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Casa dos Açores do Rio de Janeiro recebeu apoio do governo central de Portugal para “Festas do Divino Espírito Santo”

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A edição deste ano da Festa em Louvor e Devoção ao Divino Espírito Santo, promovida pela Casa dos Açores do Rio de Janeiro, no Brasil, contou com apoio financeiro do governo central de Portugal, através de uma rubrica específica de atribuição de apoios ao movimento associativo, por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, via Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas (DGACCP).

Segundo apurámos, apesar de, no âmbito da candidatura, a direção da Casa dos Açores carioca ter solicitado 1.045 euros, o montante atribuído pelo governo português foi de 679,25 euros, um valor que contribuiu para a realização desta tradicional festividade entre os dias 5 e 12 de maio.

A entrega simbólica do apoio financeiro à Casa dos Açores do Rio de Janeiro para a realização do projeto das Festas do Divino Espírito Santo 2024 teve lugar no dia 29 de abril, durante cerimónia nas instalações da Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria, outra importante entidade do movimento associativo português na cidade maravilhosa, na presença do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, que estava em viagem oficial ao Brasil entre os dias 26 de abril a 1 de maio, e da cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro, Gabriela de Albergaria.

Em declarações à nossa reportagem, Leonardo Soares, presidente da Casa dos Açores do Rio de Janeiro, reforçou que o valor ajudou na execução das atividades.

Programa contemplou a fé açoriana

Este ano, a Festa em Louvor e Devoção ao Divino Espírito Santo na Casa dos Açores do Rio de Janeiro decorreu de 5 a 12 de maio, com diversos pontos na programação.

No dia 5, houve Reza do Terço em Louvor ao Divino Espírito Santo na sede. De 6 a 11 de maio, decorreram momentos religiosos e a continuação da Semana de Reza do Terço no Salão Social da entidade.

No último dia, 12 de maio, pela manhã, houve concentração na Casa dos Açores do Rio de todas as Coroas e Bandeiras das Irmandades do Divino Espírito Santo com vistas à procissão até a Igreja São Francisco Xavier, juntamente com todos os fiéis presentes e os componentes da Banda Irmãos Pepino.

Já na igreja, houve a realização da Missa celebrada pelo Pároco, além da tradicional coroação das crianças. Ao final, o grupo seguiu em procissão de volta à Casa dos Açores, onde foi servida a tradicional Massa Sovada.

De acordo com o governo de Portugal, “o associativismo constitui uma das mais importantes formas de organização social e um instrumento privilegiado para a satisfação das necessidades do ser humano, nas suas mais diversas manifestações sociais, educativas, recreativas, culturais, políticas e económicas”.

“O aumento significativo de iniciativas e de movimentos com carácter associativo das comunidades portuguesas tem sido uma característica muito importante que demonstra a permanência de um vínculo de pertença cultural e um sinal de integração nos países de acolhimento. Os desafios que a passagem do testemunho às novas gerações coloca, nos tempos atuais, recomendam uma reflexão não só sobre a sustentabilidade das iniciativas e do rigor na atribuição dos diferentes apoios, mas também nas condições de obtenção de meios, atendendo à complexidade crescente das relações no seio das sociedades estimuladas pela globalização”, reforçou o governo central em Lisboa.

Luso-brasileiro lança livro infantil sobre emigração dos Açores

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O escritor e pesquisador luso-brasileiro, Daniel Evangelho Gonçalves, lançou o livro “Nem de Cá, Nem de Lá”, que conta a história de um açoriano, natural da Ilha Terceira, nos Açores, que decidiu fugir dos horrores da guerra do ultramar, fixando-se no Brasil, onde, entretanto, se deparou com a saudade do seu lar.

“Mas rapidamente encontra na Casa dos Açores do Rio de Janeiro o seu novo porto seguro, lugar onde se respira açorianidade e se mantêm as tradições por várias gerações, dando-lhe um gostinho de lar”, disse o autor numa nota divulgada sobre o livro que se tornou um projeto itinerante.

A obra, que conta a história emocionante de um açoriano que migra para o Brasil, está a percorrer as escolas das ilhas açorianas e já alcançou mais de mil crianças do 1º e 2º Ciclo do Ensino Básico e pretende chegar a 3.500 até o fim deste ano.

Com ilustrações feitas pelas próprias crianças da Casa dos Açores do Rio de Janeiro, o livro destaca-se por ser uma “ferramenta didática para ensinar sobre a emigração açoriana, promovendo o respeito pela diversidade cultural e mantendo viva a memória dessa importante prática migratória”.

Segundo Daniel Gonçalves, a obra “não é apenas um trabalho infantil escrito em verso”, pois “passou a ser quase que um livro didático sobre imigração”.

O autor contou que doou os direitos autorais do livro, cuja primeira edição está esgotada, para o projeto Cooperativa Regional de Economia Solidária dos Açores (CRESAÇOR).

“Uma nova edição já está sendo impressa. O livro vai estar disponível em cada escola do arquipélago, mas, quem quiser, pode solicitar um exemplar à CRESAÇOR”, frisou o autor.

A história é contada de forma lúdica, como numa técnica de narração de histórias que usa elementos e objetos da cultura açoriana, atraindo o interesse das crianças, pelo que, depois, é feito uma roda de conversa com os mais jovens sobre o tema da emigração.

O autor considera ainda que “o mais bonito do livro é que foi apresentado às crianças da Casa dos Açores carioca antes da sua publicação e esse público infantil fez as ilustrações que foram trabalhadas pela artista Margarida Andrade, CRESAÇOR, e, dessa forma, transformou-se no livro.

“É uma obra feita com o protagonismo também das crianças”, finalizou Daniel Gonçalves.

Recorde-se que a CRESAÇOR e a Casa dos Açores do Rio de Janeiro são duas instituições parceiras desta iniciativa literária, que conta também com o apoio do Governo Regional dos Açores. Um trabalho que visa “manter viva a memória desta prática migratória tão intrinsecamente importante para a história do arquipélago açoriano”.

Atualmente, o escritor e pesquisador luso-brasileiro Daniel Gonçalves, natural do Rio de Janeiro, vive na terra dos seus pais e avós, a Ilha Terceira, nos Açores.