Foi detito na vila de Água de Pau, concelho da Lagoa, um homem de 43 anos, em flagrante delito por suspeitas de tráfico de droga.
De acordo com comunicado do Comando Regional da PSP dos Açores, a detenção ocorreu no decurso de uma investigação que já se prolongava há seis meses. Os investigadores da PSP procederam à recolha de provas que possibilitaram a detenção do suspeito na posse de duas doses de haxixe, quatro doses de uma substância psicoativa não identificada, duzentos euros, presumivelmente, provenientes da venda de droga, e, ainda, outros objetos relacionados com o crime em investigação.
O arguido, já com antecedentes criminais pela mesma atividade criminosa, após ter sido presente a primeiro interrogatório judicial, perante a respetiva autoridade judiciária competente, ficou sujeito à medida de coação mais gravosa, ou seja, a prisão preventiva.
Irma Cascão, Rui Prieto, Jorge Fontes e Pedro Afonso, investigadores do OKEANOS – Instituto de Investigação em Ciências do Mar da Universidade dos Açores, participam na série documental “OceanXplorers”, uma produção de alta qualidade do OceanX em parceria com a National Geographic, de acordo com nota de imprensa da Universidade dos Açores.
O trabalho desenvolvido pelos investigadores tem destaque em dois dos seis episódios, intitulados “Giants of the Ocean” e “Jurassic Shark”, onde se explora não só a ecologia alimentar dos cachalotes como também a importância do tubarão-albafar nos ecossistemas de mar profundo, explica a mesma nota.
Produzido e narrado por James Cameron, esta série de aventura subaquática centra-se na exploração científica das profundezas do oceano.
A produção reuniu um grupo de cientistas e cineastas a bordo do OceanXplorer, um navio equipado com vários laboratórios, sistemas de câmaras e submersíveis de última geração, para recolher informações e capturar imagens inéditas da vida marinha. Utilizando tecnologia e equipamentos inovadores, o documentário revela o mundo abaixo da superfície “como nunca antes visto”, lê-se ainda, no mesmo comunicado.
A série está disponível na plataforma de streaming Disney+.
O secretário regional do Mar e Pescas, Mário Rui Pinho, visitou a 16 de julho, em Vigo, o evoluir dos trabalhos de construção do futuro navio de investigação dos Açores, a construir ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), segundo comunicado do Governo dos Açores.
A visita de Mário Rui Pinho a Vigo surge depois de, no ano passado, o presidente do Governo, José Manuel Bolieiro, ter assinalado, na cidade espanhola, a formalização contratual do auto de início de construção do navio de investigação que virá para os Açores.
O navio de investigação está orçado em cerca de 20 milhões de euros – estima-se que o mesmo seja entregue à Região entre o final de 2025 e o começo de 2026.
O navio de investigação científica multidisciplinar tem como objetivo capacitar a região de uma plataforma tecnológica de acesso ao mar profundo do Atlântico Nordeste central, e em especial da Zona Económica Exclusiva do Arquipélago, lê-se, na mesma nota.
A nova plataforma de investigação terá os mais modernos padrões tecnológicos em termos de capacidades e de equipamentos, e complementarmente terá um elevado desempenho energético.
O navio será registado no Registo de Bandeira Português como navio de investigação, com a lotação mínima de 20 pessoas para navegação global, excluindo as zonas com gelo, dez tripulantes técnicos e dez tripulantes científicos. Adicionalmente o navio terá lotação para um mínimo de 30 pessoas embarcadas em viagens diárias.
O novo navio de investigação terá capacidade para atuar, entre outras, em áreas como o mapeamento dos fundos marinhos (batimetria com base em equipamentos acústicos), prospeção e exploração biológica de organismos com aptidão biotecnológica, apoio ao desenvolvimento de tecnologias de produção de energias renováveis offshore ou formação de ativos no âmbito da Escola do Mar dos Açores.
Entre outros equipamentos, o navio será equipado com um de equipamento acústico eletrónico que maximizará o potencial de investigação da plataforma até uma profundidade de no mínimo cinco mil metros.
Com 45,95 metros de comprimento e 10,5 metros de boca, o navio terá uma autonomia de 15 dias, dispondo de propulsão diesel elétrica. Incluirá camarotes correspondentes à sua lotação máxima, sala de aulas, laboratórios (seco e húmido) e centro de dados.
Nos Açores desde 1999, Inês Martins nasceu em Oeiras, distrito de Lisboa, mas é na Universidade dos Açores que trabalha e se dedica à ecotoxicologia, a área que estuda “como é que os animais do mar profundo se adaptam fisiologicamente a um meio tão diferente e inóspito como o fundo do mar, e em particular, às fontes hidrotermais”. A investigadora auxiliar é a coordenadora do projeto “Conhecer para Decidir” que complementa o Plano de Monitorização Regional de Contaminantes em Organismos Marinhos para Consumo Humano (MoniPOL). Quisemos aprofundar o tema e estivemos à conversa com a investigadora.
