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Crise do atum nos Açores coloca indústria em alerta

Associações do setor mostram preocupação e alertam que se está a assistir ao princípio do fim da pesca de atum no arquipélago açoriano

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A associação de conserveiros de peixe dos Açores Pão do Mar manifestou a sua apreensão com o recente comunicado da Associação de Produtores de Atum e Similares dos Açores (APASA) sobre o que diz ser a crise instalada no setor do atum.

Em nota de imprensa enviada às redações, a associação de conserveiros de peixe dos Açores realça que o comunicado “é motivo de forte apreensão”.

A APASA afirmou recentemente que se está a assistir ao princípio do fim da pesca de atum no arquipélago açoriano e que a situação pode ser o princípio do fim da indústria da transformação do atum na região, pois sem matéria-prima as unidades industriais passam a ser inviáveis.

De acordo com a associação Pão do Mar, o Governo regional conhece os fatores não competitivos da indústria conserveira regional face à concorrência continental e europeia, mas mesmo assim “estamos realmente a assistir a uma morte lenta que terá impactos relevantes na economia regional, ao nível do emprego, das exportações e da identidade da produção açoriana”. A associação de conserveiros de peixe crítica assim o Governo açoriano por não apresentar soluções que consigam resolver o problema.

A associação salienta, ainda, que apesar do significativo aumento dos custos industriais, como o azeite, energia, combustíveis, manutenção e transportes, a indústria conserveira aumentou o preço do Bonito regional nos últimos dois anos em mais de 20 por cento, esforço este que visou responder à crise da produção.

A indústria “opera em condições adversas”, refere a Pão do Mar em comunicado, alertando que o fornecimento do atum está em crise e luta pela sobrevivência, porque o custo da mão-de-obra é superior ao do continente e as despesas de gestão e manutenção industriais são também superiores aos do continente, por virtude da incapacidade da economia regional em fornecer os serviços e materiais necessários.

O setor industrial conserveiro é responsável por vários postos de trabalho diretos nas ilhas de São Miguel, Terceira, São Jorge e Pico e centenas de postos de trabalho indiretos nestas e em outras ilhas da região.

Jornalistas dos Açores em greve e com concentração em Ponta Delgada

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Os jornalistas fazem greve e saem à rua em concentrações por todo o país esta quinta-feira, 14 de março. A greve nacional abrange também as regiões autónomas. Em São Miguel, a concentração terá lugar no jardim Antero de Quental, em Ponta Delgada, pelas 12h00.

Segundo Marta Silva, presidente da Direção Regional dos Açores do Sindicato dos Jornalistas, em declarações ao Diário da Lagoa, com este movimento nacional pretende-se chamar a atenção da sociedade “para as dificuldades que o jornalismo está a atravessar neste momento, quer do ponto de vista das condições de trabalho da classe, quer do ponto de vista de sustentabilidade das próprias empresas de comunicação social.”

A convocação da greve geral resulta das condições de trabalho cada vez mais degradadas com que a classe profissional se tem vindo a deparar em Portugal: baixos salários, precariedade e sobrecarga laboral, dificuldade de conciliação entre vida familiar e profissional, entre outros. Segundo o sindicato dos jornalistas, “a democracia não sobrevive sem jornalismo de qualidade.”

Marta Silva alerta para as condições de trabalho de alguns jornalistas da região: “Há uma desatualização enorme, na região, ao nível de vencimentos. Sabemos que há jornalistas a ganharem menos do que o salário mínimo regional. Temos casos desses, infelizmente. Há muitos jornalistas precários, que dia após dia trabalham a conta gotas, à peça, mal pagos, desmotivados.”

A dirigente do sindicato dos jornalistas nos Açores refere que o jornalismo é um dos motores da democracia, “porque sem jornalismo livre não há possibilidade de uma liberdade de expressão, de opinião,” e de escrutínio de informação, sendo que a crise neste setor é “um problema de todos” e representa um perigo para a democracia.

A classe reivindica condições de trabalho “dignas”, com aumentos salariais superiores à inflação acumulada desde 2022, um salário “digno” à entrada na profissão e da progressão regular na carreira, pagamento de complementos, remuneração por horas extraordinárias, noturnas, fins de semana e feriados e o fim da precariedade generalizada e “fraudulenta” no setor. Querem ainda o cumprimento “escrupuloso” do Contrato Coletivo de Trabalho e o fim dos despedimentos coletivos injustificados, entre muitas outras reivindicações.

Para a presidente do sindicato dos jornalistas no Açores, Marta Silva, há que acabar com os “tabus” em financiar os órgãos de comunicação social. Tem é de haver “regras claras, transparência e comissões independentes a avaliar a atribuição desses apoios.”

Nesta concentração marcada para o próximo dia 14, no Jardim Antero de Quental, junto à Biblioteca Pública de Ponta Delgada, a organização apela a uma adesão não só dos jornalistas açorianos mas também de todos os cidadãos que se queiram juntar, em solidariedade para com os jornalistas.