Cresceu rodeado de computadores. Tirou licenciatura e mestrado em Engenharia Informática. Nuno Moniz, 37 anos, natural da ilha do Faial, começou em Portugal a sua carreira como professor e investigador e desenvolveu projetos premiados. Com a aplicação meuparlamento.pt recebeu um prémio internacional e outro nacional. Na sua tese de doutoramento, desenvolveu um método para antecipar a popularidade de conteúdo online, que lhe valeu o prémio Fraunhofer Portugal Challenge 2017.
Há cerca de dois anos, Nuno Moniz iniciou uma aventura nos Estados Unidos da América, onde investiga temas como o desenvolvimento responsável da Inteligência Artificial (IA), automatização de previsão de casos e valores e privacidade de dados.
DL: Qual foi o seu percurso formativo?
Sempre tive um grande interesse por computadores. O meu pai tem uma informática no Faial. Durante o meu percurso inicial, acabei por ficar indeciso entre três áreas:música, história e engenharia informática. No fim acabou por ganhar engenharia informática. Era o amor mais antigo. Tirei licenciatura e mestrado em Engenharia Informática no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).Ganhei uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia para fazer o doutoramento e fi-lo na Universidade do Porto (UP). Acabei em 2017 e a partir daí continuei o meu trabalho enquanto investigador na INESC TEC. Comecei como professor convidado na Faculdade de Ciências da UP. Há três anos, comecei a explorar outras opções, principalmente fora do país. Aceitei uma posição na Universidade de Notre Dame, no Indiana, Estados Unidos da América (EUA). Estou lá agora como professor associado de investigação, no instituto particular Lucy Family Institute for Data & Society. Desde 2023 sou diretor de um centro conjunto com a Notre Dame-IBM Technology Ethics Lab.
DL: Que investigação realiza nos EUA?
A minha área de investigação, de forma geral, é a inteligência artificial (IA), mas olho para três coisas. A primeira é um tópico particular que se chama “aprendizagem desbalanceada”: como se pode automatizar a previsão de casos ou de valores que não são tão comuns. Olho também para problemas de privacidade de dados e para um tópico mais geral, que inclui várias questões ligadas ao desenvolvimento responsável da IA. Isso toca o aspeto prático da questão: como é que na prática se desenvolve tecnologia de IA que pauta por um guia de responsabilidade desde os seus momentos de desenho, desenvolvimento, progressão, até aos aspetos de interação.
DL: Em que outros trabalhos está envolvido?
Grande parte daquilo que tenho feito recentemente é o tipo de trabalho que realmente me entusiasma, para além do trabalho de organização e serviço à comunidade. O ano passado organizei a Conferência Portuguesa de IA na ilha do Faial. A nível de trabalho científico, estou a trabalhar com colegas da Universidade Católica da Croácia no conceito de modelação de memória, ou seja, investigar de que forma ferramentas como o ChatGPT podem modelar a nossa memória de momentos históricos.
Estou a desenvolver um projeto com o hospital oncológico infantil do México, que olha para um problema muito particular das comunidades indígenas. É difícil desenvolvermos trabalho quando não temos informação e dados sobre os problemas. Estamos a desenvolver um projeto que facilita a escolha da informação diretamente da fonte, ou seja, das comunidades indígenas do México para permitir que a comunidade médica perceba o impacto e situação das crianças que têm cancro.
Tenho também desenvolvido alguns projetos mais académicos, com a unidade de investigação da IBM Research, desde em transparência em IA, governança da IA, a nova geração de soluções para a IA, principalmente aquelas que tenham baixo custo energético.
DL: A IA pode ser aplicada em inúmeras situações que podemos não ter noção?
Temos uma tendência para sermos muito positivos com a tecnologia. Acabamos, muitas vezes, por nos deslumbrar com feitos tecnológicos. A IA tem um potencial imenso para ter um impacto fundamental numa série de áreas da nossa vida coletiva que são urgentes, desde a medicina, agricultura, clima, mas muitas vezes não são essas as áreas às quais somos interpelados com múltiplas notícias sobre como esse tipo de tecnologia pode nos ajudar a melhorar. Depois, há toda uma série de questões com a IA que têm de ser reconhecidas: a IA quando desenvolvida e utilizada e posta disponível ao público em geral, quando não é feita de forma ponderada, responsável e humilde, pode ter impactos societais graves e alguns deles irreversíveis. Acho que esta é a adolescência da IA: aquele encontro com a realidade e perceber que não estamos sozinhos no mundo e que aquilo que fazemos tem impacto concreto, por isso já não podemos permitir certas atitudes. Esse é um debate que assistimos hoje. Não é só discussão pública, mas também uma legislação e regulamentação não só a nível nacional como internacional. Acho que não há nenhuma organização internacional que não esteja a ponderar de que forma é que a IA poderá impactar o seu dia a dia e a operação.
