“Quando entramos dentro de uma área marinha protegida, há uma explosão de vida”
Processo de consulta pública da Rede de Áreas Marinhas Protegidas dos Açores terminou no mês passado tendo recebido cerca de 200 contributos. Quisemos perceber como está o mar que nos abraça e o que é preciso fazer para preservar um dos ativos mais importantes do planeta
“Quando comecei a mergulhar era tanto o peixe no fundo do mar que quando vínhamos para a superfície ficávamos inebriados. Nos últimos anos, deixei de mergulhar porque ia para o fundo para ver pedras e peixe miúdo de fundo. Houve uma degradação brutal do fundo do mar”. As palavras são de Luís Resendes, mergulhador há 45 anos. É desde essa altura que mergulha com escafandro, um equipamento de proteção de mergulho com um icónico “capacete” que permite mergulhar a grandes profundidades.
Luís Resendes não tem dúvidas de que a pressão da atual procura pelo peixe, associada à industrialização da pesca tem causado danos irreparáveis. “Os nossos fundos do mar estão a ficar completamente desertos. A tendência de quem faz mergulho é ir para onde tem peixe ou ainda tem algum peixe. Porque mesmo esses sítios, que conheço muito bem, hoje em dia são uma pobreza comparados com o que era antes”, explica o micaelense ao Diário da Lagoa (DL). “Uma coisa é fazer 30 por cento de área marinha protegida no alto mar, outra coisa é incluir nesses 30 por cento áreas marinhas protegidas costeiras”, assegura Luís Resendes. E aquilo que está atualmente em discussão inclui apenas as zonas de águas profundas, excluindo toda a costa.
Na mesma senda surge Nuno Sá, reconhecido mergulhador e premiado cameraman subaquático que tem trabalhado nos mares de todo o mundo. E conhece bem o dos Açores. “Quando entramos dentro de uma área marinha protegida, há uma explosão de vida. É tipo uma cápsula de regresso ao passado de como os nossos oceanos eram antes da pesca industrial”, começa por descrever Nuno Sá ao DL. “Mergulho há 20 e tal anos e noto que é gritante que, se mergulharmos dentro de uma área marinha protegida, a quantidade de vida que vemos nela é exponencialmente maior do que fora de uma área marinha protegida”, assegura.
“As áreas marinhas protegidas não são solução para todos os problemas”
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