
O diretor artístico da MiratecArts e fundador do Cordas World Music Festival, Música no Forte, e outros projetos com sede nos Açores, é o embaixador da comitiva da WHY Portugal à Womex na Finlândia.
“Não interessa onde estou no mundo, levo sempre Portugal no bolso,” admite Terry Costa. “Por isso, é uma honra representar e apoiar o grupo de agentes e artistas da música portuguesa que investem na sua promoção no maior evento internacional do setor.” Nos seus trinta anos como agente cultural, Terry Costa recebeu, entre vários galardões, o Prémio de Excelência – Personalidade do Ano, no Iberian Festival Awards 2025.
A WHY Portugal é o gabinete de exportação de música do país, que atua em prol de todos os setores musicais portugueses. Womex é o maior evento de networking de músicas do mundo, que inclui conferência, feira e showcases de concertos e filmes. A trigésima primeira edição acontece esta semana na cidade de Tampere, na Finlândia.
Algarpalcos, Ardósia, Espelho de Cultura, Locomotiva Azul, Produtores Associados, Repasseado e Uguru são as empresas em destaque através desta missão WHY Portugal na Finlândia, representando o espírito sonoro e criativo de Portugal.
A WHY Portugal atua de forma bidirecional junto da indústria da música em Portugal e dos showcases festivais e outros parceiros estratégicos internacionais, e mantém presença online através das redes sociais e do site whyportugal.org que é aberta a todos os profissionais dos setores musicais em Portugal.

O cantor, compositor, músico instrumentista e produtor musical português, José Cid, vai atuar no último dia das Noites de Verão de 2025 em Ponta Delgada, encerrando um programa eclético que foi desde o folclore ao rock.
No sábado, dia 13 de setembro, pelas 21h30, vai ser possível ouvir na Praça Gonçalo Velho Cabral, José Cid a cantar grandes êxitos como “Um Grande, Grande Amor”, “Vem viver a vida amor”, “Cabana Junto à praia”, “Cai Neve em nova York”, “Como O Macaco Gosta de Banana”, entre outros.
José Cid tem uma vasta carreira musical, desenvolveu diversos projetos onde colaborou com grandes nomes como a poetisa Natália Correia e destacou-se em vários momentos do seu percurso artístico, como por exemplo, quando foi teclista e vocalista do Quarteto 1111, um dos mais inovadores projetos musicais portugueses de que há memória.
Neste dia, enquanto uns recordam músicas que marcaram o panorama musical português, os mais novos podem se divertir nos pula-pulas instalados no lado sul da Igreja da Matriz, a partir das 21h00.
Já na quinta-feira, 11 de setembro, pelas 21h00, circula pelas ruas do centro histórico da cidade a animação itinerante “Gaita que berra, Gigante que dança”, da Associação Tradições e a 12 de setembro, pelas 21h00, a estrear o Palco da Praça Gonçalo Velho, estarão os Engle, para um serão bem animado, em tom de despedida das Noites de Verão.

Nuno Martins, 41 anos, é um cantor de música popular portuguesa nascido e criado no Cabouco, Lagoa. Este ano completa 20 anos de carreira a solo e tudo começou quando um amigo lhe disse: “Tu tens jeito para a música, porque não investes na tua carreira musical?” Logo começou a trabalhar em temas, instrumentais e, “numa brincadeira”, conta ao Diário da Lagoa, o primeiro espetáculo – na Ribeira Seca – onde o palco era a caixa de um trator.
Desde pequeno que Nuno Martins está ligado ao mundo da música. Vem de uma família relativamente grande em que é o único artista, o que nunca o impediu de se envolver e participar em projetos relacionados com essa vertente artística na escola, a partir dos quais ganhou prémios e era sempre incentivado pelos colegas de turma. Mais tarde, integrou o Grupo Estrelas da Noite daquela freguesia, também de música popular, mas já extinto, durante seis anos.
“Sempre a subir” é como carateriza a sua carreira musical ao longo dos anos. “É difícil dizer algum sítio em que eu não esteja” a nível de concelhos da ilha, afirma. Já atuou em todas as ilhas dos Açores, menos em São Jorge, e passou pelos Estados Unidos, Canadá e Bermudas, destinos onde é “sempre muito bem recebido”, diz. Realça ainda o carinho por parte da diáspora açoriana espalhada pelo mundo: “Eles estão sempre a chamar, mas nem sempre há possibilidade”, refere.
