O Coro de São Mateus é responsável pela manutenção da igreja de Santo António, na ilha da Graciosa. Tentam sempre cuidá-la e preservá-la para que se mantenha com aspeto acolhedor, honrando Santo António, o seu padroeiro. A referida igreja chegou a não ter teto, provocando muitas infiltrações dentro do edifício, que causaram danos.
Ao longo dos tempos, o desejo de repor o retábulo da igreja, era cada vez maior. Para os envolvidos, a sua restauração só poderia ficar concluída com a reparação de três telas. Telas estas que já existiram, mas que se perderam devido a todas as infiltrações e estragos causados na igreja. Não se sabia ao pormenor como estas eram, mas sabia-se que cada uma delas representava a vida de Santo António. No livro “Igrejas e Ermidas da Graciosa” de Vital Dias Pereira conta-se que estas telas estavam relacionadas com a vida deste Santo, mas não refere ao pormenor quais eram, nem o seu respetivo tema. “Sabíamos da existência destas telas. Sempre quisemos repô-las, mas os preços eram exorbitantes e nunca tínhamos tido essa oportunidade”, começa por confessar José Gabriel Martins, 61 anos, natural da Praia da Graciosa, freguesia de São Mateus, ao Diário da Lagoa (DL).
José Martins é presidente da direção do Coro de São Mateus e respetivo maestro. O seu encontro com a micaelense Maria do Carmo, empresária natural da vila de Água de Pau, conhecida por todos como Carminha, foi fundamental para o restauro da igreja. José Martins, Maria do Carmo e os respetivos cônjuges, conheceram-se no âmbito do Encontro Matrimonial (EM) que aconteceu este ano na ilha da Graciosa. Nas palavras de Carminha Matos, “O EM é um movimento da igreja que serve para ensinar aos casais as ferramentas necessárias para viver numa vida conjugal harmoniosamente equilibrada e pelas leis da igreja”. Após o fim do encontro, Carminha e seu marido estão no aeroporto à espera do seu voo de regresso a São Miguel, acompanhados por José Martins e a sua esposa. A conversa sobre a igreja de Santo António surge e o desejo de restituir as telas da igreja era evidente para todos.
“Quando lhe disse o que queríamos e que nunca tínhamos conseguido por falta de dinheiro, ela perguntou se estávamos interessados em que ela pintasse. Ela disse que pintava e oferecia e eu não podia recusar de maneira nenhuma”, refere o graciosense. Para não embarcar rumo ao desconhecido, Carminha mostrou a José Martins umas fotografias de algumas telas referentes a uma exposição que já havia feito no Convento de Santo António, na cidade da Lagoa. “Aquilo que eu vi só me dizia que podia ter a certeza de que ela era capaz de desempenhar o papel a que se oferecia. Eu não tive dúvidas nenhumas. Transmiti essa informação ao resto do coro e a resposta de aceitar a proposta que nos fazia foi unânime”, continua José Gabriel Martins.
Daí em diante foi tratar do processo. “A Carminha organizou os materiais, as pinturas e ofereceu tudo à Igreja de Santo António. Teve muita preocupação em estudar a vida do Santo e em perceber como devia escolher os temas que tivessem a ver com a sua vida. Estudou profundamente toda a questão, viu e leu muita coisa, e depois dedicou-se à pintura e a pintura está excelente. Não poderia ser melhor. É de ótima qualidade e ela é uma excelente pintora. Estamos muito contentes por ter conseguido finalmente repor as telas”, reforça José, com grande satisfação.
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