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Valorização

Alexandre Pascoal
Gestor Cultural

Após anos de “chumbo” (e “encostados à parede”), os governos (da república) liderados pelo Partido Socialista (PS), entre 2015 e 2023, deram à Cultura a centralidade que ela merece, um assento à mesa do conselho de ministros e a implementação de uma estratégia de reforço orçamental (gradual e continuado).

A Direção-Geral das Artes (DGARTES), um dos principais organismos do Ministério da Cultura (MC), teve (e tem tido) um papel fundamental na implementação de políticas públicas que visam responder às naturais expectativas de profissionais e das estruturas do sector das artes em todo o território nacional.

Contudo, pela primeira vez, em oito anos de concursos, a Declaração Anual 2025 da DGARTES, na qual são publicitados os concursos a abrir, contrariou a tendência de crescimento das dotações alocadas a cada modalidade de apoio.

O valor do programa de Apoio a Projetos (concursos para Artes Visuais, Criação e Edição, Internacionalização, Música e Ópera, Programação e Procedimento Simplificado) foi o mesmo de 2024 (ainda aprovado pelo PS), outros programas de apoio foram revistos em baixa (Apoio Complementar Europa Criativa) e os concursos – Arte e Coesão Territorial (destinado aos territórios de baixa densidade cultural) e o Arte pela Democracia (uma parceria entre a DGARTES e a Estrutura de Missão para as Comemorações do 50.º aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974), foram, simplesmente, obliterados.

Estamos longe da promessa de aumentar em 50% o orçamento do Ministério da Cultura (MC), e estes 11 meses de (des)governação, demonstraram o seu contrário, nos quais (não) fomos surpreendidos pelo rol de decisões persecutórias, medidas inócuas e opções erráticas. Exemplo(s) flagrantes da falta de estratégia e do profundo desconhecimento da diversidade (e complexidade) das estruturas tuteladas (pelo MC) e do tecido artístico português.

As enormes assimetrias territoriais implicam a necessidade imperiosa de continuar a investir em políticas de coesão territorial, daí os incentivos à Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses (RTCP) e à Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC), instrumentos fundamentais para prosseguir a missão de fomentar (e descentralizar) o acesso às artes, mas cujo novo ciclo de concursos à programação não acompanha a inflação, nem a dinâmica crescente. O que na prática é mais uma evidência do retrocesso anunciado.

A campanha eleitoral termina na próxima sexta-feira e, infelizmente, a Cultura é sistematicamente ignorada no roteiro eleitoral. No entanto, honra seja feita à esquerda, em particular, ao Partido Socialista, que tem chamado à atenção para a importância dos apoios nacionais na sedimentação da actividade artística nos Açores e como isto tem contribuído (ou poderá estimular) à fixação, profissionalização e valorização de recursos humanos especializados.

Para melhor atendermos à dimensão alcançada, o montante anual de apoios da DGARTES injectado no arquipélago é (hoje) superior a 1.5 milhões de euros. E esta possibilidade só foi tornada possível com um governo do Partido Socialista, o qual, desde 2018, viabilizou o acesso aos artistas e instituições regionais às linhas de financiamento nacional (e é, actualmente, o garante de parte substantiva da criação artística na região, do funcionamento de várias estruturas e da segurança laboral dos seus profissionais).

Perante o “fosso ético” para o qual o primeiro-ministro arrastou o governo e o país, a 18 maio, a nossa opção de futuro recai, inexoravelmente, por um caminho que não se constitua como uma desvalorização, um entrave ou, até mesmo, uma estagnação (por tudo aquilo que tem sido arduamente conquistado).

Ribeira Grande acolhe Temporada de Concertos nos Passos

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A ermida do Espírito Santo, no centro da cidade da Ribeira Grande, vai ser palco do primeiro concerto da Temporada de Concertos nos Passsos promovido pela Quadrivium – Associação Artística, no próximo dia 27 de abril, às 17 horas. O evento tem como protagonista o trompetista natural da Povoação, Hugo Araújo. A acompanhar o instrumento solista, estará o Ensemble de cordas da Sinfonietta de Ponta Delgada, sob a direção de Amâncio Cabral. 

