A Sinfonietta de Ponta Delgada, sob a direção do maestro Amâncio Cabral, apresenta-se ao público na tarde do próximo domingo, 8 de outubro, às 17h00, na igreja Nossa Senhora de Fátima, para interpretar o concerto “E nasce a sinfonia”.
Este concerto abrange um reportório que comemora um dos principais géneros de composição da música: a sinfonia. É um título sob o qual se desenvolvem um dos maiores legados da música na escrita sinfónica do início do período clássico, século do iluminismo e da afirmação do género sinfonia como género instrumental por excelência.
O iluminismo teve um impacto significativo na música do século XVIII. No decorrer desse período, a música evoluiu no sentido de refletir os valores e ideais do movimento iluminista que enfatizava a razão, a liberdade e o progresso. Compositores como Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig van Beethoven incorporaram esses princípios nas suas obras em busca da clareza, estrutura e expressão emocional.
A música como característica iluminista apresenta, muitas vezes, formas mais acessíveis como é o caso da sonata ou da sinfonia, organizadas de forma equilibrada e lógica. As óperas da época frequentemente exploravam temas sociais e políticos, destacando a importância da igualdade e justiça.
O iluminismo influenciou a disseminação da música através da imprensa e da educação musical. Os salões iluministas eram locais onde a música era apreciada e discutida, promovendo um ambiente intelectualmente estimulante. Foi o motor que moldou a música do século XVIII ao enfatizar a razão, a liberdade e a expressão artística, resultando num período rico em composições que refletiam os ideais dessa era iluminada.
Franz Joseph Haydn e Wolfgang Amadeus Mozart desempenharam papéis significativos no desenvolvimento do género sinfonia durante o período clássico da música. Haydn é, recorrentemente, designado como o “pai da sinfonia”, provavelmente pela sua contribuição pioneira, estabelecendo, ao longo das suas 104 sinfonias, forma e estrutura que viriam a caracterizar o género.
Mozart foi também um compositor de sinfonias, contribuindo com obras de uma dimensão e maturidade desmedidas. Juntos desempenharam um papel fulcral para a definição do género como hoje o conhecemos, influenciando gerações futuras e tornando a sinfonia um pilar central da escrita musical.
A completar o programa do concerto, haverá lugar para a abertura por João de Sousa Carvalho, que interpretará “Amor industrioso”. De entre a sua produção operática, esta será uma das mais conhecidas e tocadas. Historicamente, o compositor é importante por ter abandonado a estética da escrita barroca, característica dos seus antecessores.
A ópera “Amor industrioso” é escrita em três atos, estreada no Palácio da Ajuda, em março de 1769. O seu sucesso foi imediato e veio a cena por dez vezes após a sua estreia. Por ocasião do festival que comemorou os 150 anos do Teatro Nacional de São Carlos, voltou à cena numa versão revista de Ivo Cruz, que dirigiu várias récitas.
Por fim, o programa conta com a participação do compositor natural do Pico, Antero Ávila. A sua obra “Reflexos”, escrita para orquestra de cordas é um trabalho de maturidade e beleza imperdíveis.
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