Daniela Silveira cresceu na freguesia da Conceição, em Angra do Heroísmo, filha de mãe natural de Santa Bárbara e de pai da Praia da Vitória, passou grande parte da sua juventude num ambiente citadino.
“A família do meu pai é muito diferente da da minha mãe”, conta. A forte ligação da sua família paterna à Base das Lajes fez Daniela crescer com uma forte influência americana. “A minha avó era empregada doméstica dos americanos e a minha tia era babysitter dos seus filhos. Quando eu ia a casa da minha avó, era tudo americano, desde os alimentos aos eletrodomésticos”, diz. O contacto com o jazz, que viria a ser o tema do seu primeiro projeto, começou, precisamente, nos bailes que frequentava na Base das Lajes.
Inicialmente,
Inicialmente, Daniela Silveira começou por se formar “na área de Direito”, frequentando uma licenciatura de quatro anos no Porto, mas enveredou pela área de gestão de empresas. Começa profissionalmente na área da cultura em 2012, dando asas àquele que viria a ser o seu primeiro projeto, o “+Jazz”, que, mais tarde, se torna num festival internacional. Rapidamente, Daniela percebeu que queria fazer da cultura a sua vida profissional.
O +Jazz nasce com o objetivo de dar palco aos músicos locais esquecidos dos festivais internacionais de jazz realizados na ilha Terceira. “Eu queria criar um palco onde estes artistas pudessem apresentar os seus trabalhos”, explica. Uma das suas grandes intenções era também a de levar este estilo musical aos “bares e restauração local”. Daniela refere que, inicialmente, os apoios ao +Jazz foram “residuais”, mas ainda assim suficientes para manter o projeto de pé. O festival ganha “outra visibilidade” quando se muda para Angra do Heroísmo, levando o capitão Pedro Horta a sugerir o “revivalismo” dos bailes de jazz da Base das Lajes, como os que Daniela frequentava em criança.
Com o surgimento do +Jazz, os “projetos locais relacionados” a esta área passaram a ser promovidos pelo festival que, ao longo do tempo, foi transportado a “outras ilhas”. Com uma duração de dez anos, o +Jazz encontra-se atualmente “adormecido”.
Durante os dez anos do +Jazz, Daniela envolvia-se, paralelamente, em outras atividades. Foi colaboradora de diversas entidades ligadas à cultura. Passou pelo Cine Clube da Ilha Terceira, pelo Museu de Angra do Heroísmo e fez parte da direção do Instituto Açoriano da Cultura, mas desenvolvia, ao mesmo tempo, os seus “próprios projetos”. Sentia que não se “revia no perfil de funcionária pública”, preferindo a liberdade de “diversificar”, trabalhar “com equipas e projetos diversos” e fazer o seu “próprio horário”.
Em 2019 nasce a associação “Get Art”, por iniciativa de Daniela Silveira, com o objetivo de agregar e promover festivais musicais, como o festival “Lava” que surge, também em 2019, na ilha do Pico. “A Get Art é o amadurecimento de sete anos de trabalho, quando eu já começava a perceber a dinâmica de gerir uma associação cultural”, afirma Daniela.
Daniela reconhece que o mais difícil de ter uma associação é “mantê-la” a funcionar. Sem funcionários fixos, a Get Art funciona com profissionais em “regime de prestação de serviços e a gestora cultural confessa que, “durante muito tempo”, se sentia sobrecarregada por estar “em todas as frentes”. Hoje, o trabalho é dividido por uma “pequena comunidade”, fundamental para o desempenho da associação. Ao tornar-se mãe em 2019, surgiu a necessidade de adaptar o seu horário de trabalho, contudo com a maternidade surgiu também a exploração de novas perspetivas profissionais.
Um dos projetos mais queridos a Daniela Silveira é o “Atitude”. Criado em conjunto com colegas, o Atitude começa por ser desenhado para uma candidatura para a fundação “Calouste Gulbenkian” no âmbito do programa “Parties & Art for Change”, envolvendo “a arte direcionada a um público com deficiência física cognitiva”, diz. O projeto, apesar de finalista, não recebeu o financiamento, mas foi levado pela Get Art a nível regional. Aprovado pela Direção Regional para a Promoção da Igualdade e Inclusão Social, o Atitude arranca com “duas residências artísticas” na ilha Terceira, em colaboração com a Associação Cristã da Mocidade (ACM) e com o Centro de Apoio à Deficiência (CAD).