DL: Acredita que a IA representa algum perigo para a humanidade?
Não acho que seja um perigo para a humanidade, por definição. Isso faz parte de uma narrativa sem qualquer base prática. Estamos a falar de algo que é incapaz de relatar histórias ou factos históricos de forma correta; que tem dificuldade, às vezes, em fazer matemática simples. Estamos muito longe de qualquer catástrofe a nível de IA, mas isso não quer dizer que não existem perigos concretos, hoje. O que muitas vezes ouvimos sobre os perigos da IA é uma distração completa. Os problemas dessa tecnologia são mais difíceis de discutir, porque existem questões concretas, por exemplo, sobre o ambiente.
DL: Poderemos vir a ter cidades geridas completamente por IA?
Coloco essa questão na categoria de distrações. No entanto, na gestão das cidades, existem imensas oportunidades de como a IA pode ser utilizada de uma forma extremamente positiva. Por exemplo, em antecipar situações de bloqueio ou problemas do dia a dia das cidades, desde focos de poluição e trânsito, até no desenho de políticas públicas. Precisamos de olhar para as questões concretas de como a IA é útil ou inútil/perigosa tendo em conta aquilo que está a ser desenvolvido hoje. Esses problemas são gravíssimos. Estamos num frenesim de construção de centro de dados e centros de computação avançada, de uma forma completamente massiva, que tem um impacto muito considerável no ambiente e que é perigoso para a sociedade.
DL: Como ainda poderemos aplicar a IA aos Açores?
Penso que os Açores estão numa posição particularmente boa para explorar a IA. Os Açores têm desde a parte da biologia marinha, sismologia, dependência da agricultura, enfim. Existe uma série de domínios muito práticos nos quais a IA pode ser explorada. Há muitas coisas que podem ser feitas, por exemplo, ao nível de perceber melhor aquilo que é a realidade das pescas nos Açores, os ciclos das espécies que nos são muito queridas e economicamente vantajosas. Também, em termos da sua operacionalidade, a nível do governo e das suas instituições. No entanto, temos de ter sempre presentes as limitações de uma região como os Açores e Portugal num todo: a restrição de fundos para uma exploração mais ambiciosa. Já existe evidência suficiente à volta do mundo sobre os benefícios de IA em regiões como os Açores, para haver uma discussão muito guiada e particular sobre que coisa explorar. Tenho a expetativa que esse debate, se ainda não aconteceu ou está a acontecer, que venha a acontecer porque o potencial positivo é claro e é muito entusiasmante.
Acho que em relação aos Açores, seria extremamente interessante perceber até que ponto podemos formar os nossos próprios cientistas nesta área. Existe um potencial enorme de exploração concreta e eficiente de IA em problemas que encontramos nos Açores, só que nós não podemos estar reféns de “fornecedores”. Temos de ter a capacidade autónoma de investigar e desenvolver soluções para os nossos problemas e a Universidade dos Açores seria uma pedra basilar.
DL: Está a sugerir criar-se um curso na área da Inteligência Artificial nos Açores?
Seria um passo entusiasmante na direção de termos iniciativa de explorar como esta área de investigação e de aplicação pode ser benéfica para os Açores.
DL: A IA ainda não está a ser bem explorada na região?
Tendo em conta a informação que tenho, não. Imagino que não seja, muitas vezes, por falta de vontade, mas pelas limitações orçamentais. No entanto, como tudo na vida, fazemos investimentos. No que toca à nossa posição internacional vantajosa, para áreas como a biologia marinha, existe aí uma série de interseções que podem ser exploradas e estão a ser. Espero que venhamos a ver os frutos disso e que as pessoas expandem essas capacidades dos Açores de fazer investigação e desenvolvimento a nível da IA, ao nosso ritmo e ao nosso tamanho, claro.
