Log in

Jorge Rita reeleito presidente da Cooperativa União Agrícola e Associação Agrícola de São Miguel

© AASM

Jorge Rita foi reeleito na presidência da Associação Agrícola de São Miguel (AASM) e da Cooperativa União Agrícola. As eleições dos novos órgãos sociais para o quadriénio 2025 a 2029 decorreram no passado dia 10 de janeiro, no Parque de Exposições, em Santana, num ato eleitoral que contou como uma lista única, liderada por Jorge Rita, segundo comunicado da associação.

Participaram nestas eleições mais de 450 associados, o que atendendo à existência de uma lista única, traduz-se numa reeleição com 97 por cento (%) dos votos e “num sinal de grande confiança e crédito dos associados à lista vencedora, o que demonstra a importância que os associados deram a este ato eleitoral, valorizando todo o trabalho desenvolvido por estas Instituições na defesa dos seus interesses, nos últimos anos”, lê-se.

Este será o oitavo e último mandato cumprido por Jorge Rita, que desempenha funções como presidente há 22 anos. “Este ato eleitoral constituiu assim, mais uma demonstração do compromisso existente entre associados e os órgãos sociais reconduzidos, constituindo um reforço das estratégias delineadas pela Associação Agrícola de São Miguel e pela Cooperativa União Agrícola, CRL, que têm contribuído
duma forma clara e objetiva para a melhoria das condições existentes na Agricultura dos Açores”, segundo a AASM.

Sendo que a agricultura “é uma das atividades mais importantes da região”, o Conselho de Administração diz que vai estar “sempre disponível para a adoção de medidas que contribuam para uma melhor agricultura na região, e irá focar-se nos próximos anos na melhoria dos rendimentos dos agricultores açorianos e na negociação do próximo quadro comunitário de apoio, incluindo posei, colaborando para a coesão socioeconómica dos Açores”, conclui o mesmo comunicado.

Secretaria Regional da Agricultura e Alimentação saúda eleição de corpos sociais da Associação Agrícola de São Miguel

A Secretaria Regional da Agricultura e Alimentação saúda a eleição da renovação do mandato dos corpos sociais da Associação Agrícola de São Miguel, para um novo período de quatro anos, segundo comunicado do Governo regional.

A mesma nota recordaque esta associação é também a que preside à Federação Agrícola dos Açores. Para o Governo regional, a Federação Agrícola dos Açores, enquanto representante do movimento associativo agrícola regional, “é um parceiro ativo das políticas públicas para a agricultura, tendo através do seu conhecimento, das suas iniciativas e reivindicações contribuído para o desenvolvimento de uma agricultura mais próspera e resiliente”.

“Quero felicitar em particular o presidente da Associação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita, pela renovação de um novo mandato à frente dos destinos da Associação Agrícola de São Miguel e na continuidade da presidência da Federação Agrícola dos Açores”, sublinha António Ventura, secretário regional da tutela, citado na mesma nota.

E prossegue: “É essencial na Região uma organização de cúpula com experiência, conhecimento e perspetiva futura como a Federação Agrícola, para que possamos dispor, dentro das nossas possibilidades financeiras, as melhores políticas públicas”.

Jorge Rita aponta falta de mão de obra e pouca capacidade de armazenamento de água como problemáticos

Presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, vai candidatar-se a mais um mandato e acredita que 2025 será melhor do 2024, mas realça que a falta de mão de obra é sério problema, bem como o pouca capacidade de armazenamento de água em algumas ilhas

Jorge Rita diz que setor do leite é o mais afetado pela falta de mão de obra © DL

DL: Há novos apoios para a agricultura e o Governo dos Açores vai investir 78 milhões de euros no setor. As reivindicações foram atendidas?
Sim, temos de registar, com a verdade, que as reivindicações feitas pela Federação Agrícola dos Açores têm tido eco neste Governo regional, por via do seu presidente. Obviamente que os anúncios que foram feitos têm por base as nossas reivindicações, concertação e articulação com os parceiros sociais. São poucas as reivindicações que não têm sido aceites. Este é um sinal positivo e, para além da credibilidade das nossas reivindicações, bem como a importância que o setor tem, tendo em conta as nossas necessidades, o setor é visto pelo Governo regional como vital para a nossa economia, não só pela parte económica e financeira, mas também pela coesão económica e territorial, bem como pelas questões ambientais e toda a envolvência que a agricultura tem na potenciação de outros setores. 