Ganhando maior proporção, o projeto expandiu-se para São Miguel, com o apoio da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), bem como para a ilha do Pico. Com a elevada procura e a dificuldade em atender a toda esta, surge o Guia de Boas Práticas de Inclusão Através da Arte, com toda a “metodologia necessária para a organização de um projeto de inclusão social”. “Eu desenho um projeto, mas depois disso, ele deixa de ser só meu. A ideia só se vai desenvolver com outras pessoas”, acrescenta Daniela.
Daniela Silveira finaliza a entrevista ao nosso jornal com a partilha de um dos projetos no qual tem vindo a trabalhar há alguns anos, mas de que nunca desistiu. Preocupada com o “desaparecimento de algumas estruturas”, a gestora cultural começa a desenvolver um mapeamento sobre os “Coretos dos Açores” em 2019, que só viu aprovada a sua candidatura em 2024. O objetivo final é salvaguardar este património cultural, através da recolha de informação com uma “forte componente científica”, diz.
A sua resiliência, otimismo e a vontade de se enquadrar em novas e diversas experiências, acompanham Daniela na sua vida profissional que é, há mais de dez anos, marcada pela dedicação à cultura.
Teve lugar, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, esta quarta-feira, 12 de março, a apresentação de um Guia cujo objetivo é a utilização da arte como metodologia inovadora para combater a exclusão social, o estigma, a discriminação e o preconceito social contra pessoas com alguma deficiência.
O Guia é resultado do projeto ATITUDE, desenvolvido pela GetArt, com autoria de Daniela Silveira. A autora do Guia, começou por enaltecer o papel da Cultura para a transformação social, referindo que “a arte é uma poderosa ferramenta de mudança. Ela dá voz aos que muitas vezes são silenciados, cria espaços de expressão para aqueles que enfrentam barreiras e fomenta um sentimento de comunidade e pertencimento”, reconhecendo que “a inclusão social através da arte não é um desafio pequeno. Requer dedicação, estratégia e, sobretudo, investimento. A cultura não pode ser vista como um luxo ou um complemento.”.
Daniela Silveira, aproveitou o momento para alertar para a necessidade de “mais financiamento para que projetos como este possam crescer, alcançar mais pessoas e gerar um impacto real e duradouro.”, mencionando ter noção de que este não é um caminho fácil, mas terminou afirmando que “juntos, com ATITUDE estamos a mudar paradigmas e a construir um futuro onde a arte é um direito, não um privilégio. Um futuro onde cada pessoa, independentemente da sua origem ou condição, possa encontrar na cultura um caminho para a inclusão e para a dignidade. Não somos máquinas, somos pessoas”.
Rodrigo Ramos deu o seu testemunho, referindo que o projeto “é bom, faz me sentir especial, mexe com a pessoa, mas é muito bom. O projeto Atitude tem feito muito bem. Gostei muito da ida ao Pico, da atuação e do reconhecimento de mais de 300 pessoas.”
Ingrid Bettencourt, diretora da Associação Cristã de Mocidade (ACM), também presente, enalteceu o projeto ATITUDE e “a importância da promoção de projetos como este, não só para o público-alvo, trabalhando a sua individualidade e as suas diferenças como mecanismo para agregar, como para toda a sociedade, pois esta é uma oportunidade da comunidade perceber a importância e o contributo de pessoas com deficiência”.
A diretora da ACM, referiu, ainda, que o empoderamento conseguido para estas pessoas deve ser “um trabalho contínuo, com financiamento por parte das entidades governamentais, de forma que as instituições de cariz educacional e social possam implementar projetos como este, afirmando a o presente guia desconstroi estigmas e ajuda todas as instituições a fomentar as artes performativas como ferramenta para a inclusão social”.
O Guia de Boas Práticas de Inclusão através da Arte encontra-se disponível e será distribuído pelas Escolas Públicas e Instituições Particulares de Solidariedade Social.
O projeto de execução para a requalificação da Gare Marítima do Porto das Pipas, na ilha Terceira, está em fase final de elaboração e será entregue em meados de setembro à Portos dos Açores pela empresa adjudicatária, a Arquiangra – Arquitetura e Engenharia, Lda, comunica o Governo regional.
