No programa, um encontro com o governador do Estado do Maranhão, no Palácio do Governador, e visita à futura “Praça Açores”, em São Luiz. O novo espaço público será uma realidade já em 2025 com o intuito de homenagear os colonos açorianos que organizaram a cidade há mais de 400 anos. Uma iniciativa que é seguida de perto pelo Governador do Maranhão, Carlos Brandão, que lidera um Estado de cerca de sete milhões de habitantes no nordeste brasileiro.
“Imaginem a emoção de ouvir o Hino dos Açores interpretado pela Banda Juvenil de Icatú, outra cidade brasileira fundada por açorianos, numa sessão pública de divulgação açoriana promovida pela Casa dos Açores do Maranhão”, frisou Andrade, que esteve também nas futuras instalações da Casa dos Açores do Maranhão, em São Luiz, onde houve uma sessão pública sobre a relação histórica entre Açores e Maranhão, no Espaço Cultural do Shopping São Luiz.
Já em São Paulo, maior cidade da América Latina, Andrade participou, no dia 25, na sessão comemorativa dos 50 anos da Festa do Divino da Casa dos Açores de São Paulo, com a entrega de diplomas de reconhecimento do Governo dos Açores aos seus 50 sucessivos Mordomos do Espírito Santo.
“A relação histórica entre Açores e Maranhão é fundamental, tanto para os Açores quanto para o Maranhão”, disse.
Em Minas Gerais, o programa prevê, no dia seguinte, visita ao Instituto Histórico e Geográfico, em Belo Horizonte, bem como uma sessão impulsionadora da constituição da Casa dos Açores de Minas Gerais, na sede da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais, em Belo Horizonte, com diversas entidades representativas, tais como membros do Governo do Estado de Minas Gerais, Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, Câmara de Vereadores de Belo Horizonte, Cônsul Geral de Portugal em Belo Horizonte, Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais, Câmara Portuguesa de Minas Gerais, Centro da Comunidade Portuguesa de Minas Gerais, Conselho Estadual de Cultura e Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil.
No dia 27, o diretor regional das Comunidades inaugurou a exposição comemorativa dos 70 anos do Grupo Folclórico Padre Tomaz Borba, na Casa dos Açores do Rio de Janeiro, onde houve a sessão solene de abertura do XIX Encontro Cultural Açoriano da Casa dos Açores na cidade maravilhosa. Um documentário intitulado “O que fomos, o que somos e o que queremos ser – 70 anos de história do Grupo Folclórico Padre Tomaz Borba”, foi exibido.
Ainda no Rio, Andrade marcou presença no VI Encontro Açores Brasil, dedicado ao folclore açoriano em terras brasileiras, com representantes de quatro grupos: Grupo Folclórico da Casa dos Açores do Rio de Janeiro, Grupo Folclórico da Casa dos Açores de São Paulo, Grupo Folclórico da Casa os Açores de Santa Catarina e Grupo Folclórico da Casa dos Açores do Estado do Rio Grande do Sul.
No domingo, dia 29, decorre um almoço com a comunidade açoriana e açordescendente do Rio de Janeiro comemorativo dos 70 anos do Grupo Folclórico Padre Tomaz Borba – o grupo folclórico mais antigo da diáspora açoriana, na Casa dos Açores do Rio de Janeiro. Destaque para a estreia do Grupo Folclórico “Amigos do Tomaz Borba” formado por componentes dos grupos folclóricos das Casas dos Açores de Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que estarão no primeiro Encontro de Folclore Açoriano, que conta com intercâmbio de modas do folclore açoriano entre elementos dos referidos grupos.
Ao Sul do país, no dia 30, Andrade visita a Casa dos Açores do Estado do Rio Grande do Sul, em Gravataí.
No dia 1 de outubro, o diretor regional continua no Rio Grande do Sul para visitar, de forma solidária, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, com direito à audiência com o secretário de Estado do Desenvolvimento Económico, no Centro Administrativo do Estado. Outra visita está agendada à Prefeitura Municipal de Porto Alegre, também em tom de solidariedade, incluindo uma audiência com o vice-prefeito, no Paço Municipal.
A deslocação oficial termina nesse mesmo dia com chegada à Ponta Delgada no dia 2 de outubro.