Nuno Martins destaca como as suas inspirações musicais Tony Carreira, para quem já fez a primeira parte do concerto, na Lagoa; Fernando Correia Marques e José Malhoa, para quem também vai iniciar o espetáculo em breve. “Tenho tido grandes oportunidades aqui na Lagoa para abrir para grandes artistas” e por isso sente-se agradecido, sublinha. No passado, já o fez também em concertos de artistas como Matias Damásio, Bárbara Bandeira e João Pedro Pais.
Atualmente trabalha como barman, ocupação que concilia com a vida de artista porque “infelizmente nos Açores não podemos fazer vida da música” e “temos de fazer pela vida”, aponta o cantor. Apesar de um pouco de cansaço, Nuno Martins acrescenta que com “tudo muito bem organizado, consegue-se conciliar tudo”, ao mesmo tempo que revela que a sua agenda, muitas vezes, já é marcada de um ano para o outro.
“Como tudo na vida”, Nuno Martins considera que a sua carreira a solo tem altos e baixos, mas faz um balanço destes 20 anos “muito positivo” e imagina-se a cantar “até que a voz [lhe] doa”. Toca essencialmente covers, porém, do seu reportório musical constam quatro temas originais: “Eu gosto de ti”, “Baila baila”, “Quando olhas pra mim” e “Sonho de menino”. No futuro, quer conhecer mais, além-fronteiras.
Contudo, um dos momentos baixos do seu percurso foi a pandemia da covid-19 que obrigou o artista a fazer espetáculos exclusivamente online. “Temos o carinho do público mas é virtual”, partilha. O cantor volta a realçar o especial apoio dos emigrantes açorianos, que continuaram a acompanhá-lo apesar das dificuldades. Ainda assim, sente repercussões até hoje e acredita que “a alegria do público nas festas não é a mesma”.
O último espetáculo da época será nas Festas de Nossa Senhora da Misericórdia, dia 29 de setembro no Cabouco. Mas no resto do ano não fica parado: além das festas populares no verão, retoma atividade em eventos privados como jantares de Natal, na passagem de ano, no Dia das Amigas, dos Namorados e de São Martinho. Em outubro começa a fazer as marcações para a próxima época, para a qual já tem convites.

O claustro do convento de Santo António, na freguesia de Santa Cruz, cidade da Lagoa, vai receber o concerto Wave Jazz Ensemble, que terá lugar no próximo dia 18 de julho, pelas 21h30.
Segundo comunicado da Câmara Municipal de Lagoa, a iniciativa acontece no âmbito das comemorações dos 25 anos do Festival AngraJazz.
“Trazendo a magia do jazz a um dos sítios mais emblemáticos do concelho, este espetáculo promete uma noite envolvente, marcada por ritmos sofisticados e melodias intensas, numa simbiose perfeita entre a história do espaço e a liberdade criativa do género musical”, refere a autarquia lagoense na nota de imprensa.
O Wave Jazz Ensemble é um quinteto composto por músicos do panorama jazzístico nacional: Paulo Borges no trompete, Rui Melo no saxofone, Antonella Barletta no piano, Antero Ávila no baixo elétrico e Nuno Pinheiro na bateria.
Este concerto integra-se na programação cultural da autarquia da Lagoa que justifica como “uma oportunidade única para o público local e visitantes usufruírem de um momento artístico de elevada qualidade, num cenário intimista e histórico”.
A entrada é livre, mas sujeita à lotação do espaço.

O verão no concelho da Lagoa, ilha de São Miguel, vai ser animado com o ciclo “Cultura no Verão – Ritmos da Cidade”, uma programação que promete celebrar a diversidade musical e convidar a população a partilhar a paixão pela música, entre os meses de julho e agosto, em vários espaços públicos do concelho
A iniciativa parte da Câmara Municipal de Lagoa, sendo que arrancou no dia 6 de julho, com dois espetáculos: o concerto de Aspegiic “Viagem aos Sons da Música do Mundo”, nas Piscinas Municipais, e Clayton Carneiro, no Porto da Caloura.
Segundo comunicado, enviado pela autarquia lagoense, as atuações acontecem todos os fins de semana, com uma variedade de géneros que vão do tradicional ao contemporâneo, passando pela música popular, filarmónica, jazz e voz açoriana.
