Investigadores da Universidade dos Açores têm estado a acompanhar a viagem de uma tartaruga-verde juvenil desde os Açores até à costa continental portuguesa. Este é um comportamento nunca antes registado, despertando a atenção dos cientistas, segundo nota de imprensa do OKEANOS-UAç.
A pequena tartaruga de 38 centímetros, chamada “Emília,” percorreu mais de 3.500 quilómetros em 210 dias, observaram os investigadores. Depois de libertada junto à costa açoriana, no Faial, Emília deu início a uma longa viagem, cruzando o Atlântico até à Galiza, descendo depois em direção a Peniche (onde permaneceu 15 dias, na zona da Praia do Baleal), continuando o seu rumo para sul.
O réptil foi marcado com uma marca satélite, presa na sua carapaça, em agosto de 2023 pela equipa COSTA (COnsolidating Sea Turtle Conservation in the Azores), do Okeanos – Instituto de Investigação em Ciências do Mar, encontrando-se neste momento a sul de Portugal continental. A marca permite recolher a posição geográfica, o tempo à superfície, e a temperatura da água.
À semelhança de outras espécies, a tartaruga-verde tem uma longa vida e percorre extensas distâncias entre a praia onde nasce e a sua área de alimentação. Atualmente, é considerada uma espécie ameaçada na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
“O avistamento de tartarugas-verdes em território português é pouco comum, tratando-se de animais com habitat tropical ou subtropical. Sabe-se ainda que as tartarugas-verdes tendem a explorar as zonas costeiras durante a fase juvenil, onde se alimentam de algas e pequenos invertebrados, no entanto os seus padrões de migração no Oceano Atlântico continuam a ser algo que desconhecemos”, conta Frederic Vandeperre, investigador principal da equipa COSTA, em nota de imprensa.
Por sua vez, Mafalda Sousa, investigadora da equipa COSTA, refere que “esta é a primeira vez que uma tartaruga verde é seguida desde o Arquipélago dos Açores até à costa continental portuguesa”, sendo um caso de estudo especial para a ciência.”
Os investigadores consideram que a viagem da Emília continua a ser um mistério, “podendo ou não rumar às águas mais quentes do Mediterrâneo nos próximos dias.”
O percurso deste animal pode ser acompanhado em tempo real através do site do projeto COSTA.