Olivéria Santos tem 48 anos. Nasceu a 7 de maio de 1976 e é natural da Vila de Água de Pau. Em 1996 foi para Portalegre estudar Jornalismo e Comunicação, mas diz que o seu objetivo era voltar. A paixão pelo jornalismo levou-a a passar pelas rádios Atlântida e TSF Açores, por revistas como a Rotações e a Factos, jornais como Açoriano Oriental, Correio dos Açores, Diário dos Açores e Açores 9.
Em relação ao jornalismo, está certa de que “infelizmente ainda é uma profissão que não é devidamente reconhecida”, pois é “mal paga e falta muito ao jornalismo cá na região”, por isso ficou “muito desiludida”.
DL: Agora que é deputada, como olha para o jornalismo que se faz na região?
Noto que realmente eu tinha razão, porque quando venho para o Chega venho para fazer assessoria, na altura ao grupo parlamentar, começo a ver que se não faço uma nota de imprensa não sai nada sobre o Chega na imprensa. E não se trata de má vontade, são as redações que não têm hipótese de sair, de ir a conferências de imprensa ou fazer entrevistas. Felizmente na altura houve este convite para vir para a assessoria de imprensa do CHEGA mas eu já estava seriamente a pensar em mudar e sair do jornalismo.
DL: Como recebeu o convite para assessorar o Chega/Açores?
Fiquei muito contente. Senti um misto de desafio e alegria. Mas sempre pensei que ia correr bem. Na altura já conhecia o Chega, não tão profundamente, porque foi um processo de aprendizagem mas conhecia o José Pacheco, pela proximidade de terras e porque já tínhamos convivido em termos sociais. Havia coisas que concordava plenamente, outras que ficava na dúvida porque só sabia o que a comunicação social dizia. E muitas coisas eram retiradas do contexto e ainda assim acontece porque passam uma mensagem errada da verdadeira mensagem que o Chega quer passar. E estou a cada dia mais convencida que estou onde eu queria estar.
DL: Há medo por parte da comunicação social em relação ao Chega?
Eu acho que sim. Ainda recentemente comemorou-se os 50 anos do 25 de abril e fiz uma declaração política na Assembleia em que falava de democracia. A democracia é isto, é eu poder ser livre ao ponto de poder ingressar num partido como o Chega. Um partido que veio mostrar que pode ser diferente. O 25 de abril deu-nos essa liberdade de podermos escolher. Há discriminação, claramente, devido a uma tolice que foi inventada a nível nacional por comentadores de que é um partido racista, xenófobo, homofóbico. Racista nunca fui, xenófoba também não, homofóbica muito menos, e nem sequer tenho que andar a dar explicações porque é que não sou racista, pois eu sou um ser humano, não aceito que me obriguem a provar que não seja. Não tenho de provar nada a ninguém, simplesmente não sou e o partido também não é. Se há pessoas no partido que são racistas, xenófobas ou homofóbicas isso existe em todos os partidos e em toda a sociedade.
DL: De que forma, enquanto deputada e lagoense, pode contribuir para a Lagoa?
Eu acho que já estou a contribuir. O facto de ser natural e viver em Água de Pau, ser do concelho da Lagoa, e de ter sido eleita, só isso já contribuiu para ajudar o concelho. E não porque eu vá fazer medidas concretas para a Lagoa. Falo-ei se efetivamente houver alguma situação. Ao ser deputada já estou a beneficiar a Lagoa, porque tudo o que fizer terá como objetivo ajudar os açorianos e aos ajudar os açorianos estou a ajudar os lagoenses e pauenses. Por exemplo, uma das nossas bandeiras: prioridade nas creches para as famílias que trabalham. Se essa medida for aprovada vai beneficiar também os lagoenses. Os idosos, o aumento do cheque pequenino. Os da Lagoa e de Água de Pau também vão beneficiar. As nossas medidas acabam por beneficiar todos os açorianos, inclusive os residentes no concelho da Lagoa. Por exemplo, uma situação que me lembro foi a da ajuda aos pescadores da Caloura. Havia ali um problema e ainda há, não está resolvido, com a zona protegida da Caloura e nós colocamos um projeto de resolução na Assembleia a pedir que fosse criado um regime de exceção para os pescadores da Caloura para poderem ir ao mar a partir daquele porto. Os pescadores conhecem-me, vieram falar comigo, eu sou filha de pescador, é um setor de atividade que me é muito próximo e isso permite-me conhecer alguma da realidade. Vivi com o meu pai e tios a falar da pesca e fui aprendendo com eles. E essa foi uma situação que me chamou a atenção e trabalhamos nisso. Este é um caso concreto relativo a Água de Pau. Mas se fosse a mesma situação no Porto Formoso, em São Mateus ou no Corvo teríamos feito o mesmo. Eu por ser de Água de Pau não vou fazer medidas só para Água de Pau. Sou uma deputada eleita pela ilha de São Miguel, natural de Água de Pau, mas todo o meu trabalho será em benefício dos Açores, sendo certo que qualquer uma dessas matérias irá ajudar também os habitantes da Lagoa e, claro, os de Água de Pau.