A iniciativa destaca artistas locais e regionais, como Rafael Carvalho, Anderson Ouro Preto, Luís Paulo, a Dupla Luís e Joana, Umbrella’s Dream, entre outros, atuando em locais como o Porto da Caloura, a Praça da República, o Polivalente, na Vila de Água de Pau, a Praça Nossa Senhora do Rosário e a Praça Nossa Senhora da Graça, no Rosário, a Reserva Florestal do Recreio da Chã da Macela, a Praça da República Portuguesa e o Merendário dos Remédios, em Santa Cruz, o Cruzeiro na Atalhada e a Praça D. Amélia, no Cabouco, entre muitos outros pontos da Lagoa.
Entre as propostas, a autarquia destaca o projeto da fanfarra “As “Modinhas da Nossa Infância”, como forma de valorizar a música tradicional. Esta fanfarra irá atuar no dia 27 de julho, pelas 17h00, entre a Praça Nossa Senhora da Graça e a Praça Nossa Senhora do Rosário, no dia 3 de agosto, pelas 18h00, entre a Praça da República e o Polivalente, na Vila de Água de Pau.
Ainda no registo da música popular, no dia 20 de julho, a dupla Luís e Joana trarão cantigas populares à Reserva Florestal do Recreio da Chã da Macela, com início pelas 15h00, e os “Amigos do Bailarico” irão animar a Praça do Rosário, pelas 16h00, e o Porto da Caloura, no dia 10 de agosto, pelas 16h00.
Segundo a autarquia lagoense, “Ritmos da Cidade” é um convite a redescobrir o concelho, “através da arte, da cultura e da partilha comunitária”. O encerramento está previsto para o dia 31 de agosto, com um desfile pelas ruas entre Santa Cruz e o Rosário, da fanfarra “As Modinhas da Nossa Infância”.
A Câmara Municipal reforça, por fim, o convite à participação de residentes e visitantes, numa celebração conjunta da música, da identidade local e do espírito comunitário que define o verão lagoense.

O músico vem do município de Ourém e o seu percurso musical inicia numa banda filarmónica, já aos oito anos. “Foi o meu primeiro contacto com a música”, diz Tiago, que começou a tocar oboé e bateria desde criança, passando também pelo conservatório, onde tocou piano.
A sua admiração pelo oboé inicia na banda filarmónica, “fiquei fascinado com o som”, explica, acrescentando que, nessa altura, ainda não era uma decisão tomada, a de seguir esse caminho. O artista começou por “explorar” e chegou a fazer parte “das típicas bandas de escola” durante a adolescência, onde tocava bateria, não deixando o oboé de lado.
Os seus estudos foram feitos no conservatório e, a dada altura, Tiago ponderou ser veterinário. É durante essa época que vem para os Açores realizar um ano sabático. “Fi-lo na Terceira, em Angra do Heroísmo, porque lá tinha veterinária”, explica ao DL.
Após um tempo, o artista percebe que seguir música era efetivamente o seu caminho, e realiza “provas” para as “Escolas Superiores de Música, de Lisboa e do Porto”. Acaba por escolher ingressar na Academia Nacional Superior de Orquestra, “na Metropolitana, em Lisboa”, onde tocava “oboé clássico”.

Após terminar os estudos, Tiago revela ter ainda incertezas sobre o futuro. Aos 24 anos começa por trabalhar numa “escola de artes ligada ao Festival de Músicas do Mundo”. Confessa que foi por esta altura que se começou a organizar em volta do oboé. Durante quatro anos lá ficou, e também montou com amigos um grupo onde tocavam instrumentos “ditos populares e eruditos”. Chegaram a fazer concertos e a tocar “no Festival de Músicas do Mundo”. Os próximos quatro anos da sua vida seriam passados no Brasil.
Tiago viaja para São Paulo, “a princípio”, à procura “do que fazer com a sua vida”. O artista tem aí a oportunidade de interagir com músicos do Circuito de Improvisação Livre de São Paulo, de gravar CDs instrumentais com outros artistas e teve ainda um trabalho de coordenação artístico-pedagógica para o maior projeto sociocultural do Brasil, o “Guri”. O não querer “viver numa cidade grande” foi um dos principais motivos que o fizeram regressar a Portugal.

Após o Brasil, é no Faial que escolhe passar os próximos tempos, de onde partia, “todos os sábados”, de barco, até às Lajes do Pico para dar aulas de oboé. Cria ainda o grupo de improvisação B.I.F (Bando de Improvisação do Faial), para a “criação de música em tempo real, com linguagem gestual” e lança uma pequena obra intitulada de “Cryptoneveda”. Tiago passou também por São Miguel, onde tocou na Sinfonietta de Ponta Delgada, durante uma semana.