Nos Açores desde 1999, Inês Martins nasceu em Oeiras, distrito de Lisboa, mas é na Universidade dos Açores que trabalha e se dedica à ecotoxicologia, a área que estuda “como é que os animais do mar profundo se adaptam fisiologicamente a um meio tão diferente e inóspito como o fundo do mar, e em particular, às fontes hidrotermais”. A investigadora auxiliar é a coordenadora do projeto “Conhecer para Decidir” que complementa o Plano de Monitorização Regional de Contaminantes em Organismos Marinhos para Consumo Humano (MoniPOL). Quisemos aprofundar o tema e estivemos à conversa com a investigadora.
Como surgiu a ideia de monitorizar contaminantes em pescado nos Açores?
A ideia surgiu há uns cinco ou seis anos e foi posta em prática no final de 2022.
A necessidade deste projeto era grande, sabíamos muito pouco em termos científicos. Por sermos ilhas de origem vulcânica, temos metais pesados presentes no oceano, as espécies que habitam a coluna de água do Atlântico, à volta das ilhas, estão mais expostas.
Desenvolvemos trabalhos ao longo dos anos, sabíamos que havia espécies que acumulavam mais do que outras, mas nunca tinha sido feito um estudo dirigido às espécies que são procuradas comercialmente e que entram na alimentação dos consumidores.
E sabendo, à priori, que comemos cada vez mais espécies de fundo e que estas, à partida, acumulam mais contaminantes, é necessário saber o que é que isso significa para a saúde humana. Esse interesse não era só científico, mas também público, por isso o Governo regional quis financiar. Decidiu-se então fazer uma lista de espécies que, não sendo só comerciais, poderiam efetivamente ser espécies com mais quantidade de contaminantes. O objetivo é trazer valor acrescentado ao nosso pescado, conhecer o que comemos.
DL: De que tipo de metais se trata?
Por exemplo, mercúrio, cádmio e chumbo. Podem até ser os chamados metais essenciais, que o nosso corpo reconhece como sendo necessários como o ferro, o cobre e o zinco, o manganês. Todos são relevantes para o conhecimento do peixe que consumimos, é uma contaminação natural que deve ser monitorizada para podermos considerar o número de vezes que consumimos as espécies que apresentam maior acumulação de contaminante.
O mercúrio, o cádmio, o chumbo, e o alumínio também, são os chamados metais pesados. Antes era usada esta nomenclatura porque são metais de peso molecular muito elevado, mas agora também é usada para caraterizar os tais metais que o corpo conhece sempre como um corpo estranho.
Nos Açores, por sermos de origem vulcânica, toda esta lista de metais tem origem magmática. As fontes hidrotermais que temos na Zona Económica Exclusiva são um fator de entrada desses metais para a coluna de água, juntamente com a geologia que carateriza as nossas ilhas. A erosão das rochas liberta os metais para a água e esses metais que estão presos na forma mineral, nas rochas, vão se libertando e tornam-se disponíveis para os organismos marinhos. Há metais que ficam acumulados e que se vão amplificando na cadeia trófica. Os grandes predadores que comem os animais dos níveis da cadeia trófica mais baixa vão acumular esses mesmos metais.
DL: O atum está na lista. Não receiam uma reação dos pescadores?
Pensamos nisso, por isso temos um projeto de comunicação, que é o “Conhecer para Decidir”. Com a ajuda do Observatório do Mar dos Açores, temos programas não só nas escolas, mas também nas comunidades de pescadores. O patudo é sempre assunto, porque quando falamos em metais pesados as pessoas lembram-se logo da quantidade de mercúrio que o atum tem. Mas o atum, além de ser um grande predador, tem uma grande variedade de tamanhos. O patudo que é comercializado tem um tamanho e um peso que é representativo dos juvenis. Os grandes atuns, que acumulam mais metais, na realidade, não são comercializados na região com tanta frequência. As análises mostram que não é a espécie que acumula mais mercúrio. Já a melga e o boca-negra acumulam muito mais e são muito mais pequenos, mas vivem mais anos e por isso acumulam mais. Há toda uma sensibilização, ao ficarmos a saber quais são as espécies que têm mais, desmistificamos alguns mitos. Trata-se de esclarecer as pessoas, pois o receio vem do desconhecimento.
DL: Quando serão publicados os resultados?