DL: O que é que falta à Lagoa?
A Lagoa está abandonada, precisava de ser mais potenciada. Há aqui um trabalho muito grande que cabe à Câmara Municipal, não ao Governo. No que diz respeito a Água de Pau sinto que o poder local afastou-se. Parece que é aquela freguesia que não faz parte do concelho da Lagoa. Qualquer pessoa que vá ao concelho da Lagoa e fala, por exemplo, com uma pessoa do Rosário, de Santa Cruz, e pergunta de onde é, ela responde que é da Lagoa. Se perguntarmos a um pauense ele vai responder que é de Água de Pau.
A Lagoa está no meio da ilha de São Miguel, está próxima de todos os concelhos, temos uma beleza lindíssima. Podíamos ser mais usados e apostar mais nos jovens e nas jovens empresas, motivá-los, não ser só um dormitório. É isso que falta, motivar e chamar as pessoas para investirem no concelho.
DL: Quanto ao futuro. Os resultados nas legislativas surpreenderam ou motivaram-vos mais ainda?
Surpreendidos não fomos. Quando entrei no Chega e vim para assessora de imprensa, não me passava pela cabeça que a seguir iria ingressar numa lista em segundo lugar. Foi um trabalho que fomos trilhando. Fui acompanhando o José Pacheco e passei a chefe de gabinete porque o jornalismo deu-me uma bagagem grande. Claro que estamos sempre a aprender mas isso ajudou bastante. Os cinco deputados eram a nossa meta. E esse crescimento acarreta uma grande responsabilidade e não podemos defraudar as expetativas de quem votou em nós. Acreditamos que esse crescimento vai continuar aqui nos Açores. O Chega veio para ficar, a nível nacional vai chegar ao segundo lugar e quem sabe daqui a uns anos formar governo e ter um Primeiro ministro, porque o paradigma está a mudar, o contexto social e a vida económica mudaram e os partidos também têm que acompanhar essa mudança. O Chega é um partido que acompanha essa mudança, o PS e o PSD não acompanharam, nem estão a seguir o rumo que a sociedade precisa. São partidos que estão ultrapassados e que deviam, para o seu próprio bem e sobrevivência, acompanhar os novos tempos. E, depois, temos um país tão pequeno mas com tantos casos de corrupção. E quem é que se lixa? Somos nós que pagamos impostos. Eles ficam com o nosso dinheiro e não são culpabilizados por isso e a justiça é lenta, os processos acabam por prescrever. É preciso inverter esse estado de coisas, pois o sistema está podre. As pessoas entram na política não a pensar no que podem fazer para melhorar a vida do vizinho, mas sim em que é que podem beneficiar com isso. Não é correto. Eu entrei na política com uma missão, pois quero estar aqui para defender aquilo em que acredito, segundo a minha ética. Não vim para ter benefícios pessoais, embora tenha obviamente o meu ordenado. Eu vim a pensar em que posso melhorar a vida das pessoas, nem que seja uma coisa mínima.
DL: Falta empatia na política?
Falta imensa empatia e compaixão. Às vezes entra-se na estratégia política, chega-se ao ponto de ferir e de ir para a esfera pessoal, ultrapassa-se certos limites. Falta empatia, compaixão e solidariedade. Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti. Mas estou muito otimista, pois esta legislatura começou muito bem e houve uma mudança de entendimento, uma aproximação do presidente do Governo regional ao Chega. Acredito que se as coisas continuarem assim, podemos todos trabalhar juntos e levar a legislatura a um bom rumo.
