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“Já somos parte da vida dos açorianos”

A fábrica Melo Abreu, presente nos Açores desde 1893, destaca-se pela produção de cervejas e refrigerantes. Apesar dos desafios estruturais, a empresa continua firme graças à lealdade dos consumidores e ao compromisso da equipa em preservar a tradição

Cerveja Especial e os refrigeranres Kima e Laranjada destacam-se como produtos de eleição © DL

O Diário da Lagoa, foi conhecer a história de uma empresa que está presente nos Açores há 131 anos. A história da fábrica de cervejas Melo Abreu, é quase lendária nos Açores segundo Nicole Raposo, responsável pelo marketing. “Isto já vem de longe”, diz, com orgulho. Fundada oficialmente a 23 de maio de 1893, a fábrica tem raízes profundas em São Miguel, sendo um símbolo da tradição açoriana. João de Melo Abreu, o fundador, era um visionário que chegou à ilha em 1865. “Ele era guarda-livros, mas logo se destacou pela sua dedicação”, conta Nicole, explicando como, em 1891, ele e Gil Augusto Miranda começaram o projeto que viria a mudar o mercado regional de bebidas.

Ao longo dos anos, a cerveja Especial e os refrigerantes Kima, principalmente a Kima maracujá e a Laranjada, destacaram-se como produtos de eleição. “Temos consumidores ferrenhos que não trocam os nossos produtos por nada, mesmo com a concorrência”, afirma. 

Sob a gestão de João Moniz, atual sócio-gerente, a empresa mantém exportações para os Estados Unidos e Canadá, ainda que o foco principal continue a ser os Açores. “Aqui nós sentimos a diferença quando o turismo aumenta. Vêm muitos turistas à procura da Especial e da Kima maracujá”, observa Nicole.

No entanto, a fábrica, enfrenta desafios. “O edifício precisa de muitas obras, não está em condições para visitas, e ainda fazemos muitas coisas manualmente. Sonhamos com uma nova fábrica, mas ainda precisamos de apoios”, explica Nicole Raposo. 

Apesar das dificuldades, a responsável ressalva o que mantém a empresa firme: “é a ligação com o povo. Temos consumidores muito leais. Já somos parte da vida dos açorianos. E mesmo com poucas condições, fazemos o que podemos. Estas pequenas campanhas, como os rótulos natalícios, ajudam muito.”

Sobre o futuro, é otimista. “Se continuarmos com este bom volume de vendas, vamos conseguir avançar.” conclui Nicole, com um sorriso. 

© DL

Margarida Cristino, Diretora de Produção, começou em 1998 e explica como o processo de fabrico da cerveja é cuidadoso e detalhado: “a produção da cerveja é longa, leva cerca de três semanas. Desde a brassagem, passando pela fermentação e maturação, até ao momento em que filtramos a cerveja para ficar pronta. Mas vale a pena, para termos o produto final que todos conhecem.”

Margarida destaca ainda a simplicidade na produção dos refrigerantes, embora com segredos bem guardados: “O nosso maior segredo é a fórmula da laranjada. Há muitas tentativas de imitação, mas ninguém se aproxima da nossa”, assegura.

Já Daniela, com seis anos de casa, descreve seu trabalho como um desafio diário, mas enriquecedor. Ela valoriza a forte ligação com os clientes e lembra com carinho do apoio recebido em momentos difíceis da sua vida. A transição geracional da equipa traz uma sensação de continuidade e aprendizagem. “Estar aqui é um refúgio da vida real”, afirma, destacando o ambiente de trabalho.

Registo, linha de enchimento de garrafas, no livro “Os Cem Anos da Melo Abreu” de Manuel Ferreira © DL

Rui Mota de 63 anos, Diretor Comercial da Melo Abreu, entrou na empresa em 1985, quando a empresa vivia um período de grande crescimento. “Entrei no tempo das ‘vacas gordas’, numa empresa em crescimento”, lembra. 

Entre os marcos que destaca, recorda o centenário da empresa em 1993, quando a Melo Abreu ofereceu os sinos da igreja de São José.  Ao longo dos anos, a empresa enfrentou desafios, mas Rui valoriza o espírito de superação e união da equipa: “sobrevivemos graças à prata da casa, com pessoas dedicadas e produtos de qualidade. Nunca desinvestimos na qualidade dos nossos produtos”, garante.

Sobre o futuro, Rui acredita no potencial da Melo Abreu: “temos bons produtos, enraizados na nossa tradição, como a Kima e a Laranjada, que continuam a ser um sucesso”. Rui crê que, com o investimento certo e uma visão de futuro, a Melo Abreu tem o potencial para crescer.

Félix Manuel, que presta serviços na área financeira desde 1983, salienta o legado familiar na empresa: “o meu avô começou aqui com 14 anos e foi tesoureiro. A empresa já passou por muitas dificuldades, mas manteve-se. Gosto de trabalhar aqui, sem dúvida nenhuma”, assegura o funcionário.

Apesar das dificuldades, a equipa da Melo Abreu partilha um sentimento de esperança e compromisso para com o legado da empresa e a sua ligação histórica com os Açores.

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Joana SousaRepresentante comercial

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