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Pás-coa

© D.R.

Jesus morreu para nos salvar! Porquê? – perguntou o mais novo dos meus sobrinhos! Realmente fiquei a pensar. Respondi então: Jesus morreu por amor aos Homens; para que o seu exemplo ecoasse nos corações humanos e todos aprendessem que só amando e ajudando os outros podem ter a felicidade na Terra e nos Céus.

Num diálogo a pergunta é fundamental e sempre mais importante. A resposta é relativa, mas para nós, cristãos, é sempre Jesus Cristo.

A Páscoa é a paz que procura tocar este mundo conturbado.
A Páscoa é a vida que ecoa em direção dos corações desumanizados.
A Ressurreição de Jesus é a maior prova da Misericórdia de Deus.

A Páscoa é dom de Deus, porque Jesus sendo um de nós, saiu de si mesmo, apresentou-se livre, sem mancha diante de Deus, para dar a sua vida pela Humanidade. Por isso a Misericórdia surpreende a vingança. Deus não deixa o ser humano largado à destruição. Para Ele não há causas perdidas.

O drama da humanidade é o drama do Amor e da Misericórdia, porque, por um lado, é muito difícil perdoar e, por outro lado, não somos capazes de garantir a vida daqueles que amamos.

Exemplificando: um pai pode fazer tudo por um filho; contudo não pode é garantir a sua vida para sempre. Só Deus é que pode dar-nos a VIDA. Só Deus é o garante dela e essa é para sempre.

Parece que Jesus está na Cruz, mas realmente não está lá.
Parece que Jesus não está no Sacrário, mas verdadeiramente Ele está lá.

Podemos concluir que:
1. A Ressurreição de Jesus é a vitória da Misericórdia.
2. A Ressurreição de Jesus é o triunfo da Vida sobre a Morte.
3. A Ressurreição de Jesus é o sucesso do Bem sobre o Mal.
4. Jesus Cristo é a melhor oferta de Deus para a Humanidade.
5. Jesus Cristo é o presente de Deus que nos leva à Vida Plena.
6. Jesus Cristo salva sempre e para sempre, quando o ser humano assim o quer.
7. Deus é infinitamente paciente e usa a força terapêutica do tempo para se deixar conquistar.
8. A passagem pela cruz como não pode ser evitada, só pode encontrar sentido no Amor.
9. Deus está sempre à nossa espera e abre os seus braços para nos acolher.
10. É infinito o seu Amor e sua Misericórdia.

CRISTO RESSUSCITOU! ALELUIA! ALELUIA!

A Páscoa: caminho de vida e de esperança

© D.R.

Passados os dias da quaresma, onde durante 40 dias nos fomos preparando, deixando atitudes, gestos e palavras que não nos dignificam mas que apenas nos diminuem enquanto seres humanos e cristãos, eis que ressoa bem alto o anuncio da Páscoa do Senhor: O Senhor ressuscitou verdadeiramente! Aleluia, aleluia.

A Páscoa, centro de todo o ano e da vida cristã, é a festa da vida que faz brotar, em cada um, a alegria de quem é salvo por um Amor Maior. Este amor é demonstrado na maior prova que pode existir: Jesus deu a vida por nós.

Compadecemo-nos muito com a Sua Paixão e Morte. De facto, são episódios do caminho de Jesus ao encontro de cada um, são passos que Ele dá por amor de nós, que nos faz querer estar presentes. Tal como acontece quando morre um familiar e amigo. Marcamos presença na última despedida.

A vida não fica na Sexta-feira Santa, com a morte de Jesus. A Páscoa é vida. Nela celebramos a vitória da vida sobre a morte. Nela Jesus dá a sua vida humana, para que nós tenhamos a vida divina. Por Jesus, com Jesus e em Jesus, a vida não termina com o desaparecimento dos nossos corpos mortais. Para quem crê “a vida não acaba, apenas se transforma”. Passamos a estar com Deus e em Deus.

Jesus está vivo! É o que ressoa na Páscoa. Esta vida também simbolizada pelo comércio dos ovos e dos coelhos, tem o seu centro numa Cruz vazia, sinal da vida doada que brota do Amor generoso de Deus.

Desta vida nova, brota no coração de cada crente a esperança, em particular dos mais desprotegidos e dos que sofrem, que existe algo mais para além do sofrimento, da doença, das guerras e do abandono. Como nos diz o Papa Francisco “No meio das múltiplas dificuldades que estamos a atravessar, nunca esqueçamos que fomos curados pelas chagas de Cristo (cf. 1 Ped 2, 24). À luz do Ressuscitado, os nossos sofrimentos são transfigurados. Onde havia morte, agora há vida; onde havia luto, agora há consolação. Ao abraçar a Cruz, Jesus deu sentido aos nossos sofrimentos. E, agora, rezemos para que os efeitos benéficos daquela cura se espalhem por todo o mundo.”