É em São Jorge que vive atualmente, há três anos, e acredita que seja onde vá ficar. Neste momento, dá aulas a “algumas filarmónicas” e trabalha na elaboração do projeto que pretende levar a outras ilhas: a “Caravana dos Sons”, que consiste no transporte da sua música, a vários sítios, na sua carrinha. “A questão é que o município não precisa de montar a estrutura. Eu levo-a toda comigo”, explica.
Foi em abril que Tiago regressou a São Miguel e levou ao Mini Tremor, na Lagoa, o seu projeto “Oboé com Asas”. Tiago diz influenciar-se pelo ambiente onde toca e, mais do que isso, pelas expressões das pessoas que o ouvem.
Move-se pela liberdade que lhe traz a música e, num futuro próximo, deseja poder “tocar mais”, levando a sua arte a mais horizontes.

DL: Como começou o gosto pela música?
Quando ainda era criança, e ainda nem tinha aprendido a tocar um instrumento, seguia a filarmónica da minha freguesia, marchando atrás do senhor do bombo e cantarolando as marchas que a banda tocava na altura. Aos sete anos, ingressei na escola de música da Filarmónica União e Amizade da Lomba do Loução — que, infelizmente, está atualmente encerrada — e foi aí que iniciei os meus estudos musicais.
DL: Como foi o seu percurso até ao presente?
Depois da escola de música da filarmónica, decidi frequentar a Academia de Música da Povoação, na classe de trombone. Ao mesmo tempo, ingressei na Orquestra Ligeira da Câmara Municipal da Povoação como trombonista. Mais tarde, na mesma academia, comecei a frequentar as aulas de direção de banda, sob a orientação do professor Christopher Alexander, e foi aí que dei os primeiros passos como maestro.
Inicialmente, dirigi a Orquestra Ligeira da Escola Básica da Povoação e o Grupo Coral de Nossa Senhora dos Remédios. Aos 18 anos, fui convidado a dirigir a Sociedade Musical do Sagrado Coração de Jesus, do Faial da Terra, onde fui maestro durante 10 anos. Foi nesta banda que organizei o primeiro Workshop de Bandas Filarmónicas de São Miguel, uma iniciativa que contou com quatro edições e foi frequentada, em média, por cerca de 90 músicos oriundos de toda a ilha.
Aos 20, ingressei na Banda Militar dos Açores e estive ao serviço do Exército Português durante sete anos, sendo os últimos três na Banda Militar da Madeira.
Fui para a Madeira para tirar a licenciatura em Educação Musical e, paralelamente, fui maestro da Banda Paroquial de São Lourenço da Camacha. Durante esse período, venci o concurso de composição do Hino da Cidade de Santa Cruz, por ocasião da comemoração dos seus 500 anos.
Em 2014, ingressei na Escola Superior de Educação do Porto, onde completei o Mestrado em Ensino da Educação Musical. Enquanto estive no Porto, mantive a ligação com a filarmonia, colaborando com a Banda Musical de Calvos e com a Banda Musical de Amarante.
Ao concluir os meus estudos e regressar a São Miguel, fui convidado para ser maestro da Sociedade Recreativa Filarmónica Fundação Brasileira, da Orquestra Ligeira da Câmara Municipal da Povoação e, posteriormente, da Filarmónica Aliança dos Prazeres.
Estudei Direção de Banda com os maestros José Ignacio Petit, Paulo Martins e Alexandre Coelho. Atualmente, tenho o privilégio de continuar a aprender e a crescer profissionalmente ao lado do Maestro Délio Gonçalves, com quem mantenho uma colaboração enriquecedora.
Hoje, sou maestro da Banda Harmonia Mosteirense, mantenho a direção artística da Orquestra Ligeira da Povoação, sou diretor artístico da Gala Regional de Pequenos Cantores da Povoação – Caravela d’Ouro, e professor de Educação Musical na Escola Básica e Secundária do Nordeste.
DL: Quais foram as suas maiores adversidades durante a sua carreira?
Penso que a maior adversidade que enfrentei na minha carreira está relacionada com um grave acidente (atropelamento), que afetou significativamente os meus estudos e a prática musical, assim como outras oportunidades que, na altura, estavam ao meu alcance para seguir um percurso de vida diferente — ainda que sempre ligado à música.
