Foi há 61 anos que o Café Adelino, hoje conhecido por café do Dinis, abria portas na Rua do Além, freguesia da Ribeira Quente, concelho da Povoação.
Até aos dias de hoje, o espaço abre todos os dias do ano, de manhã até de madrugada. O atendimento acolhedor e a comida caseira fizeram crescer a fama e o bom nome do estabelecimento. O Diário da Lagoa (DL) foi ao “lugar da Ribeira “conhecer a história e dinâmica do café, que é a segunda casa da família Melo e de muitos clientes.
É fim de semana, em pleno junho. O sol está “arregalado” na freguesia piscatória. Em um dia como este, são muitos os que decidem dar um passeio à Ribeira Quente e passar no Adelino. As famosas asas de frango e o pão de alho constam em quase todos os pedidos que os colaboradores recebem, indo de um lado para o outro, para dar conta de toda a afluência.
O negócio nasceu de Adelino dos Santos Melo, comerciante e vendilhão de peixe, natural daquela freguesia. Começou por vender peixe a pé, de cesta às costas. Com dedicação e trabalho, conseguiu adquirir uma viatura e expandir o negócio a outros concelhos. Tornou-se sócio de uma empresa de vendilhões. Em 1959, Adelino comprou um espaço na sua freguesia, onde viria a abrir o bar/mercearia, em 1963.
“Comecei a trabalhar com o meu pai aos 14 anos” recorda o filho, Dinis Melo, de 57 anos. Tal como o pai, está-lhe no sangue a dedicação ao trabalho. Dinis assumiu a gerência do espaço quando Adelino faleceu, em 1986, com apenas 54 anos. Dinis manteve a mercearia até 1992, sendo que a partir daí ficou apenas com o bar. Quando os irmãos emigraram, Dinis Melo não quis deixar a sua terra e ficou a dar continuidade ao negócio de família. Também a esposa Liliana e o filho André fazem parte da equipa do Café Adelino. Alexandre, o filho mais novo, ajuda nos dias de folga.
Por sua vez, André Melo, de 33 anos, começou a trabalhar no café com 12 anos, a ajudar os pais .“O volume de negócio começou a crescer e eles precisavam da minha ajuda. Acabei por ficar cá, depois de terminar a escola” conta André, ao DL. Caso a tradição se mantenha, será o próximo a gerir o café do Dinis.
No que toca à oferta, o Café Adelino – Dinis tem no seu cardápio as famosas asinhas de frango, com molho especial da casa, pizzas feitas com massa caseira, pão de alho, entre outros petiscos e comidas ligeiras. Há ainda as sandes especiais da casa, feitas com carne de alcatra e cebolada. O espaço recebe grupos por reserva. “Fazemos um ótimo arroz de tamboril, caldeirada, feijoada de marisco” destaca Dinis Melo, entre os pratos incluídos neste serviço.
A vertente de restauração começou com uma “brincadeira”, recorda Dinis Melo. “No início “servíamos só bebidas, uns petiscos e comidas esporadicamente. A partir de uma certa altura, começamos a fazer as asinhas, que começaram a ser muito procuradas e apreciadas. A partir daí, optei por abrir uma cozinha. Depois foram nascendo as outras coisas, as sandes de carne, até que chegamos até aqui”, conta ao DL.
A crescente procura pelo café levou os proprietários a apostar na criação de uma esplanada coberta, em frente ao café. Entretanto, foi criada também uma sala atrás do estabelecimento, para receber grupos maiores, até 30 pessoas.
A comida é o que torna o café do Dinis um lugar de eleição, questionou o DL? De acordo com os proprietários, a fama deve-se principalmente à forma como os clientes são recebidos. “O que ensino aos colaboradores é que o atendimento tem sempre de ser bom”, explica Dinis. “Temos esse cuidado de receber e atender as pessoas da melhor forma possível. Acho que o atendimento é o mais importante de tudo, se bem que as asinhas também são importantes”, realça o proprietário.
Também André considera o atendimento um dos pontos chave do bom nome do espaço, bem como a boa história e nome do negócio. Mas “não é só isso: o pessoal da freguesia concentra-se muito neste café e as pessoas de cá são muito acolhedoras. Dão-se bem e falam com toda a gente. Isso também, por sua vez, atrai o cliente. O cliente que vem cá pela primeira vez e é tratado da maneira que é tratado, tanto pelos empregados, como pelos clientes locais, sente um à vontade e quer voltar cá de novo”, nota André Melo.
O Café Adelino – Dinis abre todos os dias da semana, das 7h30 até por volta das 2h00. A cozinha fecha às 21h30. O espaço só encerra no dia 25 de dezembro.
Dinis Melo conta que trabalha no café até às 4h00 ou 5h00 da manhã. “Fecho o Café, limpo, faço os fechos de contas, reponho o stock e preparo tudo para abrir de manhã”. O DL perguntou ao dono do Café Adelino se nunca se cansa de trabalhar. “Pensava que um dia ia me cansar. Quando apanhei Covid, estive sete dias em casa, e apercebi-me que só ia deixar de trabalhar quando morresse. Não vivo sem isso. Está-me no sangue. Vou trabalhar até não poder. Parar não está no meu feitio” conta Dinis Melo.
Como filho de peixe sabe nadar, esse “feitio” foi herdado. “O meu pai trabalhou até morrer. Se fosse vivo tinha 91 anos e se ele pudesse também estava a trabalhar. Os meus genes são os dele. O meu pai também era igual, passava a vida a trabalhar” recorda Dinis Melo, que depois da conversa, volta à correria do trabalho no café.
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