09.09.2023
Venicio da Costa Ponte
Dirigente Iniciativa Liberal Açores
Conselheiro Nacional da IL
Este é um assunto que pegou de moda em muitas regiões do país. É bonito falar nos nómadas e estão todos sequiosos para que se consiga atrair o máximo possível. Qual a estratégia? Mostrar que “eu” tenho mais que “tu”.
Uma estratégia requer planeamento e timing, o planeamento já devia estar feito e o timing é agora no fim da época alta.
Quando uma ideia/conceito é mal pensado e estruturado, dificilmente vai conseguir atrair uma validação da população. Há algo que muitos, se não a maioria, ainda não entendeu.
As comunidades nómadas não devem ser estruturadas por concelho, somos pequenos demais para tal. Madeira tem a sua comunidade na Ponta do Sol, mas são uma ilha e com uma dinâmica muito diferente da nossa. Algarve tem atualmente uma comunidade com cerca de sete mil nómadas inscritos, mas falamos do Algarve, embora com foco na sua operação em Lagos.
Vamos competir com destinos desses ou temos de pensar no que poderá ser atrativo na região para que esses profissionais por cá passem e gastem o seu dinheiro? Não é no gasto desse dinheiro que vamos criar mais riqueza? É na envolvência desses profissionais que vamos poder dar outros conhecimentos e dar mais competências a muitos locais? Eu penso sinceramente que sim. E mesmo assim, a estratégia de cada ilha ou grupo de ilhas é por si um caso diferente.
Entendo que muitos vão ver a vinda destes profissionais como algo mau. Há formas de controlar isso. Alguns poderão pensar que vão retirar os empregos a pessoas de cá. Nada mais errado, isso não faz sentido nenhum.
O mundo do trabalho está a mudar rapidamente. A ascensão da tecnologia está a permitir que as pessoas trabalhem remotamente a partir de qualquer lugar do mundo. Isto está a levar ao crescimento dessa classe de trabalhadores. Não são nossos concorrentes.
Eles são atraídos por países com baixo custo de vida, boa infraestrutura e uma comunidade internacional.
Os Açores são um destino atrativo para os nómadas digitais. O arquipélago tem um custo de vida relativamente baixo, belas paisagens e uma comunidade internacional crescente.
No entanto, a política nos Açores tem sido lenta a responder a essas necessidades. A burocracia é complexa e a infraestrutura é insuficiente. Isto desencoraja muitos nómadas digitais a virem para cá.
A política nos Açores precisa mudar para se tornar num destino mais atrativo. A burocracia precisa ser simplificada e a infraestrutura precisa ser melhorada. Se a política nos Açores mudar, os Açores podem tornar-se um destino de primeira linha para esses profissionais.
Os nómadas digitais são uma força económica poderosa. Eles gastam dinheiro em bens e serviços, e muitas vezes investem em imóveis e negócios locais. Eles também trazem novas ideias e perspetivas para as comunidades onde vivem. E esta é a base fundamental para uma boa comunidade nómada crescente.
A política nos Açores tem a oportunidade de se tornar uma líder no campo da política amiga dos nómadas digitais. Ao criar um ambiente propício para os nómadas digitais, os Açores podem atrair novos investimentos, criar empregos e promover a cultura.
Certamente que não é a dar vouchers de descontos que vai tornar mais atrativo, esses profissionais ganham mais que a maioria do Português, não precisam disso, precisam de se integrar na comunidade de várias formas. Caso contrário, vamos fazer um exercício simples. Vamos supor que uma certa atividade turística custa 80 euros. O Nómada recebe um voucher de 50% de desconto, entrega ao operador e paga apenas 40. No final o operador vai com esse voucher junto das entidades públicas receber os outros 40 euros. Que no fim quem paga? Pagam os nossos impostos.
A visão tem de ser outra, tem de haver outros fatores de base. Como se faz isso? Bem como dizia a outra senhora, isso são outros quinhentos.
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