“Sete, vidro, botão e pão” são palavras portuguesas que os japoneses adotaram, dizendo-as, atualmente, exatamente da mesma forma. A informação foi transmitida em palco, no claustro do convento de Santo António, na Lagoa, a miúdos e graúdos no espetáculo “Umi” protagonizado pela companhia WeTumTum e pela japonesa Shiori Sakurai no âmbito do festival Mini Tremor.
A performance é construída através de duas personagens: Zé, que vem de Portugal, e Sally, que vem diretamente do Japão. Ambos conhecem-se virtualmente e encontram-se em palco onde partilham o que sabem de ambas as culturas, através de histórias e da música. “Nós fomos literalmente os primeiros a chegar ao Japão e a criar esta relação com eles, somos no fundo a primeira nação com a qual eles tiveram contacto e acabamos por deixar lá muita coisa nossa”, conta Bruno Estima, que interpreta o papel de Zé. A relação entre Portugal e o Japão começou há 480 anos, precisamente através do mar, que em japonês significa “Umi”, mar esse que continua a ligar e a separar dois países tão distantes.
O ator conta que a WeTumTum é de Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro, e desenhou esta produção “com a companhia japonesa da qual a Shiori [Sally] faz parte. Fizemos esta produção entre a WeTumTum, a companhia portuguesa, e a companhia de Tóquio, a Otomic, representada pela Shiori, que teve o carimbo da embaixada do Japão em Portugal”.
A plateia estava cheia de pais e filhos, que, sentados no chão ou em cadeiras, assistiram ao espectáculo, por entre sardinhas de tecido gigantes espalhadas pelo chão. Nuno Cabral, de Ponta Delgada, conta que achou “muito interessante esta ligação entre Portugal e o Japão” bem como “trazer essa ligação para as crianças”. Para o espectador “foi um concerto muito interativo como já é comum no Mini Tremor, é sempre muito interativo e muito interessante para as crianças, com muita percussão, muita ligação entre as duas línguas”.
Fred vem da Alemanha com a mulher e a filha. Conta ao Diário da Lagoa que está de férias em São Miguel e decidiu vir ao festival que o agradou: “the performance was really nice”.
Carina Satler, de São Vicente Ferreira, diz que “adora” vir ao Tremor. “É único porque tem esta mistura de poder conhecer um sítio paradisíaco lindo e ao mesmo tempo com música. Música é vida, é tudo. Mudar de lugares com situações completamente diferentes ora aqui, ora numa igreja, é super diferente”, assegura.
Na tarde em que decorreu o Mini Tremor, 12 de abril, o festival acolheu também a performance “Tédio” onde quatro atores da WeTumTum, dentro de um barco insuflável, protagonizaram uma espécie de peça de teatro sem falas, apenas com gestos e música. Para David Pereira, de Ponta Delgada, “parece tudo improvisado mas deve ter horas e horas de treino associado e acho que as crianças gostaram, que é o mais importante. É a primeira vez que assisto ao Mini Tremor, estou a achar muito bom, é diferente, bastante alternativo”.
Mas afinal o que é o Mini Tremor? Fizemos a pergunta ao co-fundador do Tremor, Luís Banrezes, mais conhecido por Kitas. “O Mini Tremor é uma desculpa para que as pessoas que têm filhos possam vir a festivais, no fundo, ou que não arranjem desculpas para não vir a festivais. O que nós estamos a fazer é abrir caminho para uma nova geração e dar oportunidades para que eles possam ver espetáculos inovadores, divertidos, também inclusivos”, explica Luis Banrezes. A ideia dos promotores é que “as crianças vão ver um espetáculo que não seja um espetáculo para crianças e que possa ser também para pais, algo imersivo, que eles possam todos fazer parte”.
O Tremor afirma-se como um dos principais festivais que acontece anualmente na ilha de São Miguel, onde a ilha continua a ser o cabeça de cartaz do próprio festival. Por toda a parte, e nos locais mais inusitados, acontecem concertos, workshops, residências artísticas, conversas, caminhadas, exposições e projetos. O festival já soma 12 anos de vida. “O Tremor não é um festival só de música, é um festival de muitas coisas, é um festival de comunidades, é um festival das pessoas, é um festival que interage com outras realidades, então é a mistura disso tudo”, diz o promotor. “Eu destaco o público, talvez, que se comporta de uma maneira super ordeira, que vai aos locais e não deixa rigorosamente lixo nenhum. Acho que o festival tem, de facto, esta missão e os festivaleiros que vão ao festival conseguem perceber isso”, assegura Banrezes.
