Às portas de 2025, é tempo de reflexão. 2024 é um espelho das nossas ações e interações, onde urge pensar sobre o ser humano. A avalanche de notícias torna difícil distinguir a verdade, enquanto perdulários ocupam cargos de poder e guerras eclodem apenas para alimentar a máquina bélica. Os antagonismos agravam-se, polarizando as opiniões entre direita e esquerda, preto ou branco.
Vivemos isolados em ilhas e (des)conectados, presos na luz rectangular do telemóvel, que olhamos mais de 300 vezes ao dia.
Falo de mim porque é a experiência que domino. 2024 constituiu um marco na minha vida, onde resistir e persistir foram essenciais para pequenos sucessos. Um deles é a marca Mythica, que junta o poder da fauna e flora açorianas à inovação em dermocosméticos, com ingredientes secretos como o raro Asinus Atlanticus da Ilha Graciosa. Este projeto nasceu com prémios, incluindo o German Brand Award. Neste Natal, o meu lema é: “Compre local!” Ajuda a economia e apoia empreendedores resilientes. Nada disto foi tarefa simples.
O segundo projeto, a Casa Matriz Séc. XVI, ressuscitou um alojamento com 540 anos, acolhendo hóspedes de todo o mundo. Aqui, a hospitalidade é um ato humano essencial. Os nossos colaboradores não são meros executores; são a engrenagem de um palco em que os hóspedes são os protagonistas. A humildade, a paciência e a tolerância são virtudes fundamentais. A crítica pública deve ser equilibrada e a responsabilidade é necessária para que a nossa equipa mantenha a motivação.
Essas histórias podem parecer de perlim-pim, mas por trás delas estão muitos desafios. A acomodação nunca foi uma opção; a busca incessante pela melhoria pessoal é vital. A Inteligência Artificial deve ser vista como uma ferramenta que otimiza as nossas capacidades humanas, não como um substituto para a
interação.
“Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui”, dizia Ricardo Reis. Precisamos entregar-nos totalmente ao que fazemos, escutando os outros atentamente. Em pequenas ações de respeito, vemos a importância do civismo. De que serve dar educação de excelência se na vida quotidiana não exercemos
esse civismo?
A escritora Han Kang, laureada com o Prémio Nobel da Literatura em 2024, lembra-nos que, sem atos humanos, “o mundo escurece”. Não será por isso que acendemos tantas luzes no Natal?
Em 2025, desejo ver a aliança entre criatividade e empatia, pois a arte é sublimação. Se lançássemos a Voyager 3 ao espaço, o que enviaríamos? A Voyager 1 e 2 levaram sons e outros registos da Terra, representando a diversidade humana. Na Voyager 3, devíamos transmitir a nossa generosidade,
coragem e capacidade de criar laços de confiança. Seria bom sermos lembrados pela nossa inclusão e compreensão. O amor será sempre o nosso maior legado, o nosso verdadeiro eco humano.
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