DL: Que expetativas tem o setor agrícola para 2025?
Na minha perspetiva, claramente que o ano de 2025 poderá ser melhor do que 2024, mas isso é tudo uma incógnita. Da parte do Governo regional, os acordos que estão inscritos em termos de parceria e que não foram totalmente cumpridos são muito poucos. Por exemplo, no caso das últimas intempéries, o Governo regional ainda não fez o pagamento de 630 mil euros. Penso que há falta de disponibilidade financeira, porém acredito que essas situações ficarão resolvidas no início de 2025, pois os compromissos têm sido cumpridos. Por outro lado, com o aumento do plano na ordem dos 10 milhões de euros em 2025, este também poderá ajudar a reforçar algumas situações na ilha de São Miguel e no Pico, pois são as duas ilhas com a pior situação em termos de caminhos. E, igualmente, no reforço do abastecimento e armazenamento de água na ilha de São Miguel, que é uma ilha que tem muita água disponível, mas que tem muito pouco armazenamento. Também existem outras ilhas como Santa Maria e Graciosa que são problemáticas na questão da falta de água. A expetativa — para além daquilo que são os anúncios e disponibilidade do governo — é de que os agricultores possam melhorar o seu rendimento por via das suas receitas. Houve ligeiras subidas no preço do leite em 2024, os consumidores já estão a pagar mais e se estão a pagar mais, isso também tem que se refletir no produtor, não deve ficar só a margem para a distribuição e indústria, é preciso que essa divisão seja feita da melhor forma para que todos na fileira também se sintam equilibrados.

DL: E em relação à produção no setor da carne?
Tem vindo a melhorar ao nível do preço, embora exista expetativa em relação aos acordos da União Europeia com o Mercosul, em que todos os setores esperam ganhar. A carne continua a ser uma aposta na Região Autónoma dos Açores, o problema é ser preciso uma melhor distribuição. Há ilhas em que a sua grande produção agrícola está assente na carne e não em outras produções, essa transformação já se começa a notar, pois houve alguma reconversão do leite para a carne, por várias razões. Primeiro, pela insegurança e pela descrença dos produtores, depois porque as indústrias não conseguem acompanhar o preço do leite de forma a que os agricultores possam ter margem suficiente para continuar a sobreviver. Mas, para mim, o maior problema é a questão da mão de obra.

DL: A falta de mão de obra na agricultura continua a ser um problema?
Claramente, no setor do leite é problemático e nos outros setores de atividade também, mas no setor do leite não há nada pior do que a falta de mão de obra, porque tem que se alimentar as vacas e fazer a ordenha todos os dias. Por isso é que, se calhar, muitas pessoas estão a abandonar o setor, apesar das boas infraestruturas e condições. E, também, porque nem todos os filhos querem dar continuidade às explorações da família.

DL: No âmbito do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, o prémio para a primeira instalação de jovens agricultores será de 55 mil euros, abrangendo todos os setores agrícolas. Haverá também um incentivo de 15 mil euros para jovens que optem pela agricultura a tempo parcial. Foi uma proposta da Federação?
Sim. Até porque o valor era de 40 mil e nós sugerimos e reivindicamos junto do secretário regional da Agricultura que concordou. Temos de criar incentivos para os jovens, depois temos a questão da Segurança Social e da tributação a nível de impostos, ou seja, ver qual é a forma de se conseguir reduzir esses impostos aos jovens agricultores. E, mais do que isso, tem que haver mais formação também, mais incremento, mais incentivos. Os concursos são por si só já muito importantes para a cativação de jovens, homens e mulheres. E, na minha opinião, mais do que isso ainda, será essencialmente a questão das novas tecnologias e da agricultura de precisão. São os jovens que vão agarrar isso quando perceberam que podem fazer diferente dos pais, marcar a sua posição pelo conhecimento. Por isso, há cada vez mais formação. E os jovens, para as novas tecnologias têm outras aptidões que os mais antigos já não têm. Isso pode ser um novo incremento no próximo quadro de apoio, ou seja, investir nos robôs, nos drones, na mecanização das explorações, na monitorização dos solos. Há todo um trabalho a ser feito.

DL: A 10 de janeiro há novas eleições na Federação Agrícola dos Açores. Vai recandidatar-se?
Sim, vou-me candidatar para mais um mandato.

DL: Tem alguma promessa?
Não, apenas trabalho, dedicação, paixão, gosto por aquilo que faço, sempre, sempre e sempre em prol dos agricultores dos Açores.