Sem a ressurreição a Igreja nada mais é que uma multinacional e a fé um regulamento interno, que orienta as ações de cada cristão. Sem a ressurreição cada cristão é um repetidor oco de coisas passadas e de Jesus histórico que já não transforma a nossa vida nem nos convence a viver o Seu mandato: “Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu vos fiz, vós façais também” (Jo 13,15).

A todos desejo uma feliz e santa Páscoa, do Senhor vivo e ressuscitado.

A vida que vence a morte

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“A morte e a vida travaram um admirável combate: depois de morto, vive e reina o Autor da vida.” Assim canta um hino litúrgico da Páscoa, a festa maior do calendário cristão e aquela que mais vai ao âmago da nossa fé. De uma vez só tratamos da paixão, da morte e da ressurreição de Jesus.

Albert Camus, em o Homem Revoltado, afirmava que Cristo resolveu dois problemas principais: o mal e a morte, dois problemas tão evidentes no nosso pequeno grande mundo. Por isso, a Páscoa que nos preparamos para celebrar, não é uma coisa de 20 séculos mas algo muito presente no nosso quotidiano.

A entrada de Jesus em Jerusalém, vindo de Betânia, assinala o ínicio do caminho de Jesus até à Cruz, momento alto do tempo que vamos viver até domingo.

Jesus chega a Jerusalém sentado num jumento, um burro, que nem cavalo é, aclamado como um rei e de, repente todos aqueles que faziam parte do grupo dos mais importantes começaram a ficar incomodados com este rei que dizia coisas que os punha em causa, a eles e às estruturas e costumes que representavam. Arranjar pretexto para o mandarem prender era tudo o que mais queriam e não seria difícil porque tinham poder, poder que nunca ou raramente transformaram em serviço. E na cidade, as vozes corriam tão velozes quanto naqueles tempos as redes funcionavam: de um lado estavam todos os que se entusiasmavam com Jesus, que fazia o bem por onde passava, como nos lembra o evangelista. Do outro, os que lhe queriam mal por inveja e ciúme do amor que dele e dos seus gestos transbordavam.

A história é sempre a mesma. Ou quase sempre. Esta, apenas é diferente no essencial: a confiança e o amor.

Enquanto os rumores circulavam, Jesus reuniu os seus e antecipando um último gesto, que queria que se perpetuasse para sempre, juntou-os à mesa lugar de toda a intimidade de uma família ou de gente que se quer bem; mas antes lavou-lhes os pés, num ato de humildade que ainda hoje é motivo de escândalo. O rei, viajava num jumento e lavava os pés aos discípulos, para que eles, tal como Ele lhes fez, o fizessem também a outros. É por demais evidente que os senhores do tempo não gostaram da inversão de valores e arranjaram maneira de o prender e de o silenciar, embora nem sequer os que pugnavam pela justiça dos homens encontrassem nele culpa. Diante das injúrias e das calúnias nunca levantou a voz nem foi sobranceiro. Aceitou tudo porque sabia que o seu reino não era deste mundo. E quando foi condenado, carregou a cruz diante daqueles que o tinham aclamado e agora o apedrejavam com palavras e impropérios. No caminho, até ao calvário, cruzou-se com várias pessoas, algumas delas que se compadeceram; outras ficaram indiferentes e outras houve que o ajudaram a levantar-se. A força maior que o acompanhava era a confiança no Pai, mesmo quando lhe pediu para afastar de si o cálice amargo de uma espécie de derrota, que Ele que se fez humano por amor aos homens experimentou ou quando deitou gritou aquele pensamento lancinante de abandono dirigido certeiramente ao Pai: “porque me abandonaste?”.

Foram apenas momentos, como a nossa fé é feita de momentos que juntos fazem um todo, um caminho de dúvidas e de contradições; de zangas e de amuos; de infidelidades e traições, mas sabendo que o amor Dele é sempre maior.

É esta confiança que alimenta a vida cristã; é ela que nos devolve a esperança porque nos sentimos muito amados por Deus. E, esta sexta-feira, a mais santa de todas, quando olharmos para a cruz e descobrimos nela este amor maior que é muito mais do que um aconchego ou um consolo, perceberemos que também nós temos a suprema graça de poder servir, de poder amar e de poder partilhar a nossa e as cruzes dos que nos são próximos levando-lhes esta esperança.

A Páscoa é isto. Hoje e sempre. A vitória da cruz, não como sofrimento mas como lugar de amor.

Não nos cansemos de chorar, de rir e de amar.

Santa Páscoa para todos.