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Falésia de Santa Cruz em perigo e à espera de solução

Deterioração da falésia junto ao adro da Igreja Matriz já tem sido reportada desde 2018, mas situação continua a piorar. Zona não está devidamente sinalizada para alertar para o risco de derrocada

É possível verificar a instabilidade do miradouro junto do adro da igreja de Santa Cruz © DL

O Diário da Lagoa (DL) observou recentemente a existência de derrocadas no concelho da Lagoa, nomeadamente na encosta do adro da Igreja Matriz de Santa Cruz, que compreende também um miradouro.

A situação foi sinalizada pela primeira vez em 2018. Foi a Junta de Freguesia a reportar a situação às entidades competentes, segundo Carlos Oliveira, presidente da mesa da assembleia da Junta de Freguesia Santa Cruz. Devido à erosão e tempestades, a falésia tem vindo a deteriorar-se a grande velocidade e aparenta ser um perigo para quem frequenta o local. O DL verificou que a zona não está devidamente sinalizada de forma a alertar para o perigo de derrocadas.

Carlos Oliveira lembra que quando o alerta foi dado, “as entidades responderam que realizaram uma vistoria ao local e colocaram uma série de condições para executar. Algumas delas foram executadas pela Câmara Municipal da Lagoa (CML), outras não chegaram a ser, porque, segundo entendimento da CML, as mesmas provocariam ainda mais carga sobre a falésia. A CML fez, e bem, aquilo que minimamente era possível fazer, não agravando as condições de segurança da falésia,” considera.

Questionada pelo DL sobre esta situação, a Câmara Municipal da Lagoa (CML) explica que os “processos de erosão junto à arriba contígua à Igreja Matriz de Santa Cruz evidenciam-se com uma sucessão de pequenas derrocadas dispersas ao longo do tempo”. A autarquia esclarece que, em 2018, solicitou ao Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC) um parecer sobre as condições de estabilidade da arriba contígua à igreja de Santa Cruz. A citação do relatório dizia que “presentemente este edifício de culto não apresenta um risco a curto/médio prazo”. No entanto, não satisfeita com o parecer, a câmara diz ter solicitado à Direção Regional do Ordenamento do Território e Recursos Hídricos “uma avaliação mais aprofundada e intervenção de contenção da erosão visível do talude em causa, nomeadamente pelo prolongamento do enrocamento em pedra já existente a poente para o talude sobranceiro ao adro da igreja, podendo a referida intervenção ser realizada quer diretamente por aquela direção regional ou através de mecanismo de cooperação técnica e financeira entre a administração regional e a Câmara Municipal de Lagoa”.

Zona não está devidamente sinalizada de forma a alertar para o perigo de derrocadas apesar do acesso estar fechado © DL

No entanto, para o presidente da mesa da assembleia da Junta de Freguesia de Santa Cruz, “a preocupação já vem de 2018 e ainda não deixou de existir”, uma vez que considera que “o que deve ser feito ainda não o foi”. Carlos Oliveira defende que as medidas implementadas pelo LREC não são suficientes para consolidar uma zona, que considera estar ainda em perigo. “O que terá de ser feito ali é uma consolidação efetiva do talude e da arriba de forma a que no futuro, quer a erosão, quer tempestades, não venham precipitar uma derrocada” que poderá pôr em perigo o adro da Matriz e quem frequenta o local, defende o responsável.

Ainda segundo Carlos Oliveira, que visitou o local em novembro passado, tinha-se dado mais uma derrocada, pelo que a Junta informou a autarquia, esta que por sua vez terá encaminhado um ofício de alerta à Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas. De acordo com Carlos Oliveira, ainda se aguarda resposta a este ofício, datado de 30 de novembro de 2023.

O DL inquiriu ainda o LREC se no seu parecer a situação representa, neste momento, qualquer tipo de perigo e se há necessidade de realizar intervenções naquela zona, mas, até ao fecho da edição, não obteve resposta.

Miradouro do Pisão também sofre com derrocadas

O DL observou também uma derrocada na encosta do Miradouro do Pisão, na Caloura, Vila de Água de Pau, que está neste momento a sofrer obras de requalificação realizadas pelo departamento de obras públicas do Governo regional. 

Segundo a CML, “também já antes da derrocada ocorrida em janeiro deste ano naquela arriba, tinha esta autarquia solicitado parecer ao LREC sobre a estabilidade do talude do miradouro do pisão, tendo remetido o referido parecer para a Secretaria Regional das Obras Públicas e Comunicações em 31 de março de 2022, no sentido daquela entidade, enquanto legítima proprietária, proceder às intervenções de mitigação e minimização constantes no referido relatório”.

Questionada pelo Diário da Lagoa, a Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas disse que “há cerca de um mês, registou-se a ocorrência de movimentação de vertente na encosta subjacente ao miradouro do Pisão. É uma situação que deriva de causas naturais. Por prudência, foi interrompido o escoamento das águas pluviais que estavam canalizadas para esta encosta”.