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Pilotos lagoenses em destaque na última prova do Campeonato dos Açores de Motocross

João Ponte e Nelson Chaves, naturais do Cabouco, na Lagoa, competiram nas categorias MX1, Elite e Veteranos, na prova que se realizou no dia 1 deste mês, em São Jorge

Nelson Chaves (à esq.) alcançou o quarto lugar em Veteranos e João Ponte (à dir.) conquistou o segundo lugar em Elites © NORBERTO LUÍS
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Decorreu na ilha de São Jorge, no passado dia 1 de outubro, a última prova do Campeonato dos Açores de Motocross, com a organização a cargo do Rosinhas Vólei Clube e Clube Motard de São Jorge.

A prova contou com a participação de dois pilotos lagoenses, naturais do Cabouco. João Ponte, de 26 anos, concorreu nas classes MX1 e Elite, e Nelson Chaves, de 38 anos, nas classes MX1 e Veteranos.

Na classe MX1, João Ponte conquistou o primeiro lugar, e ficou em segundo na classe Elite, atrás do campeão dos Açores de Motocross, Henrique Benevides. Nelson Chaves alcançou o quarto lugar na categoria de veteranos, e foi o 11.º classificado na classe MX1.

Em declarações ao Diário da Lagoa (DL), o piloto lagoense, João Ponte, disse estar muito satisfeito com o resultado obtido na classe MX1, apesar da escassez de tempo para preparar a prova. “Senti-me feliz. Senti que o pouco trabalho que fiz estava a dar resultado, somente agora no final. Costumamos dizer que «quanto mais enchemos o balão durante o ano, mais ele custa a vazar no final do ano». Neste caso, como não fiz pré-época, nem tive as condições para me preparar para uma época de motocross, como me preparei na época passada, senti-me feliz, mesmo sabendo que já tinha perdido o campeonato”, explica o jovem. “Mesmo assim, consegui fazer o que era preciso ser feito, e o que conta é sempre a última imagem”, acrescenta.

O facto de a prova se realizar numa ilha diferente trouxe algumas dificuldades acrescidas, como esclarece João: “Há toda uma logística que foi preparada um quanto antes. A mota foi enviada [para São Jorge] uma semana antes, nessa semana tivemos de treinar aqui com uma mota emprestada”.

“Como é uma prova numa ilha vizinha, os custos para levarmos a equipa toda são elevados. Desta vez, fui acompanhado pelo meu pai, João Luís Ponte, e o Rodolfo Medeiros, que me acompanha desde miúdo nas corridas, e são elementos importantes no dia da corrida”, justifica João.

O jovem piloto também notou diferenças no terreno, em relação às provas em que habitualmente compete, em São Miguel: “É uma pista mais pequena, em relação à nossa. O piso, em si, é mais compacto, mais duro. Durante os treinos livres conseguimos ter uma pista com terra solta, mas nas mangas iniciais a pista já tinha mudado totalmente, já era uma pista muito escorregadia. Mas é o que há, e temos de fazer adaptações ao tipo de terreno que nos é apresentado”.

Apesar dos desafios acrescidos ao correr numa ilha que não a sua, João não escondeu a satisfação por participar na prova em São Jorge: “é sempre um gosto ver pessoas novas, de correr numa pista diferente, e para quem sente e vive o motocross como os outros desportos, correr numa pista ou num sítio diferente é sempre algo que nos deixa felizes e é único”.

João Ponte competiu com uma Sherco 300 que, segundo explica, “é uma mota de enduro, não é uma mota de motocross”. “Tivemos de fazer muitas alterações na parte da manhã para que a mota pudesse dar algum conforto durante o dia. Depois de acertar esses pequenos pormenores, conseguimos sentir uma corrida agradável, uma corrida confiante, não foi assim com muita dificuldade. Até me senti muito bem, fiz um bom arranque, consegui liderar a corrida desde início, e consegui gerir muito bem a corrida de MX1”.

A prova decorreu com treinos livres de manhã, de cerca de 20 minutos, em que era possível parar para fazer pequenas afinações na mota, o que não foi o caso de João: “Eu quis conhecer a reação da mota já nos treinos livres. Depois passamos com as afinações que já referi para a primeira manga, que também tem a duração de 20 minutos mais duas voltas ao circuito, sendo que a manga de elite também tem a mesma duração”.