Nasceu na freguesia de São Roque, em Ponta Delgada, em 1971, naquela que considera ter sido a “pior época do Estado Novo”. Foi na freguesia onde cresceu que ganhou o gosto pelas romarias, pela música e pelo Espírito Santo, e entre as histórias que nos conta confessa que: “tenho muitas histórias que tropeço nelas, pois grande parte da minha vida não a planeei”.
A entrada que considera “mais a sério” no mundo da política aconteceu a meias com o seu amigo Paulo Gusmão devido à admiração pelo antigo líder do CDS-PP, Manuel Monteiro. Mas é em 2005 que José Pacheco se muda para a Ribeira Chã, na Lagoa, e inicia um projeto pessoal enquanto designer gráfico. Depois do CDS-PP, passou pelo PPM e mais tarde esteve no PSD/Lagoa como independente e é quando estava de saída do partido com o qual diz não se identificar que recebe o telefonema de Diogo Amorim Pacheco do Chega.
DL: Como reagiu quando descobriu que iria ser deputado pelo Chega?
Eu nunca quis ser deputado na vida, mas eu preparei-me durante meses e acreditava. Já o Carlos Furtado não acreditava. E eu até disse a ele que íamos eleger em São Miguel, na compensação e se corresse bem até podíamos eleger na ilha Terceira. Eu acreditava nisso. Mas na Terceira também nos correu mal e só mesmo perto das eleições percebemos onde estávamos metidos. Mas a vida é assim mesmo.
DL: Que balanço faz do primeiro mandato?
Foi bom, eu preparei-me. Aprendi desde muito novo que um dos maiores perigos da política é o deslumbramento. Estou sempre a dizer isso aos meus colegas. O pior não é errar ou dizer uma asneira, é deslumbrar-se. Há que ser sempre muito humilde. E peço a Deus, todos os dias, para que me dê essa força. Eu gosto tanto da minha terra que eu podia ser deputado nacional e eu não quis. Tive muitas oportunidades na minha vida de sair daqui.
DL: Acredita que é possível o Chega alcançar o poder?
Eu acho que tudo é possível. Não nos podemos pôr em bicos de pés, mas se amanhã me baterem à porta a dizer que vou ser presidente do Governo regional, então, sim senhor. Eu nunca virei as costas a um desafio. Mas se me perguntarem se quero ser presidente do Governo? Não. Também nunca quis ser deputado. Mas se me disserem que é esta a minha missão, então pronto. A política é madrasta e muito má para as pessoas, por isso encaro a política com muito humor, com muito jogo de cintura.
DL: De que forma, enquanto deputado e lagoense, pode contribuir para a Lagoa?
É possível na medida em que tenho até contribuído. Não faço grande bandeira disso até por uma questão de alguma reserva. Se eu começar a falar demasiado das coisas que vou puxando para a Lagoa, a certa altura vão dizer que vou puxar para mim próprio, mas não. Há uma história sobre as luzes do Pisão. Isso levou-me dias a decidir se eu punha ou não no compromisso com o Governo anterior. Foi das poucas coisas que eles cumpriram. Eu achava que aquilo estava devasso e que precisava de iluminação, porque não tinha e era uma coisa simples e barata de se fazer. E já está.
Há mais coisas que tenho visto mas prefiro sempre não falar nisso porque sou deputado dos Açores. Não puxo para minha ilha nem para a minha freguesia, nada. Agora quando eu ando por cima dos problemas doi-me a alma e vou fazendo isso mais discretamente. Sou lagoense sou, adoptado, mas não quero que pensem que sou o deputado da Lagoa, pois sou deputado dos Açores. Foi sempre esse espírito que eu tive e, aliás, eu disse aos meus colegas que aqui no nosso grupo parlamentar não há deputados das Flores, nem da Terceira nem de São Miguel, aqui há deputados dos Açores. Mas, sejamos honestos intelectualmente, se nós estamos a ver as coisas com mais frequência porque moramos e passamos nos sítios é natural que nos chame mais atenção. Por exemplo, no outro dia chamaram-me atenção para o estado de uma estrada em que outrora passava muito mas atualmente não. Que é aquela que liga a Vila Franca do Campo à Achada das Furnas. Ligaram-me duas ou três pessoas sobre isso e têm razão. No dia a seguir tive uma reunião com José Manuel Bolieiro e disse-lhe que já tinha ido ver a tal estrada e realmente tem que se fazer alguma coisa. Eu acho que é assim que se deve estar na política.