Atualmente, o Tremor arrasta consigo já uma legião de fãs que regressa ano após ano para assistir à programação. “Há muitas pessoas vindas do continente, em percentagem, provavelmente 60 por cento, mas o que noto é que quem vem de fora são mais estrangeiros do que propriamente continentais. Há uma grande percentagem de pessoas que já ouviu falar do Tremor, dos Açores, e que vêm cá nesta altura do ano para conhecer as nossas ilhas, o que é muito bom”, diz Luís Banrezes.
Durante cinco dias, São Miguel voltou a ser palco de um festival onde circulam diariamente cerca de 1500 pessoas. Daí o cuidado redobrado com o ambiente.”O nosso cabeça de cartaz é sempre a ilha, será sempre a ilha, por isso há que haver sempre cuidado. Se nós não cuidarmos da ilha será impossível realizarmos um festival, então passamos muito essa mensagem, comunicamos variadíssimas vezes ao festivaleiro os cuidados que é preciso ter, as regras, as condutas de respeito e o balanço é muito positivo”, acredita Banrezes.
A Associação Cultural e Recreativa – Plutão Camaleão, assinou esta sexta-feira, 21 de março, um contrato-programa com a Câmara Municipal de Lagoa, para promover um Festival Mini-Tremor na Lagoa. O convento de Santo António, na freguesia de Santa Cruz, foi o local escolhido para o festival que vai decorrer no próximo dia 12 de abril.
De acordo com comunicado da autarquia lagoense, a assinatura contou com a presença do Luís Banrezes, presidente da associação que desenvolve atividades de caráter recreativo e que possibilita diversas iniciativas na área das artes e do espetáculo, da música e da educação. O presidente da autarquia Frederico Sousa e a vereadora da Cultura, Albertina Oliveira, anunciaram a iniciativa esta sexta-feira.
Segundo a nota de imprensa enviada às redações pela autarquia, “este apoio financeiro servirá para promover o festival Mini-Tremor”, que vai contar com “uma programação destinada a crianças e famílias”. A cidade da Lagoa vai receber “dois espetáculos do coletivo WeTumTum, «UMI» e «Tédio», numa experiência imersiva que, segundo a autarquia, pretende proporcionar “um momento lúdico e único para os participantes”.
O contrato, agora assinado, “tem por objetivo o incentivo e a cooperação financeira entre a Câmara Municipal de Lagoa e esta associação, naquele que será o apoio destinado ao desenvolvimento e a dinamização da sua atividade no Município”, refere, ainda, a Câmara Municipal.
A Associação Cultural e Recreativa – Plutão Camaleão é conhecida por ser responsável pela organização do Festival Tremor, que tem por objetivo criar uma cultura de fruição da música em época baixa, reduzindo as assimetrias sazonais e geográficas no acesso à cultura.
O Festival Tremor 2025, vai decorrer de 8 a 12 de abril, anunciou esta quinta-feira, 6 de março, o co-diretor artístico do festival, António Pedro Lopes, numa conferência que teve lugar numa unidade hoteleira de Ponta Delgada.
Segundo António Pedro Lopes, o programa desta edição do Tremor contempla 60 artistas e coletivos artísticos, 12 caminhadas performativas, no âmbito da iniciativa Todo-o-Terreno, quatro concertos surpresa, sete projetos de residência, conversas, exposições e, ainda, uma nova secção intitulada ‘Arrepio’, com uma proposta de performances imersiva e site-specific do coletivo berlinense 33, a conhecer no Coliseu Micaelense.
Em nota de imprensa enviada às redações pela Câmara Municipal de Ponta Delgada, o presidente da autarquia, Pedro Nascimento Cabral, diz que o Tremor “é, sem sombra de dúvidas, uma marca identitária cultural de Ponta Delgada”, referindo que o festival nasceu no concelho de Ponta Delgada, “aqui se enraizou, e, também a partir deste centro histórico, se intermunicipalizou, ganhando espaço noutros municípios da ilha de São Miguel e estendendo desafios dentro e fora dos Açores”.
Na ocasião, o autarca realçou, igualmente, o papel socialmente transformador que o Tremor comporta ao nível de iniciativas a favor do ambiente, intergeracionalidade e da inclusão.
Da conferência de imprensa fizeram ainda parte o fundador e também co-diretor artístico do festival Tremor, Luís Banrezes, o secretário da vereação da Câmara Municipal da Ribeira Grande André Pontes e o assessor do Governo da Região Autónoma dos Açores Pedro Faria e Castro.
A décima primeira edição do festival Tremor arranca hoje e pretende assumir “com ainda mais convicção a sua açorianidade e a ligação às tradições.”
