O escritor João de Melo, natural da Achadinha, voltou ao Nordeste, no passado dia 24 de maio, para um serão literário e apresentação do seu mais recente livro de poesia “Longos Versos Longos”.
A nova obra, lançada em janeiro deste ano e editada pela Dom Quixote, é o regresso do escritor açoriano à poesia, após 44 anos. “Navegação da Terra”, publicado em 1980, era até agora o único livro de poemas de João de Melo.
Em conversa ao Diário da Lagoa (DL), o premiado escritor nordestense, residente no continente, promete dedicar-se à poesia a partir de agora, porque, mesmo na prosa, “sempre” foi um poeta, considera.
“Este livro tem uma história longa, antiga, e é constituída por versos, poemas, que fui fazendo ao longo de muito tempo, e que fui deixando em arquivo, assim como muitos outros, que estão em arquivo e que darão para mais livros”, conta João de Melo.
A que se deveu este regresso ao género lírico? “Regressei à poesia porque concluí que afinal era um absurdo estar a colocar tudo na prosa, onde já escrevi tudo o que tinha a dizer. Os “Longos versos Longos” são um regresso, não apenas ao passado poético que tenho, mas também ao presente e ao meu futuro próximo. Pretendo, a partir de agora, continuar a publicar poesia, porque mesmo na prosa, sempre fui um poeta. Das coisas que mais gosto de fazer é a poesia. É-me tão natural fazer poesia,” sente.
Com 112 páginas, “Longos Versos Longos” aborda temas diversos, como o amor, vida, terra, destino e angústias. “Existe toda uma sequência de poemas, que têm a ilha como tema. Depois, há outras sequências com um carácter filosófico muito discreto e abordagens diversas ao quotidiano,” realça o poeta.
João de Melo pretende que a sua poesia “seja quotidiana, e não arredada das pessoas. Quero que os leitores se revejam em algo da poesia, para que seja uma poesia não apenas do autor, mas também dos leitores”.
O evento, que decorreu no Centro Municipal de Atividades Culturais, no serão de 24 de maio, arrancou com a apresentação “Divulgação cultural na Casa João de Melo”. Foi ainda apresentada a entrevista sobre o autor, “A infância é eterna num escritor”, bem como o debate “O papel das vivências pessoais na produção literária”.