DL: O que é que falta à Lagoa?
A Lagoa tem um problema grave. O empresário Norberto Ponte uma vez disse uma coisa muito engraçada que eu fixei. A Lagoa precisava de ter uma Torre Eiffel. Ou seja, a Lagoa não tem nada icónico. Quase todos os concelhos têm algo, mas a Lagoa não tem. É muito dormitório, na periferia de Ponta Delgada. Sempre teve boa restauração, mas não se pode criar artificialmente coisas icónicas. Caiu-se muito no ridículo, por exemplo, com festivais como o “Lagoa Com Vida” que era copiar o que os outros fazem e fazer concorrência, deu prejuízo.
Por exemplo, o Império de São Pedro eu já disse à presidente da Câmara Municipal que no meu entender, e mesmo o de Ponta Delgada, que nunca devia ser a autarquia a organizar. Teria que existir uma comissão independente. É uma concorrência desleal aos outros impérios que fazem como podem. É desleal e desvirtua. O poder político nunca deve estar na Igreja nem a Igreja deve estar no poder político. Isso desvirtua o que é o Espírito Santo.
DL: Considera a Fábrica do Álcool icónica?
Eu não acho. Tenho todo o respeito pelo património e penso que se pudermos fazer algo de positivo, sim, mas não vamos fazer daquilo a Torre Eiffel porque nunca vai ser. Acho que se vai enterrar ali milhões e vai-se fazer experimentalismos. Nunca se esqueçam do Parque Tecnológico do qual se falava que ia ser mas neste momento já não é.
DL: Como encara o crescimento do Tecnoparque na Lagoa?
Acho que devíamos esquecer a parte da tecnologia, que até pode lá estar, e transformavamos aquilo num parque multiusos com algum ordenamento paisagístico. Penso que se prenderam muito a um conceito que nunca funcionou nem vai funcionar. Está lá o Nonagon mas quem lá vai percebe que aquilo é nada.
DL: E a freguesia onde reside, a Ribeira Chã?
A Ribeira Chã tem sofrido um desinvestimento há dezenas de anos. Até fui lá candidato e na altura já explicava isso aos miúdos que tocavam música comigo. Se nós não criarmos habitação vocês vão desaparecer todos daqui. E eles desapareceram todos de lá. É normal pois temos que criar âncoras. Eu tive projetos para aquela zona. Um deles era criar um parque de campismo. Não quer dizer que é a solução, é uma das soluções. Ali tínhamos o espaço certo, temos miradouros e praias. É das coisas mais fáceis de fazer porque há lá muito espaço. Eu acho que também há uma falta de vontade. Temos uma vereadora que mora na Ribeira Chã, ela não vê o que falta? Ninguém se preocupa com nada, a Ribeira Chã está completamente esquecida.
Aquela visão que o padre Flores teve de fazer de um pequeno lugar, um Centro Cultural Urbano, essa visão ninguém a percebeu e deixaram morrer.
Há uma que vou guardar para a minha vida que foi o esforço pessoal que eu tive para criar os Filhos da Terra e que é a única coisa que vou agradecer à Cristina Calisto que foi ter-nos arranjado um espaço que estava abandonado e fechado por capricho. De resto eu dizia tantas vezes que não queríamos dinheiro, queríamos era tocar.
DL: Como encara o facto de Cristina Calisto suspender o mandato de deputada?
Eu acho que isso não se deve fazer, isso é enganar as pessoas. Não foi só ela, houve uma data de autarcas e isto é do pior que a política tem. Por isso é que as pessoas não acreditam na política. Então eu digo que agora eu vou ser deputado, vou defender vocês todos. No dia a seguir, sou eleito e digo que estava a brincar e que afinal vou para a câmara porque afinal não vou para o governo? Nunca tive nada contra a Cristina Calisto, até fico com pena. Mas acho que o PS está há demasiado tempo na Lagoa e eu gosto muito da mudança.
