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IL no parlamento açoriano ameaça votar contra orçamento e rasgar acordo com PSD

© JEDGARDO VIEIRA

O deputado da IL no parlamento dos Açores ameaçou hoje, 21 de outubro, não aprovar o orçamento da região para 2022 e rasgar o acordo de incidência parlamentar assinado com o PSD, essencial para garantir maioria absoluta ao Governo (PSD/CDS-PP/PPM).

Em declarações à agência Lusa e à Antena 1, o representante da Iniciativa Liberal (IL) na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, Nuno Barata, antecipou a intenção de “não aprovar o orçamento” se este “mantiver um endividamento de 295 milhões de euros, o que hipoteca as gerações futuras para injetar na [companhia aérea] SATA mais 133 milhões de euros em aumento de capital, sem que a empresa demonstre que vai reduzir o passivo”.

Criticando pressões do atual executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM sobre funcionários públicos, diligências dos partidos que suportam o Governo para “impedir”, esta manhã, a sua “intervenção política” sobre a polémica das Agendas Mobilizadoras, Nuno Barata disse que rasga o acordo com os social-democratas se continuarem os “atropelos à democracia”.

“Não podemos continuar a aguentar uma maioria do Governo que não nos dê garantias de resolver os problemas dos açorianos”, observou, acusando o executivo de “caça às bruxas”.

Para o deputado, a decisão final sobre a rutura que dá suporte ao executivo dependente do que estiver contemplado no orçamento regional para 2022 e de uma reunião já pedida com o presidente do Governo, o social-democrata José Manuel Bolieiro, “presidente do partido com o qual a IL assinou o acordo”.

A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados, sendo que, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um do Chega, um eleito pelo Chega que, em julho, passou a independente, um da IL e um do PAN.

PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação. A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD um acordo de incidência parlamentar com a IL.

Com o deputado do Chega, o Governo tem o apoio de 27 deputados, passando a 28 se contar com o apoio do deputado independente.

Só com o apoio da IL o atual executivo consegue maioria absoluta (29 deputados) no parlamento regional – a mesma que levou o representante da República a indigitar o atual Governo regional.

“Este governo não pode ser igual ao outro, ao anterior [de maioria absoluta socialista], e fazer o que o anterior fazia e o que nem lhe passava pela cabeça fazer”, alertou Nuno Barata.

O deputado explicou que “a IL não está satisfeita com esta forma de Governo”, nem com “algumas das arrogâncias e tiques de arrogância que, ao fim de um ano de Governo, se começa a registar”.

“Agora mesmo, acabaram de acontecer pressões, acabou de acontecer uma situação muito desagradável a um funcionário de uma empresa pública, que foi chamado a um gabinete por ter falado comigo. Era o que me faltava aturar gente que anda aqui a julgar que estes lugares são eternos, que isto é uma dinastia”, criticou.

Barata observou que “não é só o que está no acordo de incidência parlamentar que conta”.

“Se for executado o que está no acordo com atropelos à democracia, tenho muita pena, mas rasgo o acordo parlamentar”, avisou.

Questionado pela Lusa sobre se o vai rasgar, o deputado respondeu: “É bem possível que rasgue”.

“Não pode continuar a existir uma caça às bruxas. Se, após um ano de Governo, vamos continuar mais a caçar bruxas, continuaremos na pobreza”, lamentou.

“Se o orçamento da região para 2022 mantiver endividamento de 295 milhões de euros para injetar na SATA mais 133 milhões de euros em aumento de capital, sem que a empresa demonstre que vai reduzir o passivo, não estamos disponíveis para aprovar o Orçamento”, avisou.

Esta, para Nuno Barata, “é uma razão mais do que plausível para rasgar o acordo de incidência parlamentar” assinado com o PSD.

O deputado lamentou ainda a “postura dos partidos que suportam o Governo” no debate da manhã, considerando que “enrolaram o debate” de votos para que, “regimentalmente”, a IL “não pudesse fazer declaração”, por ter sido atingida a hora do intervalo para almoço.

Lusa/ DL

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