DL: Nos dias de hoje, como é ser professor?
Atualmente, ser professor é um grande desafio, mas também uma enorme responsabilidade e privilégio. No meu caso, como professor de Educação Musical, sinto-me verdadeiramente realizado. Gosto muito do que faço e tenho a sorte de conseguir cativar os meus alunos para as minhas aulas. Ver o entusiasmo deles, o progresso que fazem e o modo como se envolvem com a música dá sentido ao meu trabalho e motiva-me diariamente. É gratificante perceber que, através da música, consigo criar um ambiente positivo, estimular a criatividade e contribuir para o desenvolvimento pessoal e emocional dos alunos.
DL: Sente-se reconhecido enquanto Maestro?
O maior reconhecimento que posso ter como maestro é a sorte de, em todos os grupos musicais que dirigi, contar com o envolvimento e o apoio de todos os elementos. A assiduidade nos ensaios, o espírito de compromisso e, acima de tudo, o facto de ter conseguido deixar uma marca positiva que contribuiu para a evolução de cada grupo são, para mim, sinais claros desse reconhecimento. Por isso, sim — independentemente do grupo ou da época, sinto-me verdadeiramente reconhecido como maestro.

DL: Como foi a experiência de dirigir a III Edição Entre a Lava e o Mar junto do Maninho (Phelipe Ferreira)?
Foi uma experiência incrível! Trabalhar aquele género de repertório e colaborar com um músico como o Maninho foi, sem dúvida, um momento marcante e extremamente enriquecedor na minha carreira. A energia durante os ensaios, a troca de ideias e a partilha musical foram inspiradoras. Ver a envolvência do público ao longo do concerto foi profundamente gratificante — e o feedback que recebemos após o espetáculo superou todas as expectativas.
Acredito que é fundamental mostrar que as filarmónicas têm capacidade para apresentar propostas diferentes, inovadoras e artísticas, aproximando-se assim das camadas mais jovens da nossa região. Projetos como este ajudam a quebrar barreiras, a renovar o interesse pela música filarmónica e a demonstrar a sua relevância no panorama musical atual.
DL: Conte-nos o seu papel na Gala dos Pequenos Cantores Caravela D’Ouro.
Na Gala Regional de Pequenos Cantores da Povoação – Caravela d’Ouro, sou responsável por toda a direção artística do festival. Elaboro a maior parte dos arranjos para a orquestra e para o coro, coordeno todos os ensaios coletivos e colaboro com a Maestrina Andreia Amaral na preparação dos ensaios individuais dos solistas.
Procuro sempre que o festival tenha um caráter pedagógico e que deixe uma marca positiva nas crianças que participam. Este ano, por exemplo, preparámos e ensinámos uma música tradicional da Povoação, intitulada Balho da Povoação. A minha intenção com iniciativas como esta é dar a conhecer às camadas mais jovens o nosso património musical, criando laços com a cultura local e garantindo que, no futuro, estas crianças tenham consciência e orgulho daquilo que é nosso — da nossa identidade e das nossas tradições.
DL: Fale do(s) seu(s) próximo(s) projetos.
Este ano, com a Banda Harmonia Mosteirense, para além dos serviços habituais de uma filarmónica, temos previstas várias atividades de destaque. Entre elas, uma deslocação às Sanjoaninas, na ilha Terceira, e um concerto na Festa do Emigrante, na ilha das Flores. Está também planeado um workshop sob a orientação do Maestro Délio Gonçalves, bem como um concerto muito especial com os Anjos, no Coliseu Micaelense, no dia 16 de novembro.
Daremos ainda continuidade à segunda edição do Festival de Bandas Tenente José Dias, iniciativa que visa valorizar o seu repertório e promover o intercâmbio entre bandas filarmónicas.
Com a Orquestra Ligeira da Câmara Municipal da Povoação, está igualmente previsto um concerto fora da ilha de São Miguel, noutra ilha do arquipélago, ainda durante este ano, reforçando o nosso compromisso com a descentralização da oferta cultural e a promoção da música ligeira açoriana.
DL: O que vê ou como descreve a sua equipa de músicos?
