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Filarmónica Lira do Rosário completa 100 anos

Livro que assinala o aniversário foi escrito pela musicóloga Ana Gaito e faz uma retrospectiva do que foi e como é a Lira do Rosário

Atualmente os músicos não se juntam para ensaios ou serviços devido à pandemia
Foto DR

Os 100 anos de qualquer instituição seriam motivo mais do que suficiente para uma comemoração memorável. Contudo, e por causa da pandemia, não foi assim. O dia 20 de abril de 2020 não teve qualquer tipo de comemoração nem os músicos da Lira do Rosário se podem sequer reunir para os ensaios. Ainda assim a data, apesar de não ter sido oficialmente assinalada, não passou em branco. O livro “Lira do Rosário, cem anos de História” foi escrito por Ana Gaito e percorre a vida e o percurso da filarmónica. “Durante dois anos fui fazendo recolha, trabalho de campo, acompanhei a filarmónica porque o meu marido é o maestro e os meus filhos também participam na banda”, explica a autora do livro que é musicóloga e professora de História e Cultura das Artes no Conservatório Regional de Ponta Delgada. Ana Gaito explica que o seu trabalho é “absolutamente autónomo e independente de qualquer universidade ou centro de estudo” e foi feito “em absoluta voluntariedade e amizade à filarmónica”.

Lira do Rosário conta com 30 elementos sendo a maioria jovens
A professora diz que escreveu a obra tendo por base “atas e alguns documentos escritos da própria filarmónica que apoiaram a confirmação de alguns factos e dados”. Recorreu a várias fotografias e ainda a “alguns membros, ativos e inativos da filarmónica que pudessem dar o seu contributo oral sobre alguns acontecimentos, situações ou momentos históricos”. A autora destaca a capacidade de quem compõe a Lira do Rosário de “assumir um compromisso por amor à camisola, cumprindo ensaios e serviços, sem serem remunerados, sendo alguns dos músicos bastante jovens”. Com cerca de 30 elementos, entre os 14 e os 40 anos, a Lira do Rosário foi fundada pelo Padre João Furtado Pacheco e Luís Soares Macedo em 1920. O Presidente, Paulo Cordeiro lamenta que não tenha sido possível comemorar o completar de um século: “tivemos de cancelar tudo o que tínhamos previsto, uma missa, um desfile e mini­-concerto no Rosário”. Apesar do lançamento da obra comemorativa do centésimo aniversário não se ter realizado, como previsto, Paulo Cordeiro conta fazê-­lo numa cerimónia a realizar-­se este ano mas, ainda sem data marcada. Sobre a Filarmónica, o Paulo Cordeiro diz que atrair novos membros é o mais difícil: “todos os anos abrimos a escola de música, aparecem cinco ou seis mas chegamos ao fim com dois ou três”, lamenta. O Presidente diz que “como também há filarmónicas com dificuldades que começam a oferecer dinheiro para fazer serviços, as pessoas talvez por necessidade acabam por ir para essas”. Duarte Alves é responsável pela direção musical da Lira do Rosário há 10 anos. Para o maestro “os jovens hoje em dia querem outras coisas e arranjar motivação é sempre complicado”. Ainda assim para Duarte Alves o balanço é positivo reforçando que “os que estão e ficam na banda são mesmo os que gostam de lá estar, os que sentem prazer em lá estar”.

Sara Sousa Oliveira

(Reportagem publicada na edição digital de maio de 2020)

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