Com um circuito que passará por palcos nas cidades de Ponta Delgada e Ribeira Grande, cruzando salas de espetáculo formais, lojas e outros espaços interiores, o festival continuará a sua tradição de ir à descoberta de lugares inusitados e da natureza açoriana, segundo nota de imprensa remetida à redação.
Este ano, o festival inspirou-se na tradição dos Presépios de Lapinha e da arte bonecreia, tão característica do concelho da Lagoa, tendo sido promovida uma oficina de reinterpretação desta arte, em colaboração com o Núcleo da Arte Bonecreira da Lagoa, com o objetivo “de trazer esta tradição açoriana ao imaginário das pessoas que participam no festival”.
Com os trabalhos que resultaram desta oficina e dos desafios lançados a artistas contemporâneos, inaugura-se a exposição “Reinterpretando Arte Bonecreira e Presépios de Lapinha”, no Espaço Nóbrega. A entrada é livre e a exposição estará aberta entre as 10h00 e as 18h00.
Segundo o mesmo comunicado, o lineup dos concertos renova a ênfase na diversidade, integrando artistas de diferentes gerações, estilos musicais e origens geográficas. Mais de 40 projetos musicais, entre bandas e DJs, transformarão São Miguel no epicentro de uma experiência musical que se estenderá por cinco dias, com concertos em salas de espetáculo, performances surpresa e apresentações em plena natureza.
No alinhamento contam-se nomes nacionais e internacionais, tais como: Jards Macalé, Lavoisier, Romperayo, La Jungle, Landrose, Rezgate, Sarine, Colleen, Hetta, DEAFKIDS, Faizal Mostrixx, Kate NV, Saya + Bárbara Paixão, DJ Haram, DJ Lynce, Poison Ruïn, Cole Pulice, Pedro Sousa + Filipe Felizardo, Glockenwise, PoiL Ueda, Lambrini Girls, La Flama, Marie Davidson, ZenGrxl, SUZANA, Prison Affair, Rozi Plain, Azia, P.S.Lucas, Holy Tongue, Rastafogo, Deli Girls, Estrela, Zancudo Berraco, MAQUINA., e Meritxell de Soto.
No âmbito das residências artísticas, o festival vai trazer o rapper Sam the Kid para, em colaboração com mais de 20 estudantes da Escola de Música de Rabo de Peixe e 11 MCs açorianos, explorarem o hip- hop açoriano numa residência que resultará numa performance a ser apresentada dia 21 de março, no Porto de Pescas de Rabo de Peixe.
Nik Colk Void e Maotik vão oferecer ao público uma interseção entre a música e a arte digital; a Orquestra Modular Açoriana (OMA), liderada por Marshstepper e com participação de 15 artistas locais e visitantes; e, como já é tradição, a residência dos Som Sim Zero, a colaboração de longa data entre o coletivo ondamarela com a Associação de Surdos de São Miguel, que este ano se alia ao grupo de percussão açoriano Bora Lá Tocar, dando origem a um espetáculo que leva a palco mais de 50 pessoas.
A 20 de março será inaugurada a exposição TREMOR faces, 10 years of joy de Pauliana V. Pimentel e Paulo Pimenta, e “estará a passar em loop entre a Central Hidroeléctrica da Fajã do Redondo, o Castelo Centro Cultural da Caloura e a Galeria Brui. O slideshow é uma celebração da grande família Tremor, resultando de um projeto que nasceu na 10.ª edição do festival, quando os fotógrafos apontaram a objetiva a quem faz o festival acontecer — desde a produção a artistas.”
Este ano, famílias de Rabo de Peixe abrem novamente as portas de casa aos festivaleiros, na iniciativa “Na Nossa Mesa”. Este ano são 6 as casas que se abrem ao festival, servindo mais de 200 refeições. “E quem já não apanhar lugar à mesa, pode sempre juntar-se à festa durante o arraial da Cozinha Comunitária, a ter lugar dia 29 de março, às 19h30, no Porto de Pescas de Rabo de Peixe. A par dos petiscos, o arraial promete muita animação com a performance do açoriano DJ Gaivota.”
O programa do Mini-Tremor, voltado para crianças e respetivas famílias, decorrerá de manhã e ao início da tarde de sábado, dia 23 de março, no Estúdio 13 – Espaço de Indústrias Criativas e está, este ano, entregue aos WETUMTUM, que põe em cena duas oficinas para bebés (CRASSH_Babies), um espetáculo para toda a família (CRASSHDuo_Circus) e um Workshop de Percussão Corporal.
Os bilhetes para esta edição do festival já estão esgotados, segundo nota de imprensa do Tremor.