A Banda Harmonia Mosteirense é, acima de tudo, uma família! É composta por um grupo de músicos verdadeiramente apaixonados pela filarmonia e profundamente dedicados à sua banda. Esse espírito de união e entrega é, sem dúvida, meio caminho andado para o sucesso de qualquer filarmónica. A banda conta também com uma direção empenhada e incansável na busca das melhores soluções para garantir o seu crescimento e estabilidade. Esta direção é liderada por Manuel Fernando Almeida — um presidente exemplar, que nunca desiste de lutar pelo que acredita e que está sempre disposto a fazer o melhor pela sua “Fandanga”, como carinhosamente chama à banda.
No que diz respeito à Orquestra Ligeira da Câmara Municipal da Povoação (OLCMP), tenho a sorte de trabalhar com um grupo extraordinário — músicos dedicados, sempre disponíveis para aprender mais e motivados para abraçar todos os desafios que lhes proponho. Conto ainda com o apoio fundamental na direção artística do meu amigo João Pedro Resendes, que considero como um verdadeiro irmão mais velho, sempre presente e disponível.
Não poderia falar da OLCMP sem referir a figura do Vereador da Cultura da Povoação, Dr. Rui Fravica — um homem atento, comprometido com a cultura do concelho e particularmente dedicado à sua orquestra. Tem sido incansável em garantir as melhores condições para o nosso trabalho, ouvindo e atendendo com seriedade às necessidades da orquestra. Este apoio institucional é essencial para que possamos continuar a crescer e a levar a nossa música cada vez mais longe.
DL: O que tem a transmitir aos futuros talentos? 
Aos futuros talentos, diria para nunca desistirem dos seus sonhos. O caminho da música — como o de qualquer arte — exige dedicação, paciência e resiliência, mas é também um dos mais gratificantes que se pode trilhar. Que a paixão seja sempre o motor de tudo o que fizerem. Aproveitem todas as oportunidades para aprender, ouvir, errar e crescer. Rodeiem-se de pessoas que os inspirem e que acreditem em vocês.
E, acima de tudo, lembrem-se de que talento só floresce verdadeiramente quando é acompanhado por trabalho, humildade e amor pelo que se faz. Se acreditarem no vosso valor e forem fiéis à vossa essência, o vosso talento encontrará sempre o seu lugar.
«O Carlos, o Maestro. Conheci o Carlos num contexto completamente diferente do que qualquer casal normal, num concerto. Arrepiei ao vê-lo dirigir, porque o Carlos sente cada batida da música e todos o seguem sem exceção! O que me fez apaixonar por ele foi isso mesmo, o Amor e o Empenho que ele tem no que faz! Fui conhecendo muitos maestros, fui me inserindo neste mundo da música, sem desmerecer qualquer um, o Carlos é especial! Ele vive para a música, ele soa para a música, ele é música. O Carlos faz-nos muita falta e nem sempre foi fácil lidar com a sua ausência, mas sempre que me sento na cadeira para assistir a um concerto dele, volto a ter a mesma sensação do que no primeiro dia que o vi! E melhor que tudo isso é ver o Orgulho nos olhos da nossa filha! Eu tenho muito Orgulho no Homem, Marido, Pai que é, no fundo ele só está a viver o seu sonho e quem sou eu para lhe cortar as pernas? Seguimos juntos, pois o casamento é isto! Amo o meu eterno Maestro!»
JOANA SOUSA, ESPOSA
«Desde criança que o meu irmão Carlos tem uma grande paixão pela música, podemos até dizer que a música corre-lhe nas veias, um dom que Deus lhe deu, herança dos nossos avós.
DIOGO DE SOUSA, IRMÃO
Apesar da nossa diferença de idade, lembro-me perfeitamente que enquanto eu ia brincar com os meus amigos depois das aulas e, principalmente aos fins de semana, o meu irmão Carlos fechava-se no quarto a tocar música com os seus instrumentos, o que torna um exemplo enquanto músico.
Isto deve-se a todo esforço e dedicação ao longo dos anos, pois o Carlos sempre viveu para a música! Mas o Carlos não é só um grande profissional, enquanto músico ou professor, ele é um grande amigo meu e dos seus amigos, um filho exemplar e um grande irmão, no verdadeiro sentido da palavra, acima de tudo constituiu uma linda família que o apoia e ama muito.
Não há palavras para descrever o imenso orgulho que sinto em ser irmão do Carlos, um dos melhores músicos dos Açores. Abraço meu querido irmão!»

