Tem o nome de Powerlifting o que, em tradução livre, significa levantamento de pesos. A prova regressou ao ginásio Gym4you na freguesia de Nossa Senhora do Rosário, cidade da Lagoa, no passado dia 19 de março. O evento sofreu uma paragem devido à pandemia covid-19.
A prova, aberta ao público em geral e a todos os interessados, adeptos da modalidade, atingiu pela primeira vez os 22 inscritos e viu os amantes da modalidade encherem o ginásio.
O Clube de Powerlifting dos Açores, organizador da prova, fundado na Lagoa, ainda antes da pandemia, realiza assim a terceira prova no arquipélago açoriano. Em declarações ao Diário da Lagoa (DL), o proprietário do ginásio e responsável pelo clube, Pedro Barros, explicou-nos que a competição é dividida por género, feminino e masculino, sendo que depois dentro de cada género, existem as categorias por peso e idade.
O atleta e co-fundador do clube açoriano, Válter Tapia, 40 anos, salienta a participação de “pessoal novo com curiosidade, a maior parte a treinar cá, no ginásio, vão-nos vendo, ganharam aquele bichinho para experimentar e gostaram”. Diz que treina todos os dias, exceto ao fim de semana, e “até não poder mais” vai continuar na modalidade.
Um dos estreantes na prova foi Miguel Bettencourt, 42 anos, que quando se preparava para abandonar o ginásio fez questão de sublinhar: “nunca vi tamanha camaradagem. Sempre levantei pesos no ginásio. Desde há três anos atrás é que me meti nisto. E é a primeira vez que participo na prova e adorei. O que acontece noutras competições é cada um por si e aqui não. Até eu ficava nervoso de ver quando os outros não conseguiam”.
Já Jessica Furtado, 29 anos, nos femininos, conta que atingiu os seus recordes pessoais e que “era isso que queria”. “Os 150 kg só fiz uma vez na semana passada e hoje saiu de tiro”, assegura. “Vou tentar ir aos 160 ou 170 kg no nacional de levantamento e tentar chegar perto dos 80 kg de supino. Estou a treinar há duas semanas simplesmente porque tenho uma hérnia lombar e tive que parar”, remata a atleta lagoense.
“Só não conseguimos ir mais longe e a outros países mais vezes por falta de apoios. O que torna muito dispendioso para cada atleta são as as passagens, as estadias, o transporte, a alimentação e o valor da inscrição em cada prova, mesmo que sejam divididas as despesas entre todos”, lamenta Jessica.
A atleta viu ainda o marido, Pedro Furtado, na categoria -90Kg, ganhar a inscrição para o campeonato Ibérico, em Valladolid, Espanha, em peso morto.
Outro dos atletas que ganhou a inscrição no nacional foi João Pires, 28 anos, natural do Rosário, na Lagoa, que treina e faz ginásio há cerca de 15 anos.
“É a minha primeira prova de powerlifting. Agora vou ao nacional. Sinto-me emocionado, sinto-me orgulhoso, é um resultado que não estava à espera. Como estou ciente que vou ao nacional claro que vou tentar ao máximo, vou melhorar a minha carga máxima e vou lutar por isso”, diz o atleta entusiasmado.
O evento promovido pelo Gym4you contou com as presenças de Valter Tapia, Carlos Corrêa e Tiago Costa, atuais campeões do mundo nas categorias de -140kg, -100kg e em -75kg, respetivamente, sendo que Corrêa detém também o título de campeão nacional na mesma categoria. A prova teve também a participação de Fábio Medeiros, campeão nacional em -82,50 kg e, ainda, Hugo Sousa que competiu na categoria -82,5 kg no campeonato nacional onde conquistou o quarto lugar.
“Quem ganha nesta prova, tem direito a participar no nacional com inscrição já paga pela federação”, assegura Pedro Barros.
O proprietário do Gym4you explica que a prova primeiro “começa o aquecimento que dura meia hora para depois começarem o primeiro movimento. Depois de iniciarem o primeiro movimento cada atleta tem quatro tentativas em que começam com uma margem mínima de peso a levantar e podem ir subindo gradualmente”.
Na prova estiveram, também, os jurados Sandro Eusébio, presidente do World Powerlifting Congress Portugal, igualmente responsável pela Pro League, e Carla Carneiro, também jurada.
Ao DL, Sandro Eusébio disse que o clube açoriano está “bem forte” e que “é sempre um gosto estar aqui porque o clube é bom, a terra é bonita”. Quanto à prova, no final defendeu que “superou as expetativas” e que “os atletas estão num nível bom”. Assinalando que “há alguma falta de conhecimento a nível de regras e técnicas”, mas que “estão excelentes”.
Apurados e anunciados os resultados, o responsável pela organização disse ao DL que “ao nacional vão três atletas, João Pires, Pedro Furtado, Jessica Furtado e depois vai haver o campeonato Ibérico em Espanha e aí vão mais”, explica Pedro Barros.
A assistir à prova encontramos Nelson Furtado, 29 anos, que se deslocou da vila das Capelas. Questionado pelo DL o que acha como adepto, diz que: “acompanho porque gosto, é uma prova que dá para perceber que é preciso muito trabalho e dedicação”.
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