Já Nelson Chaves “não encarou bem” a sua posição na tabela classificativa. O piloto de 38 anos não competia há seis. Com apenas dois meses de treino, conta como o resultado até o teria satisfeito, se não fossem os contratempos da prova.

“Não encarei muito bem, porque aqui [em São Miguel] foi a primeira prova, há coisa de um mês, em setembro. Eu fiquei super contente, porque não esperava. Só com um mês de treino, estando seis anos parado, fiz um pódio, em terceiro lugar dos veteranos, e fiquei muito contente”, começou por explicar.

“Lá em São Jorge o objetivo era tentar ir ao pódio de MX1 e ir ao pódio dos veteranos. Só que eu tive um pequeno azar, tive uma queda um bocadinho violenta, e a partir daí fiquei mais tenso, mais nervoso. Mas depois, continuei. Estava a tentar chegar ao pódio nos veteranos, consegui o quarto lugar e não fiquei muito contente, não era o que queria”, reforça.

“A prova foi só de 14 minutos, era para ter sido de 25, mas houve uma queda também violenta de outro piloto, que fez terminar a prova. Não era para terminar, porque não houve bandeira vermelha, só que houve um piloto que se meteu no caminho e parou. Quando pararam a prova, depois da queda, eu já estava mais à frente, tinha recuperado quatro lugares e já estava em segundo dos veteranos, queria ver se ia mais além. Mas como a prova foi parada já com mais de 50% do tempo decorrido, eles regressaram aos lugares [na tabela classificativa] da volta antes de o piloto cair. E então voltei ao quarto lugar”. “Não encarei assim muito bem”, reitera.

Apesar do resultado, Nelson afirma que foi uma boa experiência participar numa ilha diferente da sua: “Para mim, foi uma coisa nova. Foi um desafio, numa ilha que eu nunca tinha ido, não conhecia, nem mesmo a pista. Então, foi um desafio grande, e gostei muito. Foi um bom regresso. Digamos que, seis anos depois, e só com dois meses de treino, tem sido bons resultados e um bom regresso”.

“Não fiz o campeonato todo por essa questão de estar parado há seis anos, e foi mesmo há dois meses que decidi comprar a mota. Fui para a pista dar umas voltas, e depois, então, comecei a correr a sério”, reforça. “Agora é trabalhar bastante para o próximo campeonato, e tentar ter mais alguns patrocínios. Vamos trabalhar para isso, já estou super contente por estar aqui, a fazer estas provas, e ter corrido tudo bem. Há muito trabalho a fazer, muito trabalho pela frente”, avança Nelson, em relação à próxima época.

João Ponte também já prepara a época que se aproxima, mas refere que esta ainda não está fechada. Aguarda-o o desafio da prova das Regiões, em novembro, na qual será “o único piloto lagoense a representar São Miguel”.

“A corrida decorre no dia seis de novembro, aqui na pista das Soluções M, em São Miguel. Somos quatro, felizmente fui o piloto eleito para representar São Miguel cá. Nesta corrida estão representados as Regiões da Madeira, Açores, Norte, Centro e Sul de Portugal continental e, para já, a indicação que temos é que será esse o nosso próximo desafio”, esclarece.

“Quanto à época futura, ainda não fechamos por completo a época atual, ainda temos de reunir, mas para já vamos continuar a fazer o que fizemos este ano, porque a minha prioridade de acabar os estudos ainda se mantém para o próximo ano”, assume João Ponte. “Nós temos um «protocolo», um acordo… nunca é um contrato porque corremos numa ilha, não é nada nacional, mas temos sempre um respeito enorme para com quem nos apoia. Neste caso, quem nos apoiou este ano foi a Clínica da Mota.”

Em nota publicada no seguimento da prova, o Rosinhas Vólei Clube Motocross enalteceu o espírito competitivo e conduta desportiva demonstrada pelos pilotos nesta última prova do campeonato, e deixou a todos os participantes e vencedores uma palavra de congratulação.

Mariana Lucas Furtado

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