O artista Gonçalo Sousa, conhecido no mundo da música por THE BRAIN, lançou no passado dia 14 de março um novo álbum, intitulado, “Crisálida”. Trata-se de um projeto que conta com a colaboração de vários artistas micaelenses como Dusk e NIGGY.
O álbum já foi apresentado na Ribeira Grande e no próximo sábado, 19 de abril, será também dado a conhecer no Club Motard Independent, na freguesia da Faja de Cima, em Ponta Delgada, numa iniciativa da associação Basalto Cultural Associação de Artes.
Segundo nota de imprensa enviada pela associação cultural, THE BRAIN apresentará o seu trabalho acompanhado pelo DJ Amorim e conta também com outras surpresas.
Enquanto artista, Gonçalo Sousa, tem nos últimos sete anos traçado uma trajetória no mundo da música açoriana que o levou a publicar já um álbum e um EP, onde explora diferentes vertentes musicais e constrói a sua identidade artística.
Para o artista micaelense, “Crisálida” simboliza um processo de transformação e evolução, como o da lagarta que se encerra no seu casulo para se tornar uma borboleta, sendo que o artista encara a criação artistica também como uma proteção contra as adversidades, incluindo o bullying que diz ter enfrentado ao longo da vida, até à fase de jovem adulto. Ao longo do álbum, explora temas como o impacto que a opinião do público pode ter nos artistas.
O artista expressa-se sobre os comentários e críticas que, por vezes, afetam o processo criativo, mostrando uma vulnerabilidade que nem sempre é fácil de partilhar e reflete igualmente sobre a falta de união entre os artistas em São Miguel.
“Crisálida” é, assim, o reflexo da evolução pessoal, tanto enquanto artista como enquanto pessoa. Cada faixa representa um passo nessa metamorfose, mostrando que a sua arte está profundamente ligada a quem é.

“Dormir com as estrelas e acordar com o mar” – é assim que o rapper Shiny se dá a conhecer numa das suas músicas, “Brisa”, em que relata a sua conexão com a natureza dos Açores. “Se não fossem as ilhas, o meu álbum não existia”, partilha em conversa com o Diário da Lagoa. Em fevereiro, lançou as primeiras músicas do seu mais recente álbum, “Em Evol”, que dá continuidade a esta ligação, num processo de evolução pessoal e descoberta artística.
Vicente Brilhante tem 24 anos e é natural de Lisboa. Aos seis meses de idade, visitou pela primeira vez a ilha das Flores e, desde pequeno, que as cascatas e a vegetação do local o admiram. Habituado aos caos da capital, foi na ilha que encontrou a sua liberdade: “Flores sempre foram uma casa para mim. Sentia-me em liberdade, o que não tinha na cidade, porque a minha mãe não me deixava brincar na rua. E ali era o meu paraíso, os meus pais deixavam-me andar para onde eu quisesse.”
Todos os anos, no verão, o artista visita a ilha das Flores. E assim foi desde muito novo. Mais tarde, fez da ilha casa durante dois anos e, hoje em dia, reside em São Miguel – diz que o destino lhe “trouxe à Lagoa”. Nem em Londres, a estudar Finanças, se sentiu tão em casa como por cá, embora tenha sido uma experiência enriquecedora no que toca a aprendizagem. “Não me dou muito bem com o frio, nem com a falta de luz”, admite.
“Adoro estar aqui. Olho para o mar, infinito, e é isso que me inspira. Falo bastante do mar nas minhas músicas e da ligação com os elementos da natureza que nos rodeiam”, realça. Mas Shiny não é o único da família que sentiu essa conexão com os Açores. Também o seu pai, Jorge Brilhante, natural da Ericeira, apaixonou-se pela ilha das Flores, para onde se mudou em 2010. Atualmente, é proprietário do restaurante Maresia, na Fajã Grande. “Diz que é o sítio onde se sente melhor e ele já conheceu o mundo todo”, conta Shiny.
Aliás, apesar de nunca ter estudado música, foi o pai que sempre lhe introduziu a cultura musical. “Desde Bossa Nova, Tom Jobim, Chico Buarque, o próprio Cartola, que eu tenho uma sample numa das minhas músicas do novo álbum”, enumera. Perdia-se nesses sons. “Ele é muito eclético. Cresci a ouvir isso tudo e fez-me criar um leque de melodias dentro de mim”, acrescenta.

