Filho de Manuel de Medeiros Teotónio, proprietário, e de sua mulher Maria Adelina, e nascido em 1883, Manuel Bernardino de Medeiros era natural de Santa Cruz – Lagoa (cf. Albergaria Pacheco, Maria Antónia, 2010).
Comerciante, sendo sócio de uma loja no Rosário, foi presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lagoa de 1926 até Janeiro de 1928. Inclusive, sabe-se, em 1927, organizou o processo para elevação ao estatuto administrativo de freguesia dos lugares da Ribeira Chã, do Cabouco e da Atalhada, num passo deveras visionário.
Atento ao ensino, a ele se deve a compra de terrenos onde hoje se encontra a antiga Escola, na Ribeira Chã (cf. Albergaria Pacheco, Maria Antónia, 2010).
Sobre esta deliberação, há duas actas importantes: a primeira diz respeito a uma visita deste presidente à Ribeira Chã, numa quarta-feira, para “cuidar da casa para a escola oficial daquela freguesia” (cf. acta de vereação de 1926). Havia, entretanto, uma pessoa, segundo se lê em acta de vereação, o dono da dita casa, morando ali com a sua família, e a mesma sala da dita escola estava em péssimo estado de conservação e com pouco espaço.
Além de estar com pouco espaço e com perigosas condições, havia nela uma família a morar, como já se sabe, pedindo-se, à então professora, em deliberação, que “tome outro edifício de renda para a escola” (cf. acta de vereação de 1926). Deliberou-se, pois, a construção de um edifício escolar no Lugar da Ribeira Chã, então. A Câmara iria, ali, portanto, posteriormente, construir, na dita casa habitada, um edifício escolar quando para isso se encontrasse habilitada.
No seu tempo, ainda, foram feitas obras de reparação no antigo matadouro municipal da Vila da Lagoa. Ainda no seu tempo, registe-se, e em Santa Cruz, deliberou-se, no Largo do Cabo da Vila, devido à sua grande inclinação, tendo também uma tão apertada curva que tornava perigosíssimo o trânsito, alargar-se mais essa rua naquele sítio, mas, para isso, expropriou-se, com a devida anuência do proprietário – João Caetano Martins -, uma casa, porque o alargamento só se poderia fazer sobre a “ribeira, com o prolongamento da ponte, e a dita casa deverá levar a efeito”, lê-se em acta de vereação.
Igualmente, se atentou, este presidente Manuel Bernardino de Medeiros, na rede de abastecimento de águas.
Consultando, ao pormenor, as atas municipais, no Arquivo Municipal de Lagoa, encontramos, efectivamente, sobre Manuel Bernardino de Medeiros, durante a sua presidência na Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lagoa, alguns factos sobejamente interessantes e importantes sobre outras matérias, igualmente: foi o primeiro a reconhecer, com efeito, as potencialidades do Cabouco, da Atalhada e da Ribeira Chã para a sua efectiva elevação ao estatuto administrativo de Freguesia.
O primeiro facto que encontrei sobre data da sessão de 20 de Agosto de 1927, em que há um Ofício para Sua Excelência O Governador Civil do Distrito, para ser remetida ao Ministro do Interior, datado de seis de Agosto, que deverá ser remetida, pela Comissão Administrativa, ao respectivo Governador, e onde se escreve, e se pede, alterações nas designações de várias localidades, de que o Ministério do Interior, segundo se lê, “está incumbida de fazer” (cf. acta de vereação de 1927).
Defendia-se, pois, a integração da freguesia do Livramento no concelho de Lagoa, bem como a elevação dos lugares do Cabouco, Ribeira Chã e Atalhada, enunciando-se, aqui, inúmeras vantagens.
Houve também nova referência sobre o assunto da elevação às categorias de freguesia/mudança de designação, nomeadamente no que concerne às sinergias com as Comissões Administrativas de Água de Pau e de Nossa Senhora do Rosário, à altura, anexando-se, em acta, longas e fundamentadas exposições sobre o assunto.
Demitiu-se a 12 de Janeiro de 1928, em sessão extraordinária.
Faleceu a 24 de Janeiro de 1932.
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