Cláudia Ferreira
Escritora e biblioterapeuta
Serendipidades podem surgir na nossa vida, desde que tenhamos coragem de perseguir os nossos objetivos. Já dizia Roal Dalh, quem não acredita em magia nunca vai encontrá-la. Mas, afinal, como se reveste esta magia? Em primeiro lugar, na autenticidade, na tomada de consciência em si que nos leva ao reconhecimento da nossa individualidade, não no mimetismo comportamental que apregoa o caminho mais percorrido como o ideal da coletividade.
Não nos esqueçamos de que somos sementes que foram plantadas em diferentes solos, e que, ao longo dos anos, saborearam de forma única o sol, o vento e a chuva. Cada semente desabrochou floreando o jardim do mundo com toda a sua diversidade. Cada ser humano encerra em si um poder grandioso, o poder de sonhar e de amar estes sonhos, pois quando sonhamos, criamos novos caminhos, «somos feitos do mesmo tecido dos sonhos» (William Shakespeare). O nosso tempo por cá é curto, já repararam que o relógio marca o compasso da nossa vida? Ele é o coração da sociedade, ditando o nosso ritmo e modo de viver, sendo a partir da meia-noite que a magia acontece: um novo dia repleto de segundos, onde poderemos preenchê-lo como nos aprouver. Somos seres finitos, um dia, deixaremos de ouvir o tic-tac. Perante esta realidade, temos pouco tempo para sermos quem realmente somos, se insistirmos numa vida que não se coaduna com os nossos valores.
O ontem não volta mais, mas deu-nos a sabedoria para criarmos o amanhã que continua em branco no livro da nossa vida, que só poderá ser escrito por nós. Ao fazê-lo, estamos a combater a inautenticidade, colorindo a existência quotidiana. «Sê tu próprio. Todas as outras pessoas já existem» (Oscar Wilde). O conformismo leva a alienação daquilo que nos alimenta, e ninguém poderá ser feliz se não nutrir o seu coração. Cada indivíduo tem a capacidade de reivindicar o seu lugar no mundo, de ajustar as velas do seu navio perante as marés, com a memória que a vida acontece no imediato.
Laisser un commentaire