Como surgiu a ideia de monitorizar contaminantes em pescado nos Açores?
A ideia surgiu há uns cinco ou seis anos e foi posta em prática no final de 2022.
A necessidade deste projeto era grande, sabíamos muito pouco em termos científicos. Por sermos ilhas de origem vulcânica, temos metais pesados presentes no oceano, as espécies que habitam a coluna de água do Atlântico, à volta das ilhas, estão mais expostas.
Desenvolvemos trabalhos ao longo dos anos, sabíamos que havia espécies que acumulavam mais do que outras, mas nunca tinha sido feito um estudo dirigido às espécies que são procuradas comercialmente e que entram na alimentação dos consumidores.
E sabendo, à priori, que comemos cada vez mais espécies de fundo e que estas, à partida, acumulam mais contaminantes, é necessário saber o que é que isso significa para a saúde humana. Esse interesse não era só científico, mas também público, por isso o Governo regional quis financiar. Decidiu-se então fazer uma lista de espécies que, não sendo só comerciais, poderiam efetivamente ser espécies com mais quantidade de contaminantes. O objetivo é trazer valor acrescentado ao nosso pescado, conhecer o que comemos.
DL: De que tipo de metais se trata?
Por exemplo, mercúrio, cádmio e chumbo. Podem até ser os chamados metais essenciais, que o nosso corpo reconhece como sendo necessários como o ferro, o cobre e o zinco, o manganês. Todos são relevantes para o conhecimento do peixe que consumimos, é uma contaminação natural que deve ser monitorizada para podermos considerar o número de vezes que consumimos as espécies que apresentam maior acumulação de contaminante.
O mercúrio, o cádmio, o chumbo, e o alumínio também, são os chamados metais pesados. Antes era usada esta nomenclatura porque são metais de peso molecular muito elevado, mas agora também é usada para caraterizar os tais metais que o corpo conhece sempre como um corpo estranho.
Nos Açores, por sermos de origem vulcânica, toda esta lista de metais tem origem magmática. As fontes hidrotermais que temos na Zona Económica Exclusiva são um fator de entrada desses metais para a coluna de água, juntamente com a geologia que carateriza as nossas ilhas. A erosão das rochas liberta os metais para a água e esses metais que estão presos na forma mineral, nas rochas, vão se libertando e tornam-se disponíveis para os organismos marinhos. Há metais que ficam acumulados e que se vão amplificando na cadeia trófica. Os grandes predadores que comem os animais dos níveis da cadeia trófica mais baixa vão acumular esses mesmos metais.
DL: O atum está na lista. Não receiam uma reação dos pescadores?
Pensamos nisso, por isso temos um projeto de comunicação, que é o “Conhecer para Decidir”. Com a ajuda do Observatório do Mar dos Açores, temos programas não só nas escolas, mas também nas comunidades de pescadores. O patudo é sempre assunto, porque quando falamos em metais pesados as pessoas lembram-se logo da quantidade de mercúrio que o atum tem. Mas o atum, além de ser um grande predador, tem uma grande variedade de tamanhos. O patudo que é comercializado tem um tamanho e um peso que é representativo dos juvenis. Os grandes atuns, que acumulam mais metais, na realidade, não são comercializados na região com tanta frequência. As análises mostram que não é a espécie que acumula mais mercúrio. Já a melga e o boca-negra acumulam muito mais e são muito mais pequenos, mas vivem mais anos e por isso acumulam mais. Há toda uma sensibilização, ao ficarmos a saber quais são as espécies que têm mais, desmistificamos alguns mitos. Trata-se de esclarecer as pessoas, pois o receio vem do desconhecimento.
DL: Quando serão publicados os resultados?
Há um boletim que elaboramos que já tem bastantes resultados e que advém de um relatório final. Preparamos também um artigo científico. Além da informação dos contaminantes, tem também o valor nutricional. Decidimos fazer este trabalho em paralelo, porque o peixe não tem só contaminantes, tem muitas mais coisas que interessam ao consumidor, como a quantidade de proteínas, gorduras, água, sal, etc. E fizemos um gráfico dos ómegas porque é uma componente da gordura muito falada em termos nutricionais. Ainda não fizemos em muitas espécies, mas vamos fazer em muitas mais. Aumentamos a lista para espécies mais acessíveis.
DL: E há evidências de que o mar nos Açores esteja a sofrer alterações?
Não há evidências científicas. Agora vamos explorar a parte das dioxinas e também os poluentes orgânicos, porque apesar de não termos poluição industrial, temos muita poluição por macro e micro plásticos, que também são vetores de contaminação.
DL: E depois de finalizado o estudo?
O estudo vai continuar, temos contratualidade até 2027. Vamos fazer também o estudo das biotoxinas. Há uns quantos indicadores científicos que dizem que a alteração da temperatura da água do mar tem feito com que várias espécies do sul migrem mais para norte, porém ainda não há registos de que essas espécies tenham chegado aos Açores.