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Biblioterapia: a literatura como função terapêutica

Cláudia Ferreira
Escritora e biblioterapeuta

O poder terapêutico da leitura é algo que atravessa o nosso tempo, levando-nos às antigas civilizações: grega, romana e egípcia. Apesar do termo, biblioterapia, ter sido cunhado por Samuel Crothers num ensaio intitulado «A literary clinic», publicado em 1916, podemos dizer que ao longo da história, a leitura foi muitas vezes usada com o propósito de amenizar a dor física e não só.

No século V a.C. o filósofo grego Antifonte abriu um estabelecimento na cidade de Corinto, onde “podia consolar os tristes com discursos adequados”, usando as palavras para este efeito, cujos discursos sedativos o tornaram famoso. Assim sendo, foi pioneiro nesta intenção de cura através das palavras. Já na Abadia Beneditina de São Galo, na Suíça, fundada em 612, é possível ler à entrada da sua biblioteca a inscrição grega Psyché Iatreio que siginifica «Santuário para curar a alma» ou «Farmácia da Alma».

Segundo Clarice Caldin, a biblioterapia é o cuidado com o desenvolvimento do ser humano por meio das histórias, sejam elas lidas, narradas ou dramatizadas. A meu ver, as palavras atuam em nós como poções mágicas que nos permitem refletir, apaziguando certas emoções e criando novas portas de conhecimento. Um encontro de biblioterapia, que poderá ser feito individualmente ou em grupo, pretende ser um espaço de escuta sensível e empática entre os participantes, contribuindo para o exercício de novas perspetivas sobre nós e o mundo que nos circunda.

A biblioterapia nutre a saúde mental e o desenvolvimento pessoal, sendo direcionada a todos os grupos etários. Ao identificar-se com um personagem ou com o enredo narrado, o leitor toma consciência dos seus pensamentos ou comportamentos, encontrando formas de lidar com eles.

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