Feira Agrícola abriu com anúncio de novos apoios para a agricultura açoriana

Presidente do Governo regional destacou ainda a “importância estratégica do setor agrícola na economia da região” e enalteceu o papel de Jorge Rita na defesa dos agricultores

© DL

Na abertura do X Concurso Micaelense Holstein Frísia de Outono, que decorreu no Parque de Exposições de São Miguel esta sexta-feira, 29 de novembro, na Ribeira Grande, o presidente do Governo regional dos Açores, José Manuel Bolieiro anunciou novos apoios para a agricultura nos Açores.

Entre os anúncios feitos, destaca-se a abertura, em dezembro, de um novo período de candidatura para apoio à aquisição de sementes de milho e sorgo, com uma comparticipação de 80 por cento.

A medida, que se realiza pelo terceiro ano consecutivo, segundo José Manuel Bolieiro, pretende demonstrar o “compromisso contínuo” do executivo em apoiar os agricultores.

“É com ações concretas como esta que mostramos o nosso compromisso com os lavradores açorianos”, realçou o presidente do Governo açoriano.

Outra medida é o prolongamento, até 6 de dezembro, do apoio à aquisição de palha, feno ou luzerna prensada, no valor de 10 cêntimos por quilo, totalizando já mais de 10 mil toneladas de alimento fibroso apoiadas desde fevereiro, com um investimento superior a um milhão de euros com o objetivo de mitigar os impactos do rigoroso inverno passado.

O líder do executivo açoriano também anunciou a abertura, no dia 3 de dezembro, de um período de candidatura para a reconversão da produção de leite para carne, uma iniciativa que visa contribuir para a reestruturação do setor da bovinicultura de leite em São Miguel, Terceira e Graciosa.

“Portugal é deficitário em cerca de 50 por cento na produção de carne bovina, e os Açores têm uma oportunidade única de ajudar a suprir esse défice alimentar”, destacou.

Ainda no âmbito do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), foi revelado que o prémio para a primeira instalação de jovens agricultores será de 55 mil euros, abrangendo todos os setores agrícolas, e haverá um incentivo de 15 mil euros para jovens que optem pela agricultura a tempo parcial.

José Manuel Bolieiro destacou a “importância estratégica do setor agrícola na economia da região” e enalteceu o papel de Jorge Rita, presidente da Associação Agrícola de São Miguel e da Federação Agrícola dos Açores, na defesa dos agricultores.

“O trabalho de Jorge Rita é um exemplo de dedicação à nossa agricultura, e reconhecemos o esforço que tem feito para valorizar os agricultores açorianos”, disse o governante.

O presidente do Governo regional reafirmou o seu compromisso com o setor primário e o seu papel na “geração de riqueza” nos Açores.

“Estamos empenhados na valorização da nossa agricultura, no desenvolvimento rural e na agroalimentação, essenciais para a sustentabilidade económica e social da região”, declarou.

A sessão contou com a presença de várias entidades, como a presença do secretário regional da Agricultura e Alimentação, António Ventura, o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Alexandre Gaudêncio, e o presidente da Assembleia Geral da Associação Agrícola de São Miguel, Eugénio Parreira Câmara.

Associação Agrícola de São Miguel reúne com Câmara da Lagoa

© CM LAGOA

Os representantes do Conselho de Administração da Associação Agrícola de São Miguel reuniram-se com a presidente da Câmara Municipal de Lagoa, Cristina Calisto, no edifício dos Paços do Concelho, segundo nota de imprensa da autarquia lagoense.

Na reunião, que contou com a presença do Presidente da Direção da Associação Agrícola, Jorge Rita, foram abordados alguns desafios que o setor atravessa e analisados e debatidos alguns assuntos de importância para o setor agrícola na ilha de São Miguel, com destaque para a instalação de infraestruturas agrícolas e o seu dimensionamento, a situação em que se encontram os caminhos agrícolas e a necessidade de ser assegurado o abastecimento de água às explorações, de acordo com o mesmo comunicado.

Na ocasião, A Associação Agrícola aproveitou a ocasião para solicitar a colaboração da Câmara Municipal de Lagoa no transporte de crianças para o concurso micaelense da raça Holstein frísia, que se realiza entre 6 e 9 de junho.

Por sua vez, a governante da Lagoa realçou a necessidade de maior articulação entre as várias entidades, Câmara Municipal, o Governo Regional dos Açores e a Associação Agrícola, para que sejam ultrapassados os constrangimentos atuais, refere, ainda, a nota . Cristina Calisto considera “essencial que entre municípios de São Miguel haja uma uniformização de regras em relação aos licenciamentos das infraestruturas agrícolas e das nitreiras”.