A ermida do Espírito Santo, conhecida como Igreja do Senhor dos Passos, é um dos edifícios religiosos mais antigos e emblemáticos da cidade da Ribeira Grande. É um templo de grande valor histórico e arquitetónico representando a importância que a fé e a cultura religiosa sempre tiveram nesta região.

A origem da igreja remonta a 1522, quando Nuno Vaz e Maria Gonçalves doaram uma casa para a construção da Capela do Espírito Santo. Em 1592, foi instalada no local a primeira igreja e hospital da Misericórdia da vila. O edifício atual data dos séculos XVII e XVIII, tendo sido posteriormente conhecido como Igreja do Senhor dos Passos.

A fachada da igreja é considerada uma das mais originais e decorativas do barroco nos Açores, com uma conjugação de elementos manuelinos. No interior, destaca-se uma estátua de Cristo carregando a cruz, utilizada na procissão dos passos, que ocorre no segundo domingo da Quaresma.

Em 2025, a Associação Artística estreia a Temporada de Concertos nos Passos com cinco datas e com cinco concertos de dimensão e características diferentes.

Em nota enviada, a Quadrivium escreve que o programa escolhido é “uma ilustração perfeita da arquitetura barroca da Igreja do Espírito Santo. O brilho da música barroca encontra uma de suas expressões mais marcantes na música de compositores como Giuseppe Torelli e Georg Philipp Telemann. Ambos contribuíram significativamente para o desenvolvimento do concerto barroco, especialmente no uso do trompete como instrumento solista, evidenciando sua sonoridade brilhante e majestosa”.

Esta é uma produção da Quadrivium – Associação Artísitca com o apoio da Direção Geral das Artes, da Câmara Municipal da Ribeira Grande e em colaboração com a Irmandade do Senhor dos Passos. O concerto tem entrada livre. 

Lagoa assinala Dia Mundial do Livro com lançamento de obra de Hélder Blayer

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O Dia Mundial do Livro vai ser assinalado na Lagoa, na ilha de São Miguel, com o lançamento da obra «Ainda há vida lá fora?», do escritor Hélder Blayer. A iniciativa acontece no próximo dia 23 de abril, pelas 18h30, na Biblioteca Municipal Tomaz Borba Vieira em Santa Cruz.

De acordo com nota de imprensa enviada pela Câmara da Lagoa, a apresentação da obra conta também com a participação do escritor Pedro Almeida Maia.

A autarquia lagoense, em comunicado, refere ainda que a ação insere-se nas comemorações do Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, que se celebra anualmente no dia 23 de abril, data do falecimento do escritor espanhol Cervantes e do escritor inglês William Shakespeare. Durante este dia, são várias as celebrações um pouco por todo o mundo, visando aumentar a consciencialização sobre a importância da leitura.

Hélder Blayer, natural de São Jorge, descreve-se como apaixonado pelo mar e pela leitura desde sempre. Animador de rádio, jornalista, editor, assessor de imprensa, copywriter, foram algumas das profissões que exerceu. Aos 49 anos, escreveu o seu primeiro livro, «Morrer é Uma Opção de Vida». Em 2024, lançou a ficção/romance intitulada «Eu Não Era Para Dizer Isto». Lança, assim, agora o seu terceiro livro, um monólogo que aborda “um estado de depressão profunda e remete para as questões existenciais e para esta incerteza constante acerca do que andamos a fazer neste mundo”, segundo ao autor.

“Workshop Viola Micaelense” pretende percorrer todos os concelhos de São Miguel

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O “Workshop Viola Micaelense” vai ter continuidade de março a junho, percorrendo todos os concelhos da ilha de São Miguel, anunciou esta quinta-feira, 27 de março, a Associação de Juventude Viola da Terra.

