Falta de gente é deveras preocupante…

Professor
As projeções da população residente no nosso país, para os próximos anos, segundo o Instituto Nacional de Estatística, devem preocupar qualquer governante e obrigar a decisões políticas muito ponderadas.
Quanto aos Açores, o cenário é mesmo muito preocupante. Há ilhas que perderão metade da sua população. No global do arquipélago, os atuais 242 mil habitantes destas ilhas de bruma devem decrescer para os 170 mil (!) habitantes, até 2080. Daqui a pouco mais de 50 anos, segundo a mesma fonte, a população açoriana entre os 0 e os 14 anos, que atualmente se situa nos 38 mil, passará para cerca de metade (17 mil); a população entre os 15 e os 64 anos, dos atuais 169 mil, passará para 83 mil; mas os residentes com mais de 65 anos, que atualmente contam cerca de 35 mil, passará para o dobro (70 mil).
Os resultados obtidos não devem ser entendidos como previsões, mas sim lidos com um carácter condicional “se-então”, uma vez que são condicionados: 1) pelo volume e pela estrutura da população, no momento de partida e 2) pelos diferentes padrões de comportamento da fecundidade, da mortalidade e das migrações, estabelecidos em cada um dos cenários, ao longo do período de projeção.
Algum dos cenários pode não se confirmar na totalidade, mas a tendência não será muito diferente da projeção. Na verdade, todos nós já sentimos alguns dos efeitos que esta projeção augura. Há falta de alunos nas escolas e falta de vagas nos lares…
Como serão as nossas escolas daqui a uns anos? Muitas das suas atuais estruturas darão lugar a novos lares? Quantos lares de terceira idade serão necessários em cada localidade? Perante uma população ativa tão reduzida, haverá um acompanhamento alternativo aos lares? Que tipo de sociedade seremos? Que economia sustentará este povo no meio do Atlântico?
Senhores governantes, passando por todas as estruturas públicas, torna-se urgente serem mais responsáveis nas decisões políticas, que devem ser fundamentadas na ciência e em estudo credíveis e independentes.
Artigo de opinião publicado na edição impressa de abril de 2023