Associação Agrícola reúne com câmaras municipais e alerta para necessidades dos agricultores micaelenses

© AASM

A Associação Agrícola de São Miguel iniciou um conjunto de reuniões com as câmaras municipais da maior ilha do arquipélago dos Açores, anunciou a associação representante dos agricultores micaelenses. O primeiro encontro aconteceu ontem, 30 de abril, na Povoação.

De acordo com nota de imprensa enviada pela associação, a iniciativa surge na sequência da necessidade de alertar os municípios para as questões agrícolas e os seus impactos a nível local, que “surgem em muitos casos das exigências que são impostas aos agricultores, principalmente, as decorrentes das boas práticas agrícolas e ambientais integradas na Politica Agrícola Comum”.

A Associação Agrícola, em comunicado, alerta que os agricultores são obrigados a alterar de uma forma periódica os procedimentos a adotar nas explorações agrícolas, pelo que, “se torna imprescindível adaptar a legislação e as regras em vigor nos municípios, à renovação sistemática das linhas de orientação das políticas agrícolas.”

Nestes encontros, a associação refere que serão abordados “assuntos que se revestem de grande importância na gestão das explorações agrícolas”, nomeadamente a necessidade de existirem sempre, infraestruturas agrícolas, como caminhos e abastecimento de água às explorações, em condições. Será feito, também, um apelo para “a atualização e uniformização dos pressupostos dos Planos Diretores Municipais”, bem como para a “harmonização dos códigos de conduta municipais na aplicação de estrumes e chorumes nas pastagens e nas taxas de licença das construções agrícolas e afins.”

Jorge Rita reeleito presidente da Federação Agrícola dos Açores

© DL

A Federação Agrícola dos Açores (FAA) realizou a sua assembleia-geral ordinária no passado dia 8 de março, na sede da sua associada a Associação Agrícola de São Miguel (AASM), na Ribeira Grande, onde Jorge Rita foi reeleito como presidente da direção, através da sua presidência na AASM, para o biénio 2024-2026. Antes, também foram aprovadas por unanimidade as contas do exercício de 2023.

A lista apresentada manteve a composição da atual direção da FAA e teve o voto unânime na reeleição.

Segundo comunicado enviado às redações pela Federação Agrícola, para Jorge Rita “esta reeleição é bem demonstrativa da coesão do movimento associativo e da confiança que as associadas têm nesta direção relativamente aos desafios que se avizinham.”

“A direção eleita mantém o compromisso de realçar a importância da agricultura como atividade central para o desenvolvimento social e económico e para isso vai continuar a reivindicar por melhores políticas e condições junto do Governo dos Açores, do Governo Nacional e das instâncias europeias”, diz o presidente da federação açoriana.

Jorge Rita defende, ainda, que só assim “os diversos setores da produção possam ser uma opção para manutenção das pessoas nos espaços rurais, mas sobretudo serem atrativas para entrada de jovens agricultores que tanto é necessário para o rejuvenescimento do tecido produtivo.”

Na presidência da Mesa da Assembleia-Geral, mantém-se a Associação de Agricultores da ilha Graciosa enquanto o que o Conselho Fiscal passa a ser presidido pela Associação dos Jovens Agricultores Terceirenses.

“É preciso pensar mais nos Açores e menos nos cargos políticos que queiram ocupar”

Presidente da Associação Agrícola de São Miguel alerta para os perigos da instabilidade política na região. Em entrevista ao DL, Jorge Rita defende que é preciso aumentar o rendimento dos agricultores

Jorge Rita defende “pacto de regime” no setor agricola © DL

DL: Como encara a manifestação dos agricultores que aconteceu a 8 de fevereiro?
A manifestação dos agricultores aqui, em São Miguel, nasce obviamente de um grupo de agricultores com uma razão objetiva que tem que ver com o seu rendimento, com a qual concordamos plenamente. É isso que tenho defendido, claramente, ao longo destes anos, o rendimento dos agricultores. Embora ninguém tenha falado connosco, nós não nos desligamos dessa situação. Do meu ponto de vista a manifestação teve a agregação de muitos agricultores e correu bem. Fiquei satisfeito com a forma ordeira como decorreu. Mas, claro, que depois o objetivo não foi falar do rendimento e do preço do leite, como se percebeu, por isso não há muito mais a dizer sobre isso, porque o meu foco vai essencialmente para o rendimento dos agricultores. E o que temos feito para colmatar essas situações ao longo dos anos é diferente do que se vê ao nível nacional e também na Europa.