Prevê-se que o concurso para adjudicação da obra da gare marítima ocorrera no último trimestre de 2024 e a respetiva execução em 2025.
De acordo com a mesma nota, a construção de uma gare de passageiros naquele porto da ilha Terceira nunca foi considerada no projeto inicial, elaborado no tempo de governação do PS.
As obras de requalificação do Porto das Pipas, em Angra do Heroísmo, contemplaram o aumento do cais e o prolongamento do manto de proteção ao muro de cortina existente, permitindo a operação de navios de cruzeiros temáticos, e a construção de uma rampa ro-ro, para que os ‘ferries’ que efetuam as ligações entre Angra do Heroísmo e Calheta (São Jorge) pudessem desembarcar viaturas, mas não uma gare marítima, lê-se, na mesma nota.
Em outubro de 2023, por indicação do atual governo, a Portos dos Açores começou a trabalhar no processo para criação da gare de passageiros do Porto das Pipas, tendo sido necessário recolher pareceres de várias entidades externas, refere ainda o comunicado.
Considerando que em novembro do mesmo ano, o Orçamento da Região foi chumbado na Assembleia Legislativa da Região Autónoma, com a consequente queda do Governo dos Açores e marcação de eleições antecipadas, os trabalhos só puderam ser retomados em junho do ano em curso, prevendo-se a sua conclusão no próximo mês de setembro, segundo o governo açoriano.
Entretanto foi disponibilizado pela Portos dos Açores um espaço coberto com condições básicas para dar apoio aos passageiros que utilizam os navios de passageiros que escalam o Porto de Angra do Heroísmo.
O Governo dos Açores assinala segunda-feira, 20 de maio, o Dia dos Açores, com a abertura ao público dos palácios de Sant’Ana e da Conceição, em Ponta Delgada, e dos Capitães-Generais, em Angra do Heroísmo.
O Palácio da Conceição abre a partir das 14h00, para visitas orientadas aos seus espaços nobres, como as salas do Coro Baixo e do Coro Alto, a sala do Conselho do Governo, o Salão Nobre e a Sala de Jantar, entre outros. Estão previstas visitas às 14h00, 14h50, 16h40 e 17h30, para grupos até 25 pessoas.
O Palácio de Sant’Ana abre entre a partir das 14h00 para visitas orientadas. No palácio, estarão abertos, entre outros espaços, a Sala Azul, o Salão de Baile, a Sala de Jantar e o Quarto de Cama do Marquês. Estão previstas visitas às 14h00, 14h50, 16h40 e 17h30 horas, para grupos até 25 pessoas. O jardim do palácio também estará visitável naquele horário.
O Palácio dos Capitães-Generais abre entre as 14h00 e as 17h30 para visitas livres, podendo ser vistas várias das suas salas, nomeadamente a dos retratos reais da dinastia de Bragança.
Todas as atividades são gratuitas e não requerem inscrição prévia, segundo o comunicado do governo.
O Governo dos Açores, através da Secretaria Regional da Juventude, Habitação e Emprego, avançou esta quinta-feira, 28 de março, que os Açores registaram quase 5 mil desempregados em fevereiro.
Os números oficiais revelados são de 4.943 inscritos no Centro de Qualificação e Emprego da Região, no final do mês passado. No entanto, segundo avança o Governo regional, verifica-se uma descida de 0,20 por cento em relação ao mês anterior e de 12,28 por cento em relação ao mês homólogo.
“No mês de fevereiro foram satisfeitas mais 119 ofertas, que se refletiram na colocação de 124 açorianos no mercado de trabalho”, revela a nota de imprensa enviada às redações.
Dos desempregados que se encontravam à procura de novo emprego, 76,40 por cento enquadravam-se no setor de serviços e correspondiam a 89,84 por cento da totalidade dos desempregados inscritos.
Relativamente à distribuição por ilha, São Miguel registava 66,19 por cento dos desempregados na região, a ilha Terceira surge em segundo lugar com 16,08; Pico com 5,81; Faial com 4,23; São Jorge com 2,23; Graciosa com 2,02; Flores com 2,02; Santa Maria regista 1,38 e o Corvo apenas 0,04 por cento.
Quanto aos concelhos da região, Ponta Delgada, Ribeira Grande e Angra do Heroísmo representavam 57,98 por cento da totalidade dos desempregados registados no arquipélago açoriano.