Os momentos de formação e apresentação já estão agendados na Fajã de Baixo, Fazenda do Nordeste e Porto Formoso, e com os restantes locais em fase de fecho de datas. Esta trata-se de uma formação que teve o seu arranque em dezembro na Ribeira Quente, com o formador Rafael Carvalho e com os tocadores de Viola da Terra e Violão do Grupo Folclórico São Paulo, culminando numa apresentação musical pelos formandos.

Segundo nota de imprensa enviada pela associação, o objetivo desta ação é de promover workshops proporcionando um acesso à formação mais próxima das pessoas que estejam interessadas em frequentar os mesmos, algo que tem sido apontado como uma lacuna, por tocadores e grupos ao longo dos anos.

El workshop é direcionado para a postura do corpo, posição das mãos, técnica de execução com o polegar, exercícios de digitação da mão esquerda, execução a duas vozes, trabalhando e desenvolvendo essas técnicas em algumas peças que os tocadores costumam interpretar. Numa segunda fase, uma tentativa de introdução de outras melodias, que tragam mais variedade e riqueza ao repertório já conhecido.

A introdução à leitura de partituras também estará presente, nos contextos onde for pertinente, como aconteceu na Ribeira Quente, aproveitando os conhecimentos musicais dos formandos de Viola da Terra.

Os workshops culminam com uma apresentação musical dos formandos, direcionada para a comunidade e público em geral, e ainda com concerto em torno do repertório do álbum “Viola Micaelense – Ecos dos Mestres”, com o intuito de dar a conhecer essa enorme diversidade e riqueza de repertório. Ao mesmo tempo, investe-se num trabalho de postura em palco, as entradas e saídas no mesmo, e todo a importância da forma de estar aquando de uma apresentação pública.

O evento é uma iniciativa e organização da Associação de Juventude Viola da Terra em colaboração com as entidades que recebem o mesmo e com o apoio directo da Direcção Regional da Juventude Açores, através do programa AECT.

Em 2025, a associação já tem a sua “Temporada de Violas da Terra” organizada, com momentos de apresentação de Escolas de Violas, Festival “A Viola na Praça” a 11 de julho, “Violas o Atlântico” a 29 de agosto, “Dia da Viola da Terra” a 2 de outubro, “A Viola que nos Une” em coprodução com Fundação Inatel a 11 de outubro, a par das habituais sessões de sensibilização em escolas e outras instituições.

Escola Secundária de Lagoa recebe visita de alunos de Itália em intercâmbio

Para os alunos trata-se de uma oportunidade de conhecer “um país diferente” e uma forma de “aprenderem outra língua e sobre outra cultura”

© DL

Foram 10 os alunos da Escola Secundária de Lagoa, na ilha de São Miguel, acompanhados pelas professoras Natália de Sousa, Maria Guiomar e Célia Figueiredo, que realizaram um intercâmbio de erasmus com a escola M. M. Boiardo, da cidade de Ferrara, em Itália, em novembro passado. Este mês foi a vez de 10 alunos, acompanhados pelas professoras Sara Toso e Emanuela Berardi, do agrupamento Istituto Comprensivo Statale “Alda Costa”, conhecerem a Lagoa e a ilha de São Miguel.

Os alunos italianos chegaram sábado passado, sendo que esta segunda-feira, 17 de março, puderam visitar a escola lagoense para realizar uma apresentação sobre a sua cidade de Ferrara a que o Diário da Lagoa assistiu. Foram, também, entregues diplomas de participação aos alunos que tiveram a oportunidade de aprender e conhecer sobre as novas realidades que encontraram em ambos os países.

