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Incubar para salvar o jornalismo local

03.06.2023

© DL

Há 40 anos que não acontecia um encontro de Jornalistas dos Açores. Em finais de abril passado realizou-se em Ponta Delgada, na Aula Magna da Universidade dos Açores, o I Congresso dos Jornalistas dos Açores. O Diário da Lagoa (DL) esteve representado pelo diretor do jornal, Clife Botelho, pela jornalista Sara Sousa Oliveira, correspondente da SIC e do jornal Expresso, nos Açores e ex-diretora do DL, tendo integrado a comissão organizadora do congresso e moderado um dos painéis do mesmo e ainda pela colaboradora do DL Mariana Lucas Furtado.

Durante dois dias, duas dezenas de oradores e mais de cem participantes debateram vários temas ligados à profissão. Destacamos uma pequena, e para nós, importante parte do discurso de Michael Rezendes, convidado internacional, jornalista de investigação descendente de açorianos e prémio Pulitzer, que no seu discurso, falou do Diário da Lagoa.

Michael Rezendes deu como exemplo a história do jornal lagoense no que toca aos desafios e futuro do jornalismo local: salvar um jornal local passa também pela filantropia e por investidores inesperados, uma realidade de vários jornais locais nos Estados Unidos da América.

Quando em outubro de 2022 o diretor do DL escrevia o editorial “O papel que arde sem se ver”, abordou a crise que estava prestes a chegar ao jornal, devido ao aumento dos custos de produção como resultado da inflação. Pela primeira vez, em nove anos, o DL era obrigado a publicar uma edição mensal com apenas 12 páginas. Aí começámos a preparar os leitores para serem chamados a contribuir numa tentativa de salvar a edição em papel. Alguns leitores, a quem somos gratos, apoiaram, mas o tempo fugia como areia por entre os dedos perante a ameaça da extinção do jornal que espreitava a cada mês.

Felizmente, na altura certa, acabamos por receber um sinal de esperança: um empresário lagoense pretendia celebrar uma parceria que desse condições ao projeto para alcançar a sustentabilidade e ir mais longe.

Desde então, árduo trabalho nos bastidores se foi desenvolvendo naquilo que é denominado por “incubação empresarial”, dando estrutura ao Jornal.

Hoje, passados nove meses desde a publicação do nosso apelo, o DL tem, finalmente, uma sede, depois de em 2020 ter passado a ser elaborado a partir da casa de cada colaborador.

A empresa proprietária do jornal, a Narrativa Frequente, tem assim como parceiro de negócios e como incubadora o grupo de empresas liderado por Ricardo Martins Mota e posiciona-se, de forma enraizada, como um projeto promissor.

O Diário da Lagoa caminha para uma década de existência e, finalmente, tem uma disposição que permite dar a devida tranquilidade à redação para continuar a praticar um jornalismo independente, plural e essencial a uma sociedade democrática e esclarecida porque juntos somos melhores e mais fortes.

Não podemos deixar de aqui sublinhar, para memória futura, o nosso reconhecimento público a Ricardo Martins Mota, Gonçalo Mota e à equipa que lideram. Acreditam no Diário da Lagoa e partilham, connosco, a defesa da nobre missão de proteger o direito de informar e ser informado, garantindo assim que a história da Lagoa e dos Açores continua a ser escrita nas páginas do único jornal da mais jovem cidade do arquipélago.

Editorial publicado na edição impressa de junho de 2023

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