DL: O que difere a realidade nacional e de outros países europeus no setor agrícola para com a açoriana?
Há manifestações na Europa com as quais somos totalmente solidários mas a maior parte delas não tem que ver com a Região Autónoma dos Açores. Começando pela Alemanha, onde começou, está relacionado com a retirada do subsídio ao gasóleo verde. Os agricultores manifestaram-se contra porque se tirassem esse subsídio deixavam de ser competitivos. Na França tem a ver com o rendimento e também com a proibição de produtos da União Europeia para a França. Abre-se assim uma caixa de pandora, a livre concorrência entre os países pode não existir com a França a ter esse comportamento. Depois temos os cereais da Ucrânia que estão a ser vendidos a preços baixos no mercado europeu e que beneficiam os Açores e o continente porque nós não somos auto suficientes em termos de cereais. Mas se houver proibições os preços aumentam e somos prejudicados.
A nível nacional a grande reivindicação é na questão da desburocratização, bem como o compromisso do Governo da República na produção biológica e produção integrada ao nível dos apoios. Essa situação não existe aqui nos Açores, pois foi resolvida há mais de três anos. Nós estamos muito mais à frente.

DL: Então o que falta fazer nos Açores?
Para mim o que é preocupante é o rendimento dos agricultores que está sempre assente naquilo que são a sua receita e as suas despesas. Ninguém está indiferente ao que acontece no mundo inteiro, mas essas situações estão trabalhadas, reivindicadas e identificadas.

DL: A crise política nos Açores afeta o setor agrícola?
A instabilidade política para nós é muito complicada. O rendimento do agricultor pode ser muito penalizado pela instabilidade, por isso é que eu apelo a que haja bom senso da nossa classe política. É preciso pensar mais nos Açores e menos nos cargos políticos que queiram ocupar.
O que é sempre muito importante é o preço do leite. Nós não podemos perder mais tempo, nós precisamos de um Governo que acolha aquilo que são as nossas grandes preocupações, que trabalhe em conjunto com o Governo da República para resolver essas questões. A questão do rendimento é transversal a todos e a opinião pública tem que saber isso, as indústrias têm que ter outra capacitação comercial e a distribuição tem que olhar para o setor como um de fileira, porque senão a produção começa a baixar, perdemos agricultores e a distribuição terá que comprar leite e derivados a outros países.

DL: Fixar um preço justo mínimo para o leite pago ao produtor é uma reivindicação. Como e quando pode ser essa medida implementada?
Quando se fala de preço justo é muito simples. Nós até sabemos quanto é que custa produzir um litro de leite em média, a Associação tem esses dados, sabemos o preço médio que é pago ao produtor. A indústria sabe das suas contas e nós não temos problema nenhum em tornar transparente todo o processo. Esperamos que os outros, incluindo a distribuição, tenham essa capacidade e lealdade para com o setor e que tornem tudo transparente. Alguém que verifique, fiscalize e tenha capacidade de penalizar quem fica com a fatia de leão. Por isso o apelo que faço aos agricultores é no sentido de responsabilidade e de união entre agricultores.

DL: E se a Associação Agrícola de São Miguel construísse uma fábrica de leite?
Não está na nossa estratégia, porque temos uma que é da lavoura, a Unileite. Tivemos um período de recolha que atingia os 50 por cento em São Miguel. Não transformava na totalidade mas recolhia e depois vendia à Prolacto, portanto, já é uma grande indústria. Eu penso que não acrescentava grande valor. O que nós precisamos é que a Unileite consiga, nos próximos tempos, orientar-se para criar mais alguns produtos de valor acrescentado. Não estamos a passar a responsabilidade para ninguém. A Unileite e a sua direção sabem que a associação está sempre do lado das organizações da produção. O que queremos é uma Unileite forte, no sentido de puxar o setor para cima. A Unileite como também as outras indústrias que estão ligadas à Lactaçor e que são da própria produção. Também pretendemos que ao nível da Unicol se consiga melhorar o preço dos produtores na ilha Terceira. É transversal a todas as ilhas.

DL: Defende um pacto de regime na região para o setor agrícola. Como pode esse pacto tornar-se uma realidade?
O que nós discutimos com o presidente do Governo regional antes do período eleitoral e que até anunciou como bandeira é que se encontre uma plataforma de entendimento entre todos para que o leite não baixe o preço a partir de um determinado limite. Acho que é um risco que devemos assumir mesmo que sejamos penalizados, porque somos uma região ultraperiférica em que a proteção aos agricultores açorianos nunca poderá ser igual à de outros países europeus.