Para as professoras Sara Toso e Emanuela Berardi, esta é uma oportunidade “muito importante para os alunos, porque permite conhecerem um país diferente, ter uma boa experiência longe de casa, em intercâmbio com outros alunos e famílias de acolhimento, bem como com a escola”. Na perspetiva das docentes italianas, “é uma forma de aprenderem outra língua e sobre outra cultura também”.

Os alunos em visita aos Açores regressam a Itália na próxima quarta-feira, 19 de março.

Brígida Ferreira doa espólio da família Lima à Biblioteca da Lagoa

© CM LAGOA

A Biblioteca Municipal Tomaz Borba Vieira, na freguesia de Santa Cruz, na Lagoa, apresentou, esta sexta-feira, 14 de março, publicamente o Fundo da Família Lima.

O Fundo é composto por dois espólios, pertencentes a Julieta Lima Ferreira e Horácio Lima, ambos provenientes da família de músicos lagoenses, tendo a doação sido realizada por Brígida Lima Ferreira.

Segundo nota de imprensa enviada pela autarquia lagoense, a vereadora da câmara da Lagoa, Albertina Oliveira, esteve presente na ocasião, e deu nota da importância da “generosa doação que enriquece significativamente o nosso acervo. É um gesto de partilha a relevar de uma lagoense, Brígida Lima Ferreira, que ao longo dos anos tem contribuído para o enriquecimento da cultura do nosso concelho”.

João Octávio Lima, pai de Julieta Ferreira e de Horácio Lima, foi um importante músico, também criador de instrumentos musicais. Constituíram o Trio Lima, formado por Julieta Natália ao órgão, seu irmão Horácio Lima no violino e seu pai no violoncelo.

A autarquia explica ainda que, neste momento, “parte do espólio encontra-se em fase de limpeza e inventariação/registo, contando com mais de 1136 pautas musicais, livros de exercícios musicais e métodos de piano, pautas musicais utilizadas em aulas particulares, aulas na freguesia da Ribeira Chã e Nossa Senhora do Rosário e no Conservatório de Ponta Delgada, partituras de música litúrgica, periódicos Nova Revista de Música Sacra, entre outros livros relacionados com as temáticas de piano e órgão”.

Da mesma forma, podem-se encontrar neste acervo hinos importantes para o concelho e freguesias, como o Hino dos Açores, o Hino da Lagoa, o Hino de Nossa Senhora dos Anjos, o Hino da Ribeira Chã, entre outros. É, ainda, de destacar que, no espólio, existem muitas pautas manuscritas.

A este fundo, pertence também o espólio de Horácio Lima, com cerca de 62 espécimes, exercícios musicais variados, métodos de violão, viola francesa, violino, violoncelo, guitarra, pautas de música da turma da Ribeira Chã e músicas de teatro.

No âmbito desta doação e pelo percurso profissional que tem tido e pela importância que tem a família Lima no concelho, a Câmara Municipal convidou Brígida Lima Ferreira a dinamizar uma aula aberta sobre a família Lima, que contou com a presença de vários grupos.

Escola Básica e Secundária da Povoação celebra “500 anos de Camões”

© CM POVOAÇÃO

A Escola Básica e Secundária da Povoação, na ilha de São Miguel, comemorou os 500 anos do nascimento de Luís de Camões, no passado dia 12 de março, data em que é celebrada a publicação da sua obra mais aclamada, “Os Lusíadas”.

Segundo nota de imprensa enviada ao nosso jornal pela autarquia da Povoação, o acontecimento contou com a colaboração da oradora Eleonora Duarte, da Biblioteca Pública de Ponta Delgada. A atividade consistiu da leitura dos mais famosos poemas de Camões, como “Amor é fogo que arde sem se ver”, “Descalça vai para a fonte” e a obra, “Os Lusíadas”.

Os poemas foram recitados em cinco línguas, nomeadamente em português, inglês, francês, alemão e latim e ainda outros foram cantados, por elementos da Academia de Música da Povoação, com arranjos de José Mário Branco, Sérgio Godinho, Zeca Afonso e uma adaptação dos “Pólo Norte” de “Amor é”.