DL: Nas legislativas nacionais o Chega aparece como terceira força política na Lagoa. Como vê isso?
Isso vale o que vale, porque já ando nisto há algum tempo e sei que as coisas às vezes não são assim tão lineares. Agora traz-nos grande responsabilidade. Eu acho que temos uma autarquia extremamente fraca e que não faz ideia para onde caminha ou o que está a fazer e o que quer para o futuro. Gere o dia a dia como um cata vento e isto é preciso dizer às pessoas. Como é que se conseguem perpetuar no poder? Comprando os votos. São as latas de tinta, são as obras em casa, são as festaloras. Isso não enche a barriga a ninguém e muito menos garante o futuro aos nossos filhos. Esses senhores quando saírem vão deixar zero na Lagoa.
DL: A nível regional, como é que encara este novo ciclo político? Vai chegar ao fim do mandato?
Pode chegar, mas não depende de mim, depende deles. E eles sabem disso e essa conversa já tivemos. Neste momento, se me perguntarem “as coisas estão a correr bem?”, “estão excelentes, não estão bem, estão ótimas”. Tem havido um diálogo constante, não só com o presidente do governo. Eu acho que eles aprenderam alguma coisa. Penso que eles também tinham um problema (ou dois) complicado chamado CDS-PP. O Artur Lima e Paulo Estêvão entalaram isso tudo. Eu e o Paulo Estêvão andamos mais brigados, mas um dia destes fazemos as pazes. Eu sou amigo do Paulo há muitos anos mesmo. Já nos conhecemos há muitos anos. Não podemos casar uns com os outros, temos é que nos respeitar.
Francisco César foi eleito Presidente do PS/Açores com 93.3% dos votos, em eleições diretas que se realizaram este fim de semana, anunciou o partido socialista açoriano.
Num ato eleitoral em que foram chamados às urnas 4.720 militantes socialistas, em 46 mesas distribuídas pelas nove ilhas dos Açores, foram ainda eleitos os 150 delegados ao XIX Congresso ordinário do PS/Açores, que se realizará entre em setembro próximo, na ilha de São Miguel.
Francisco César, citado na mesma nota, realçou que este resultado significa que o Partido Socialista “está vivo, motivado e muito empenhado na construção de um Novo Futuro para os Açores”.
Ao comentar os resultados eleitorais, o novo presidente do PS Açores salientou que “o resultado expressivo destas eleições revela que os militantes compreendem e partilham as prioridades que foram estabelecidas na Moção Política de Orientação Global”.
A este propósito, Francisco César reiterou as principais prioridades do novo mandato. “Não há desenvolvimento sem uma verdadeira aposta na Educação, não há bem-estar social sem habitação acessível e um rendimento digno e não há Estado Social, em todas as suas dimensões, como, a Saúde, apoio à infância, à velhice e ao infortúnio, e novamente, a Educação, sem a sustentação de uma economia pujante e diversificada, que produza com valor acrescentado e remunere bem os trabalhadores”, lê-se, no mesmo comunicado.
O novo líder do PS/Açores garantiu que “os açorianos sabem que podem contar com o PS/Açores para exercer uma oposição responsável, que escrutine a ação governativa e, em diálogo com a sociedade açoriana, apresente e concretize soluções concretas que permitam desenhar um Novo Futuro para a Região”.
Francisco César é o sétimo presidente do Partido Socialista dos Açores, sucedendo a Vasco Cordeiro.
O PSD Lagoa, em nota de imprensa enviada às redações, lamentou esta terça-feira, 9 de abril, o que diz ser “o avultado valor gasto pela Câmara Municipal em projetos para a Baía de Santa Cruz”. Os social-democratas acusam a autarquia lagoense de “mais propaganda, numa requalificação sem fim à vista”.
No comunicado que fizeram chegar às redações, os social-democratas referem que a “gestão socialista da autarquia” ignora a realidade e “a exigência de um pensamento estratégico para todo o concelho”.
“O atual executivo camarário deve explicar a diferença deste projeto em relação ao que a senhora presidente apresentou em 2017, em plena campanha eleitoral, ou mesmo ao projeto apresentado ainda pelo seu antecessor”, afirma a comissão política social-democrata. O PSD local pede, por isso, que se esclareça se o projeto “não foi realizado devido à Covid-19 ou porque o não estava de acordo com o Plano Diretor Municipal”.