Há um boletim que elaboramos que já tem bastantes resultados e que advém de um relatório final. Preparamos também um artigo científico. Além da informação dos contaminantes, tem também o valor nutricional. Decidimos fazer este trabalho em paralelo, porque o peixe não tem só contaminantes, tem muitas mais coisas que interessam ao consumidor, como a quantidade de proteínas, gorduras, água, sal, etc. E fizemos um gráfico dos ómegas porque é uma componente da gordura muito falada em termos nutricionais. Ainda não fizemos em muitas espécies, mas vamos fazer em muitas mais. Aumentamos a lista para espécies mais acessíveis.
DL: E há evidências de que o mar nos Açores esteja a sofrer alterações?
Não há evidências científicas. Agora vamos explorar a parte das dioxinas e também os poluentes orgânicos, porque apesar de não termos poluição industrial, temos muita poluição por macro e micro plásticos, que também são vetores de contaminação.
DL: E depois de finalizado o estudo?
O estudo vai continuar, temos contratualidade até 2027. Vamos fazer também o estudo das biotoxinas. Há uns quantos indicadores científicos que dizem que a alteração da temperatura da água do mar tem feito com que várias espécies do sul migrem mais para norte, porém ainda não há registos de que essas espécies tenham chegado aos Açores.
A Secretaria Regional do Mar e das Pescas, através da Direção Regional das Pescas (DRP), está a financiar “na ordem dos 958 mil euros” um Plano de Monitorização Regional de Contaminantes em Organismos Marinhos para Consumo Humano (MoniPOL), durante o quinquénio 2023-2027. Os valores foram esclarecidos ao Diário da Lagoa pela própria DRP.
Trata-se de de um projeto que integra objetivos de “monitorização de contaminantes e os consequentes efeitos biológicos nas espécies comerciais” e que pretende “permitir tomar decisões mais sustentadas, no que respeita à determinação das possibilidades de pesca, implicando um maior rigor na análise, implementação e controlo das quotas anuais atribuídas, e, por outro lado, dar resposta às atuais imposições comunitárias para o setor”, segundo foi anunciado pelo Governo regional dos Açores, em dezembro de 2021.
Sobre este projeto, o DL questionou a diretora regional das Pescas, Andreia Henriques, sobre que importância tem este estudo para a Região Autónoma dos Açores.
“Este plano de monitorização de contaminantes enquadra-se nos Objetivos da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável”, explica a diretora regional, acrescentando depois que este “pretende contribuir para a valorização do pescado regional, satisfazendo as exigências e expetativas do consumidor e ao mesmo tempo reforçar a sustentabilidade do sector de acordo com os compromissos assumidos pela tutela” em mar e pescas.
A respeito da reação que as conclusões do MoniPOL podem provocar no setor das pescas a Direção Regional das Pescas refere que ao “investirmos no conhecimento científico para uma melhor valorização do pescado, nomeadamente ao nível do risco-benefício associado ao consumo humano de diferentes espécies marinhas comerciais, antecipando potenciais ameaças e avaliando as ferramentas disponíveis para a sua mitigação, reforçamos as estratégias governativas no sector das Pescas e garantimos melhores rendimentos aos pescadores”.
Quanto à continuidade do estudo vir a abranger outras espécies, Andreia Henriques refere que: “este plano é já hoje bastante audacioso ao ser dirigido a uma dúzia de espécies de pescado com elevado interesse comercial e/ou de maior representação nas descargas em lota, designadamente o boca negra, goraz, abrótea melga, juliana, alfonsim, imperador, atum-patudo, atum-bonito, congro, veja e a lapa brava. Oportunamente, e à luz dos resultados obtidos no MoniPol, serão avaliados novos investimentos alinhados nas diretrizes da Política Comum de Pescas e da Diretiva Quadro da Estratégia Marinha.”
Os níveis de contaminação encontrados vão permitir reportar informação obrigatória, bem como alertar para os níveis considerados preocupantes para o consumidor.
Celebrando o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, o Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores (OVGA) propõe a realização de uma ação de divulgação científica no miradouro da Vista do Rei nas Sete Cidades, segundo comunicado do OVGA.
A iniciativa intitulada “UM OLHAR REAL NA VISTA DO REI” decorrerá no dia 18 de abril, naquele local, entre as 10h00 e as 12h00, e propõe “desvendar o Vulcão das Sete Cidades para além da Vista do Rei e interpretar o vulcanismo e geologia que são a base de uma das paisagens mais emblemáticas da ilha de São Miguel”.