As Comemorações dos “500 anos de Camões” na EBS da Povoação vão estender-se ao longo do ano letivo, como forma de evidenciar e preservar o legado do maior poeta do Classicismo português e um dos maiores da literatura mundial.

Participaram neste encontro alunos, professores, auxiliares, membros da comunidade e o vereador da Cultura da Câmara Municipal da Povoação, Rui Melo.

Ponta Delgada na BTL como Capital Portuguesa da Cultura

© CM PONTA DELGADA

Numa iniciativa integrada na programação da Better Tourism Lisbon (BTL), decorreu, na passada quarta-feira, 12 de março, uma mesa redonda dedicada à promoção de Ponta Delgada como Capital Portuguesa da Cultura.

O presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Pedro Nascimento Cabral, na sua intervenção, sublinhou a importância estratégica desta “conquista” para o desenvolvimento do concelho e dos Açores.

“Em 2026, Ponta Delgada vai transforma-se numa montra a céu aberto para a cultura açoriana, consolidando a nossa cidade como um polo de criatividade, inovação e intercâmbio cultural no panorama nacional e internacional”, afirmou Pedro Nascimento Cabral.

O autarca explicou que quer fazer deste um “projeto inclusivo e participativo”, que envolva a comunidade local e os agentes culturais, “realçando a identidade e a diversidade não só de Ponta Delgada mas de São Miguel e das restantes ilhas”.

“Queremos que esta seja uma iniciativa de todos e para todos, um ponto de encontro entre tradição e a modernidade, a riqueza da nossa herança cultural e a vanguarda da criação artística contemporânea”, salientou.

Pedro Nascimento Cabral acrescentou ainda que “a nossa geografia dá-nos uma responsabilidade e uma oportunidade: sermos um ponto de confluência cultural entre diferentes continentes. Queremos que a programação reflita essa visão, promovendo diálogos interculturais e atraindo artistas e públicos de várias latitudes”.

No fim da sua intervenção, o autarca destacou o legado que esta distinção deixará na cidade e na região.

“Queremos que Ponta Delgada 2026 não seja apenas um momento no calendário, mas um impulso para o futuro da cultura nos Açores. Esta será uma oportunidade para reforçar infraestruturas, capacitar os nossos artistas e tornar a cultura um motor de desenvolvimento”, concluiu.

O evento, promovido pela Visit Azores, contou também com a presença do seu CEO, Luís Capdeville, da comissária de Ponta Delgada para a Capital Portuguesa da Cultura, Katia Guerreiro, e da diretora regional da Cultura, Sandra Garcia. O debate foi moderado pela jornalista da RTP Patrícia Machado.

Brasil: Casa dos Açores do Espírito Santo celebrou os 212 anos da chegada dos açorianos em Santo Agostinho

Casa dos Açores do Espírito Santo foi inaugurada no dia 25 de julho de 2022 © DIREITOS RESERVADOS

Os 212 anos da chegada dos imigrantes açorianos no povoamento de Santo Agostinho, no município de Viana, no Estado brasileiro do Espírito Santo, foram celebrados, no último dia 19 de fevereiro, pela Casa dos Açores do Espírito Santo (CAES). Uma iniciativa que contou com diversas atividades e ações, além de homenagens a nomes que valorizam a cultura do arquipélago nesse estado brasileiro, como Francisco Borba Gonçalves, açoriano da ilha Terceira do concelho da Ribeirinha, que interpretou a música Ilhas de Bruma; o açordescendente José Antônio Borges Alvarenga; e a açordescendente Fabiene Passamani Mariano, guardiã da memória açoriana no Estado do Espírito Santo.

