Conhecida como “terra do Sol Nascente”, Ponta Garça assinalou o Dia da Freguesia a 15 de setembro. Teve lugar a eucaristia, logo pela manhã, seguindo-se uma sessão solene no Salão Comunitário da freguesia, com destaque para a homenagem aos antigos combatentes pontagarcenses da Guerra do Ultramar, tendo sido descerrada uma placa de homenagem a estes. No centro comunitário encontravam-se também expostos alguns dos painéis que integraram a exposição no Parque Atlântico subordinada ao tema “Os Açorianos nas Campanhas de Fim do Império: 1954-1975 – História e Memória”. A cerimónia contou com a presença de várias entidades, movimentos, personalidades, pontagarcenses e antigos combatentes.
Do que a Junta de Freguesia, em colaboração com a Liga dos Combatentes, conseguiu apurar, Ponta Garça tem, pelo menos, 52 antigos combatentes, dois dos quais tombados em combate.
A abertura da sessão foi realizada pelo orador convidado José Manuel Santos Narciso, natural da Ribeira das Tainhas, freguesia vizinha de Ponta Garça, que foi distinguido no final do evento. “Nada melhor do que esta homenagem e exposição, para trazer ao presente um passado cheio de lições, que não se devem repetir, porque a guerra nunca é solução, quando o outro nome da paz, como dizia Paulo VI, é desenvolvimento”, proferiu o jornalista vilafranquense, discursando na sessão.
Em declarações ao Diário da Lagoa (DL) Santos Narciso expõe que “é bom que os antigos combatentes sejam lembrados, porque passados 50 anos (do 25 de abril), ainda há muita injustiça e muito esquecimento dos poderes regionais e dos poderes centrais”, e mencionando que a única compensação monetária de um ex-combatente são 150 euros anuais. “De resto, são benesses mais do papel do que outra coisa e são honras depois da morte que não servem a ninguém” acusa.
Manuel da Cruz Marques, presidente do Núcleo das Ilhas de São Miguel e Santa Maria da Liga dos Combatentes, que discursava na ocasião, defendeu que é necessário aplicar ações práticas que se traduzam na melhoria efetiva das condições de vida destes combatentes e assegurem a sua dignidade social. Em declarações ao nosso jornal, Manuel Marques considera que Ponta Garça “fez o que todas as entidades deviam fazer, que é não esquecer aqueles que foram chamados para a guerra do Ultramar”.
“Queremos apoios com valores condignos para aqueles que combateram pela pátria. Na saúde, recentemente já foi aprovado que os combatentes vão ter medicamentos grátis, mas isso é só a partir de 2025 e por fases. Agora andamos a lutar para que as viúvas e as esposas dos ex-combatentes também tenham. É uma luta constante”, são algumas das reivindicações dos combatentes e da Liga, aponta ainda Manuel Marques.
O presidente da Junta de Freguesia de Ponta Garça, Rui Amaral, fez um balanço positivo da sessão, explicando que o dia não é somente da freguesia, mas de todos, com destaque para os antigos combatentes. “Deram muito de si à república. Saíram daqui de Ponta Garça para a guerra, retornaram e faltava uma justa homenagem da sua freguesia à sua bravura e altivez em combater por todos nós”, sente.
Segundo Rui Amaral, “isto é cultura. É o perpetuar da história para as gerações vindouras e vai ficar aqui espelhado na fachada da Junta para sempre”.
Foi também dia de elogiar a freguesia do “Sol Nascente” e alertar para os desafios e necessidades da mesma. Num universo de 11.229 habitantes de Vila Franca do Campo (VFC), há 3.547 pontagarcenses, o que corresponde a 31 por cento do concelho. Santos Narciso, discursando, alertou para o esforço que ainda é preciso fazer, nomeadamente na habitação.
Rui Amaral, presidente pontagarcense, salientou também o caminho a realizar na área da educação e da luta pela variante à Ponta Garça. No seu discurso, o autarca apontou que “o que ouvimos muitas vezes é que Ponta Garça pede muito, mas temos de pedir, porque somos grandes, de corpo e alma. Mas também somos grandes em preocupações e dificuldades.”
Graça Melo, vice-presidente da autarquia, que também discursou na ocasião, destacou a qualidade da agropecuária da freguesia, bem como a mão-de-obra na construção civil, o seu património religioso e cultural, artesanato e festividades.
Por sua vez, a presidente da Assembleia da autarquia, Eugénia Leal, defendeu aos presentes que “devemos pensar que todos nós temos responsabilidade no seu desenvolvimento.Todos somos tijolos e todos somos engenheiros”, na construção da Ponta Garça.
Tomou também a palavra na sessão solene Octávio Torres, diretor regional da Cooperação com o Poder Local, que referiu que brevemente seria disponibilizado um novo instrumento para facilitar a execução dos projetos das juntas de freguesia que têm capacidade, bem como aumentar as verbas dos apoios para aquelas com menores recursos económicos.
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