De entre milhares de notas guardadas no telemóvel, nasceu o novo álbum de Shiny – “Em Evol”. Inspirado na natureza do arquipélago que o rodeia, simboliza a “constante evolução a que nós somos e devemos ser sujeitos na nossa vida”, conta. Além disso, ao contrário lê-se “Love me” (ame-me, numa tradução literal), o que representa a sua “descoberta do amor próprio”, explica ainda o jovem.
Na capa deste álbum há três pontos principais: de um lado, Lisboa; depois, a ponte da lagoa das Sete Cidades, São Miguel; e, do lado direito, a ilha das Flores. No fundo, o triângulo que faz parte da vida de Vicente Brilhante. “Éden”, “Pico” e “Voo” são algumas das 24 músicas que compõem este projeto, lançado no dia 24 de fevereiro. “Acredito que faltaram alguns meses para ter feito o meu álbum ainda melhor. Se tivesse um orçamento maior, se calhar as pessoas entrariam mais no som”, reflete.
No entanto, reconhece que deu o seu melhor e orgulha-se de todas as pessoas que estiveram do seu lado na criação de “Em Evol”. Sem preocupações relativas às perceções dos outros sobre si, Shiny considera que “só expondo a nossa realidade é que as pessoas se podem identificar com isso”. E sublinha: “Não basta ter talento, tem de se ter visão.”
“Elevar as nossas ilhas é sem dúvida uma das minhas missões”, destaca Shiny. Em 2024, subiu ao palco do festival Monte Verde e já atuou na ilha das Flores e em Lisboa. Daqui a quatro anos, ambiciona estar no Altice Arena. À semelhança do músico madeirense Van Zee, que ganhou muito sucesso nos últimos tempos, acredita que é possível ser ilhéu e ter alcance a nível nacional. “Não tenho dúvidas que vou viver disto. Acredito muito em mim”, acrescenta.
“Se não fossem as ilhas, não existia o meu álbum. Se não fosse a minha experiência nas Flores, em São Miguel e Lisboa, não existia o álbum”, sublinha o jovem artista. E continua: “Tudo o que vem de mim é uma junção das minhas vivências. Todos os artistas deviam incorporar as suas experiências na sua arte.”
Quanto a outros artistas locais, garante estar disposto a colaborar com qualquer pessoa com quem se identifique. “Gosto de dar a mão ao outro. Não sou mais do que ninguém, somos todos indivíduos diferentes e acho que temos de crescer juntos”, declara ao DL. Contudo, sabe que nem todos pensam da mesma forma: “Ficam com receio de se juntar porque podem perder para o outro.”

A quinta edição do Festival Lava decorre na ilha do Pico, nos Açores, de 17 a 19 de abril, e este ano concentra-se no concelho da Madalena, ocupando diversos espaços públicos e privados. Segundo a organização, o evento “promete uma comunhão única entre promotores, artistas, patrocinadores e público na celebração da arte açoriana”.
O cartaz apresenta inovações, como a introdução das Lava Talks e os Almoços de Networking, iniciativas dedicadas a artistas e profissionais da cultura, promovendo o estabelecimento de sinergias e a partilha de perspetivas. Os temas em destaque este ano são: “Dupla Insularidade na Organização de Eventos: Desafios e Perspetivas” e “A Importância de Comunicar no Digital”.
O auditório da Madalena será o epicentro do festival entre os dias 17 e 19 de abril, com dois concertos Mini Lava, dedicados aos mais pequenos, que contarão com os Batukes, um projeto que combina música e sensibilização ambiental. O palco também receberá o Lava Ensemble, uma produção original do festival, com direção artística de Filipe Lemos e direção musical da maestrina Ana Terra, reunindo 18 elementos em cena. A Sociedade Filarmónica União e Progresso Madalense terá a honra de encerrar a programação no auditório.
Os espaços emblemáticos como o Cella Bar, Azores Wine Company, Cooperativa Vitivinícola do Pico, Café Concerto e Restaurante O Luís receberão performances de artistas como Valley Dation, Urze, Pó de Palco, Frederico Madeira e Oram.
A organização diz, ainda, que a “metamorfose do Lava Festival é real, com uma aposta na fusão entre tradição e contemporaneidade, no local e regional, sendo uma verdadeira montra da cultura açoriana para residentes e visitantes”. Por fim, a gastronomia e o vinho também ocupam um lugar de destaque na programação, com menus especiais e provas de licores e vinhos do Pico, sendo que o festival “propõe uma caminhada musical, incentivando a descoberta da ilha ao som da música”.