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Sismos da Lagoa

Victor Hugo Forjaz
Professor Catedrático de Vulcanologia

Passo a colaborar com o Diário da Lagoa como apoiante dessa inebriante tarefa que é sonhar com concretizar, em formatar e no… imprimir um jornal. É como um parto.

Uma cidade necessita de um jornal que lhe dê conta do que aqui se passa e reclama, bem como do mundo que à volta se desenrola, podendo ou não nos afectar. Oxalá o jornal passe a semanal!

Escolhi como tema o que está no título, ou seja, o que é a Lagoa quanto aos abalos de terra. Trata-se dum assunto também estudado no OVGA – Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores, instituição presente na Atalhada da Lagoa. O Município apoia a Ecoteca do OVGA e esta divulga o que se vai passando na área da Vulcanologia, da Sismologia, da Geotermia e dos Ambientes Geológicos. No OVGA existem diversos aparelhos científicos de investigação e ensino. Um equipamento até é um protótipo. Entre eles estão os sismógrafos. Que registam os tremores de terra, desde os mais pequenos (nano e microssismos, que não se sentem) aos maiores (ou macrossismos).

Pode-se dizer que a equipa do OVGA conhece bem a sismologia do arquipélago e a da Lagoa, em particular, visto ali estarem sediados os seus dois principais laboratórios e museu geológico, o único do arquipélago.

Também se pode afirmar, de acordo com a história afastada e a história recente, que o concelho da Lagoa, globalmente, ocupa um território geologicamente complexo, mas que sismicamente é uma área razoavelmente estável.

Terramotos violentos para as bandas de Vila Franca e da Povoação decerto que serão sentidos na Lagoa. E uns a norte da Ribeira Grande também.

Mas se as construções obedecerem às normas anti sísmicas, se forem bem localizadas e construídas, decerto que os sismos não passarão de sustos, sem danos. Viver em casas velhas ou em edifícios mal construídos é um perigo.

Os estudos que temos demonstram que na Lagoa, embora existam fracturas geológicas potencialmente ativas (ou seja, “adormecidas”), a Lagoa é uma zona onde se pode viver em segurança sísmica. Porém, muitas pessoas têm grande receio dos sismos. Ficam desnorteadas, ansiosas… Mas isso resulta dum mal que tem séculos, ou seja, os sismos surgem de um momento para o outro, não avisam como nas tempestades e até na maioria dos vulcões. A melhor maneira de conviver com a atividade sísmica deriva de um sistema de ensino nas escolas, nas Juntas de Freguesia e noutras estruturas sociais orientadas para defesa contra sismos. Informar corretamente e atempadamente é outra regra básica de proteção civil. Executar exercícios de defesa é outro modo muito útil — desenvolver espírito comunitário, de entreajuda.

Resumindo, no concelho da Lagoa pode-se viver em sossego quanto aos sismos correntes, mas seguindo regras de simples compreensão.

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Victor Hugo ForjazProfessor Catedrático de Vulcanologia

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