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Haja Saúde e Educação

Clife Botelho
Diretor

Uma região que não investe na Educação e na Saúde é um lugar inabitável pelos valores que pautam uma sociedade equilibrada, sustentável e na senda do progresso civilizacional.

A saúde é basilar para o bem estar do ser humano, sem ela tudo o resto torna-se mais penoso tal como pudemos sentir in loco com a pandemia da covid-19.

Incrédulos vimos aquilo que o medo faz ao todo quando se trata de perder a Saúde, assistimos como isso pode afetar desde famílias a um planeta inteiro. E na próxima década e quiçá mais, iremos assistir às sequelas de medidas que vão deixar mais perguntas do que respostas.

A Educação dita a diferença entre uma sociedade estagnada no tempo, em decadência, e uma sociedade que inova e inspira outros pontos do globo expandindo o seu conhecimento para trazer para perto quem queira interagir.

E estes são dois temas que os nossos políticos gostam sempre de prometer como fundamentais para as suas demandas governativas, porém em toda a minha vida, o progresso a que tenho assistido tem sido mais tecnológico do que humano. Quanto mais entramos na era tecnológica mais decadente a sociedade se torna, menos humanos somos, menos liberdade temos e mais iludidos estamos frente aos ecrãs.

A crise é global e a nível da nossa região o que se assiste preocupa e muito. A dita tecnologia não encontra as condições necessárias para ser sustentável enquanto reclama controle, ao mesmo tempo que os problemas na Saúde e na Educação vão deixando ilhas despovoadas e sufocadas pelo isolamento. A falta de capacidade das entidades regionais de pensar fora da caixa para atrair mais valias revela que perdem tempo num cenário viciado por jogos de interesses e de poder em que mudam as peças mas nunca os problemas.

É necessário uma política de proximidade e olhar para testemunhos como aqueles que relata a nossa reportagem desta edição sobre a Saúde local e em que, por exemplo, se revela que também a comunicação não é o forte das nossas instituições regionais. Certamente terá que ver com a Educação ou falta dela num contexto que permita a reflexão e debate, pois, uma vez em cargos de poder, são todos cada vez mais iguais aos olhos do Povo. Todos nós, sem exceção, somos responsáveis por isso. O perigo de uma sociedade vigilante mas simultaneamente inerte está à espreita e a ganhar terreno.

Na Educação, a Lagoa é o concelho com a taxa de abandono escolar mais alta dos Açores, de 4,22% (censos 2011) e a autarquia conta que só pode intervir ao nível da formação não formal, embora prometendo esforçar-se para continuar a diminuir os números naquilo que parece uma luta inglória. É verdade que conheço professores e alunos brilhantes mas isso não é suficiente. O verdadeiro e maior investimento tem de ser feito na Educação daqueles que serão o nosso amanhã. Do mesmo modo, aqui ao lado, na Ribeira Grande, com a segunda maior taxa de abandono escolar do arquipélago, o problema é idêntico e arrisco-me por isso a prever que este será um novo vírus a iniciar a sua propagação… É preocupante que estes dois concelhos – que juntos podiam ser o coração de uma ilha –, tenham agora um novo e complexo surto, sendo que este não se resolve com as ditas cercas.

Editorial publicado na edição impressa de novembro de 2021

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