Viana inaugurou o ciclo da imigração europeia para o Espírito Santo oficialmente em fevereiro de 1813. Vieram imigrantes alemães e italianos. Para reduzir a escassez de mão-de-obra agrícola e ajudar a povoar as margens da primeira estrada que ligaria Vitória, capital do Estado, a Minas Gerais, foram chamados também os açorianos, que deixaram marcas profundas na sociedade atual, sobretudo nos aspetos culturais e das tradições.

A Casa dos Açores do Espírito Santo foi inaugurada no dia 25 de julho de 2022, sendo uma instituição Associativa Cultural, que visa “promover a preservação e divulgação da memória cultural, religiosa e histórica da imigração açoriana no Estado do Espírito Santo”. Esta instituição tem sede no município de Apiacá, Espírito Santo, mas reúne os municípios limítrofes do Vale do Itabapoana que tiveram influência açoriana no norte do Rio de Janeiro, como Bom Jesus do Itabapoana (RJ), Bom Jesus do Norte (ES), São José do Calçado (ES), e o município de Viana (ES), na Grande Vitória (ES). Esta é a sétima Casa dos Açores do Brasil, juntando-se às outras 16 Casas dos Açores já existentes também no Canadá, EUA, Bermuda, Uruguai e Portugal continental. A sede da nova casa está a seis quilómetros da divisa com o Estado do Rio de Janeiro, para abranger, institucionalmente, todo o Estado do Espírito Santo, incluindo, especialmente, o Município de Viana, de profunda relação açoriana.

Para explicar os contornos da influência açoriana no Espírito Santo entrevistamos Nino Moreira Seródio, presidente da Casa dos Açores do Espírito Santo, que falou também sobre o evento e a importância de se valorizar e promover a cultura e as tradições dos Açores no Brasil.

Nino Moreira Seródio é presidente da Casa dos Açores do Espírito Santo © DIREITOS RESERVADOS

DL: Como avalia o evento?
Foi um evento para resgatar as memórias e celebrar a história. Uma noite de emoção. Superou todas as expetativas.

DL: Como foi a homenagem a Francisco Gonçalves, José Borges Alvarenga e Fabiene Mariano?
O Francisco Amaro Gonçalves faz parte da nossa diretoria como diretor de Relações Institucionais. Conheceu o Vale do Itabapoana a convite de Antônio Borges, um açordescendente da família Borges, numa conversa que tiveram num evento na Casa dos Açores do Rio de Janeiro. Conheceu a nossa região e a história do Padre Açoriano Antônio Francisco de Mello que, por 48 anos, foi sacerdote da paróquia do Senhor Bom Jesus. Sempre que pode, está presente nos nossos eventos. É querido por todos. Hoje, é autor da melodia e letra do hino da Casa dos Açores. José Antônio Borges Alvarenga é um açordescendente da família Borges e nosso diretor Cultural e embaixador da CAES na capital do Estado, em Vitória. É apaixonado pela cultura açoriana e também talentoso na sua viagem musical, sempre presente nos nossos eventos. Faz um trabalho também numa reserva da Mata Atlântica, em Santa Tereza. A Professora Fabiene Passamani Mariano é atual secretária de Cultura de Viana e pesquisadora, com diversos trabalhos da Imigração Açoriana no Estado. Sem dúvida, é a maior guardiã da memória açoriana no Estado do Espírito Santo e também nossa diretora cultural, representando o Polo Viana. Todos as homenagens foram merecidas.

DL: Qual influência foi deixada pelos açorianos no Estado?
Os açorianos trouxeram as tradições, a cultura e a história que procuramos manter no Vale do Itabapoana e na Região de Viana, onde iniciou o povoamento das 53 famílias em fevereiro de 1813. Famílias essas vindas das Ilhas do Faial, Terceira e São Miguel.

DL: Como está a vitalidade da Casa dos Açores do Espírito Santo?
Fazemos os nossos eventos mensais e já temos uma programação até o final deste ano.

DL: Que ações têm desenvolvido?
Manter viva as tradições no Estado e trazer mais associados, além de divulgar o arquipélago dos Açores.

