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Designer e autor de São Miguel participa em projeto da NASA que levará o conhecimento da humanidade à Lua

Intitula-se de “Sanctuary on the Moon” e, dos seus 11 participantes, faz parte Manuel Lima, açoriano que contribui para este projeto que levará à Lua “discos de safira com até sete milhões de micropixels de informação” recolhida pela humanidade

Manuel Lima, 46 anos, é natural da ilha de São Miguel mas viveu 20 anos fora de Portugal © DIREITOS RESERVADOS

O Diário da Lagoa contactou com Manuel Lima, que contou ao nosso jornal sobre o Sanctuary on the Moon, que, em tradução livre, significa Santuário na Lua, e sobre o seu contributo para a missão.
Manuel Lima, de 46 anos, começa por se descrever como sendo “um curioso da vida, designer, autor, professor e conferencista.” Afirma que nasceu em São Miguel e que passou 20 anos da sua vida “no estrangeiro”, em cidades como “Londres e Nova Iorque”. Atualmente, vive em Lisboa e é desde lá que contribui para este projeto, sendo o seu “pesquisador de design”.

Apoiada pela UNESCO, a missão Sanctuary on the Moon faz parte do programa da NASA intitulado Artemis CLPS. O objetivo é a entrega de “uma cápsula do tempo de 24 discos de safira” à “superfície da Lua”, com “a própria essência da humanidade”, afirma Manuel Lima. Será uma forma de preservar a informação recolhida pelo ser humano e sobre o próprio ser humano ao longo dos tempos e inclui várias áreas, desde a ciência, até à arte.

Manuel Lima é autor de livros de sucesso internacional e explica que os “discos de safira” incluem, da sua parte, “pesquisa sobre metáforas visuais e símbolos que compõem” os seus três primeiros livros acerca de “redes, árvores e círculos, respetivamente”. O designer explica que o objetivo é o de provar a capacidade de engenho que a humanidade tem e sempre teve, desde uma altura em que se criavam “mapas celestes” até hoje, com a “criação de visualizações de dados” mais “complexos”.

A gravação da informação nos discos de safira é feita na Associação Francesa de Energias Alternativas e Comissão de Energia Atómica (CEA) e prevê-se que o seu envio para a Lua seja feito nos próximos anos. Pretende-se, no fundo, que o conhecimento humano, bem como o seu testemunho, seja resguardado para as gerações futuras, perdurando durante a eternidade.

Manuel Lima realça ter um “orgulho enorme” em fazer parte de um projeto tão grandioso, com uma “equipa multidisciplinar”. Fazer parte de uma missão que ultrapassa o Planeta Terra é um passo marcante na vida do autor açoriano, que afirma nas suas redes sociais que este é o projeto “mais incrível” do qual já fez parte.

Eclipse solar

Victor Hugo Forjaz
Professor Catedrático de Vulcanologia

1 – O mundo científico anda em polvorosa com o próximo 8 de abril quando se efetivará um eclipse total do sol numa faixa aproximadamente de 500 km, do México passando pelos Estados Unidos e terminando no Canadá. Durante horas tardias o dia será noite, porque o satélite da Terra, a Lua, se cruza com a trajetória do nosso Astro-Rei (de difícil estudo, salvo nos eclipses).

2 – O fenómeno tem consequências de diversos tipos, desde as sociais às económicas, das científicas às religiosas e tecnológicas (satélites, comunicações).
Os “media” norte-americanos têm editado obra de consagrados analistas de jornais, revistas e TV. Uns autores comparam entre si os diversos eclipses totais e realçam as particularidades de cada um. Egípcios, aztecas, incas, chineses e japoneses conseguiram montar extraordinárias estruturas de observação. Na China, com colegas de Espanha, visitei um antiquíssimo Observatório-do-Sol equipado com sofisticados equipamentos de estudo não só do exterior solar, mas também de alguns quilómetros da “crosta” solar.
Ali se desenvolvem, em determinados sectores, contínuas explosões de energia, quase inacreditáveis. Ainda não se tem a certeza sobre essa constituição do interior do Sol.

3 – Os egípcios associavam os eclipses totais do sol e da lua a avisos do deus da morte, Anúbis. E eliminavam os moribundos em cremações ritualizadas, por perfumes celestiais. Os chineses são e os aztecas foram os povos com mais entrosados no conhecimento solar. Os aztecas deduziam o aparecimento de eclipses, totais ou parciais do sol e da lua. Os do sol eram antecedidos por sacrifícios de virgens, tal aquando das erupções vulcânicas. Terríveis sacrifícios humanos que tiveram a passividade dos colonizadores espanhóis, sedentos de ouro e de jaspe polido.
Na Idade Média o “apagar” do sol gerava notáveis crendices e o renascer do astro-rei gerava tratados e juras de bondade. Quase tudo de pouca dura. Mas os chineses foram, através de binóculos com lentes cuidadosamente fabricadas, que descobriram a corona solar das explosões do sol. Na época não conseguiam medir o efeito de chegada de “massa” solar invisível ao nosso planeta.

4 – Entretanto a imensa máquina comercial dos Estados Unidos já colocou em marcha a sua fabulosa maneira de saber vender. Desde os óculos escuros que garantem proteção aos olhos aos sacos de pipocas e de salgados que abastecerão umas escassas horas de devotos, voltados para o mesmo ponto do céu. Tudo se vende, desde plásticos a trajos, de gelados solares a panquecas de mel dito solar. É um fantástico circo que inclui viagens por terra, por avião e por balão., tentando acompanhar a faixa de
escuridão.

5 – Muito se poderá hoje narrar sobre o astro que condiciona toda a via terrestre e condiciona todos os restantes astros que o orbitam. Mas, enfim, como escreveu o sábio Teilhard de Chardin – “À escala do Cosmos, só o fantástico pode ser verdadeiro “.

Que o “novo” sol vos traga saúde e sorte.
Ela ainda terá milhões de anos de vida.