Na ocasião, no miradouro da Vista do Rei, os técnicos do OVGA darão a conhecer aos presentes neste local as diferentes fases de formação do Vulcão das Sete Cidades, incluindo a formação da caldeira de colapso, e a diversidade de materiais vulcânicos produzidos.
De acordo com o OVGA, “pretende-se com esta atividade valorizar este local emblemático da ilha de S. Miguel, alertando para a necessidade de o conhecer para o preservar.”
O Dia Internacional dos Monumentos e Sítios foi instituído em 18 de abril de 1982 pelo ICOMOS e aprovado pela UNESCO no ano seguinte. A partir de então, esta data comemorativa tem vindo a oferecer a oportunidade de aumentar a consciência pública relativamente à diversidade do património e aos esforços necessários para o proteger e conservar, permitindo, ainda, chamar a atenção para a sua vulnerabilidade.
O Clube de Astronomia, Geocaching e Multimédia da Escola Secundária da Lagoa recebeu um telescópio robótico móvel que permitirá ao clube colaborar com a missão “Ariel”, da Agência Espacial Europeia (ESA), através do projeto Exoclock.
A entrega do instrumento aconteceu aquando da visita e conferência da astronauta análoga e cientista-astronauta Ana Pires, na escola lagoense, a 8 de março.
“O objetivo da missão Ariel é o estudo da atmosfera dos exoplanetas para caracterizá-los e descobrir quais são os que tem mais interesse para o nosso futuro,” explicava na ocasião Luís Filipe Machado, coordenador do Clube.
O telescópio permitirá realizar observações astronómicas dos exoplanetas, que poderão abrigar vida, por serem semelhantes à Terra. Os dados recolhidos são depois cedidos à ESA.
Esta missão inclui ainda a construção de uma nave, que deverá ser lançada em 2029, revelou Luís Machado.
A aquisição do telescópio contou com o apoio da Câmara Municipal da Lagoa, da Anacom, do grupo Bensaúde e da Finançor.
O Clube de Astronomia, Geocaching e Multimédia da Escola Secundária da Lagoa é uma das 60 entidades não-governamentais que fazem parte da missão espacial da ESA.
Investigadores da Universidade dos Açores têm estado a acompanhar a viagem de uma tartaruga-verde juvenil desde os Açores até à costa continental portuguesa. Este é um comportamento nunca antes registado, despertando a atenção dos cientistas, segundo nota de imprensa do OKEANOS-UAç.
A pequena tartaruga de 38 centímetros, chamada “Emília,” percorreu mais de 3.500 quilómetros em 210 dias, observaram os investigadores. Depois de libertada junto à costa açoriana, no Faial, Emília deu início a uma longa viagem, cruzando o Atlântico até à Galiza, descendo depois em direção a Peniche (onde permaneceu 15 dias, na zona da Praia do Baleal), continuando o seu rumo para sul.
O réptil foi marcado com uma marca satélite, presa na sua carapaça, em agosto de 2023 pela equipa COSTA (COnsolidating Sea Turtle Conservation in the Azores), do Okeanos – Instituto de Investigação em Ciências do Mar, encontrando-se neste momento a sul de Portugal continental. A marca permite recolher a posição geográfica, o tempo à superfície, e a temperatura da água.
À semelhança de outras espécies, a tartaruga-verde tem uma longa vida e percorre extensas distâncias entre a praia onde nasce e a sua área de alimentação. Atualmente, é considerada uma espécie ameaçada na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
“O avistamento de tartarugas-verdes em território português é pouco comum, tratando-se de animais com habitat tropical ou subtropical. Sabe-se ainda que as tartarugas-verdes tendem a explorar as zonas costeiras durante a fase juvenil, onde se alimentam de algas e pequenos invertebrados, no entanto os seus padrões de migração no Oceano Atlântico continuam a ser algo que desconhecemos”, conta Frederic Vandeperre, investigador principal da equipa COSTA, em nota de imprensa.
Por sua vez, Mafalda Sousa, investigadora da equipa COSTA, refere que “esta é a primeira vez que uma tartaruga verde é seguida desde o Arquipélago dos Açores até à costa continental portuguesa”, sendo um caso de estudo especial para a ciência.”
Os investigadores consideram que a viagem da Emília continua a ser um mistério, “podendo ou não rumar às águas mais quentes do Mediterrâneo nos próximos dias.”
O percurso deste animal pode ser acompanhado em tempo real através do site do projeto COSTA.