DL: Que projetos tem para o futuro?
Que a Casa dos Açores do Espírito Santo seja um ponto de apoio no Brasil para o Governo dos Açores e que possa acomodar os açorianos no futuro com intercâmbios para os jovens que queiram conhecer o Brasil e encontrar os seus ascendentes que para aqui vieram. Vamos criar o dia do Imigrante Açoriano no Vale do Itabapoana, data de 13 de agosto, e inaugurar o monumento ao Imigrante Açoriano.

DL: Como avalia a sua gestão?
Sou suspeito para falar, mas tenho procurado manter as nossas atividades com a nossa diretoria conversando, ouvindo e muitos planos para o futuro.

DL: Que ligação existe hoje entre a CAES e o governo dos Açores?
José Andrade, diretor regional das Comunidades, conhece todo o nosso trabalho em favor da causa açoriana e foi o maior incentivador para que pudéssemos fundar a sétima Casa dos Açores no Brasil. Ele acompanha todo o nosso trabalho junto da diretoria no resgate da nossa história.

DL: Por fim, na sua opinião, o que deve ser feito no sentido de se valorizar e promover cada vez mais a presença e memória açorianas no Espírito Santo?
Você sabe que a cultura hoje tem pouco interesse para a juventude. Mas um povo que não tem memória, não tem história e tem a sua própria identidade. Temos que divulgar as tradições e cultura para as prefeituras de cada município, com o intuito de que possam empenhar em manter viva a sua história e colonização. Estamos no caminho certo e somos otimistas. Os nossos antepassados chegaram aqui e fizeram história através dos seus trabalhos. Faço aqui uma homenagem aos meus bisavós, que imigraram para cá na esperança de sonhos e realizações com três filhos pequenos, sendo o meu avô o mais novo com apenas dois anos de idade. Na lavoura, prosperaram, criaram os filhos, educaram e passaram a ser uma família tradicional na região, os Vieira Seródio. Saíram do Concelho da Povoação, Lomba da Loução, Ilha de São Miguel e se instalaram no Vale do Itabapoana. Somos otimistas e os ventos vislumbram para o crescimento da nossa associação.

Exposição “Sociedade e Vida – Visões no Feminino” no Parque Atlântico

© D.R.

Para assinalar o Dia Internacional da Mulher, o Parque Atântico, centro comercial de Ponta Delgada, vai receber, a partir deste sábado, 8 de março, uma mostra que reúne retratos de mulheres a desempenhar diferentes funções, celebrando o seu papel na sociedade.

A exposição do fotógrafo José Santos vai estar patente entre os dias 8 e 26 de março. Intitulada “Sociedade e Vida – Visões no Feminino” a mostra é composta por cerca de 20 fotografias, que revelam registos autênticos de mulheres a desempenhar diferentes funções do quotidiano. Com o seu olhar atento e sensível, o autor convida os visitantes a refletir sobre as múltiplas dimensões da vida no feminino, destacando a força, a dedicação e a resiliência nos mais variados contextos.

Natural de Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, e atualmente residente em Ponta Delgada, São Miguel, José Santos é fotógrafo profissional e conta com um percurso marcado por diversas formações e projetos. Embora o seu trabalho incida, essencialmente, em património, paisagens, vida selvagem e produto, tem um gosto especial por fotografar pessoas de forma a captar a essência, as emoções e as experiências de vida. Ao longo da sua carreira, participou em várias exposições e iniciativas, como “Quem vê caras, não vê doenças”, “Nossas ilhas, nossas gentes, suas vivências atuais e do passado” e “Perspetivas do olhar”, sempre com foco nas realidades sociais e culturais dos Açores.

Com esta nova mostra fotográfica, “Sociedade e Vida – Visões no Feminino”, o autor reforça o seu compromisso em dar visibilidade às histórias e papéis fundamentais das mulheres no tecido social do arquipélago.