempos.
A vida de José Melo é fortemente agitada, trabalha a partir de casa e não vê a necessidade de alterar essa rotina. Fazer programação exige de si elevada concentração: “por regra levanto-me às três ou quatro da manhã, já experimentei trabalhar a horas normais, mas não consigo”. Apesar da agenda preenchida, reserva espaço para o lado pessoal. Casado e pai de dois filhos, vive atualmente na casa que pertenceu aos seus avós. “Não aceitava muito bem a opção daquela casa ser vendida e comprei-a”, diz.

Em 2019 volta a dar aulas, desta vez na Universidade dos Açores. No entanto, por ter pouca disponibilidade e projetos que ainda desejar pôr em prática, tomou recentemente a decisão de deixar o ensino.

“A inteligência artificial não tem que ser uma coisa má”

O Diário da Lagoa falou com José Melo sobre um dos temas que mais marca a atualidade: a Inteligência Artificial (IA). Colaborador do nosso jornal e autor de artigos dedicados a este tema, sublinha que, “apesar de não ser especialista nem investigador” de IA, usa a ferramenta frequentemente. “Para mim é positivo e tem ajudado muita gente”, afirma. Com a ajuda da IA, José Melo criou um “programa de treino de força” e observa um futuro com o auxílio desta ferramenta cada vez mais presente no nosso dia a dia. “A inteligência artificial não tem que ser uma coisa má”, conclui. Ainda assim, manifesta preocupação com o impacto que a tecnologia poderá ter na redução de postos de trabalho.

Em relação ao futuro, José Estevão de Melo afirma não ambicionar grandes mudanças, além do desenvolvimento de algumas ideias pessoais. Não obstante, revela interesse em visitar Angola, já que desenvolve, atualmente, um software para um parceiro local.

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Clife BotelhoDirector

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Carina SilvaColaboradora

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