Desafiando, ainda, a autarquia, a comissão política social-democrata afirma que o executivo deve “prestar contas à população sobre os projetos anteriores e garantir que os recursos públicos sejam utilizados de forma eficiente e transparente”, enquanto acusa a autarquia de exigir ao Governo regional “a construção de um pontão, mesmo sem conhecer qualquer estudo de viabilidade”.
Para o PSD Lagoa, “o projeto socialista está esgotado” e, além das críticas à gestão da requalificação da Baía de Santa Cruz, acusam ainda a Câmara Municipal de se focar “quase exclusivamente” na requalificação urbanística do Tecnoparque.
“Acontece que a Lagoa e os lagoenses não vivem exclusivamente do Tecnoparque, e de tudo o que lá é construído, em terrenos oferecidos a preço de saldo”, acrescentam os social-democratas, enquanto reivindicam a “urgência de um novo plano de desenvolvimento para futuro do concelho”.
Alexandra Manes
Findo este processo eleitoral, às legislativas nacionais, há, sem sombras para dúvidas, duas figuras que se destacam pelos resultados obtidos: André Ventura e Rui Tavares.
André Ventura pela subida exponencial no número de votos e pelos 48 deputados/as eleitos/as e Rui Tavares pelo aumento significativo de deputados/as conseguido, tendo passado de representação a grupo parlamentar, situando-se bem próximo do número conseguido pelo BE, por exemplo.
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, na minha perspetiva, o maior derrotado da noite terá sido Luís Montenegro, pois não conseguiu o pretendido, nem tão pouco um aumento considerável de votos. Aliás, não conseguiu descolar-se verdadeiramente do conseguido pelo seu antecessor, Rui Rio, e sem CDS e PPM teria conseguido ainda menos.
Montenegro tem uma tarefa difícil pela frente, pois já percebeu que sem o apoio do chega não consegue governar. Ele sabe o dilema. Disse que “não é não” e caso retroceda na palavra terá traindo o seu eleitorado, tal como sabe que com o apoio e as cedências ao chega, o governo desmorona em meses.
Nem Montenegro sabe como vai convencer a máquina e as “forças vivas” do PSD de que é capaz de formar o “governo estável” que lhes promete. É que os apoios têm de ser recompensados, pois não há almoços grátis e Roma não paga a traidores.
A ingerência de Marcelo Rebelo de Sousa foi um erro crasso. Escolheu um lado e em dia de reflexão interveio, enviou uma mensagem encapotada e não o devia! O povo, a quem se fartou de beijocar, não lhe perdoará!
No fim da noite de domingo, Marcelo meteu-se no carro e foi para casa. Não quis falar à RTP. A golpada não lhe saiu bem. Fica com o Montenegro ao colo, mas vai ter que puxar por todo o seu engenho para descobrir o que fazer com o Chega. Foi um jogo de azar.
Por outro lado, Pedro Nuno Santos proferiu um bom discurso, assumindo o papel de líder da oposição, não atacando, nem ostracizando o eleitorado do chega, referindo que não há um milhão de portugueses racistas e xenófobos. Também não acredito que haja um milhão, mas ontem percebeu-se que há claramente quem se identifique com a ideologia que o chega preconiza.
O Bloco de Esquerda manteve o seu grupo parlamentar, tendo elegido três deputadas e dois deputados, dos quais destaco Marisa Matias pelo um trabalho de excelência feito no Parlamento Europeu, conhecedora de dossiers importantíssimos no que aos Direitos Humanos diz respeito. Uma mais-valia ao parlamento nacional, sem dúvidas.
Estou certa de que o BE, embora sem ter alcançado o resultado desejado, continuará a defender intransigentemente o Estado Social e a justiça social.
Relativamente aos deputados eleitos pelos Açores, a única novidade é a entrada de um deputado do chega que já deixou bem claro o que irá fazer no parlamento: gritar! Nada de novo, portanto.
Agora, mesmo ainda faltando conhecer os resultados dos círculos exteriores a Portugal e que poderão alterar o cenário, é hora de uma profunda reflexão interna, nos partidos de Esquerda.
Nunca a Esquerda baixou os braços ou virou as costas ao seu país. Não será agora!