Concorrem a estas eleições europeias em Portugal dezasseis forças políticas. Com exceção de duas forças políticas com agendas temáticas, as restantes 14 forças políticas reconhecem estar na política económica efetuada em Portugal o centro das preocupações dos portugueses e o lavo central das suas mensagens.
Os partidos políticos portugueses representados nas estruturas executivas europeias – nomeadamente as duas mais importantes, a Comissão Europeia e o Eurogrupo – ou seja, o PS, PSD e PP, a que também podemos chamar de bloco central europeu, arco governativo ou institucional – têm-se preocupado em afastar a sua ação governativa de qualquer escrutínio público.
Na opinião da representação nacional do PPE (a aliança PP+PSD) o problema foi a governação do PS anterior a 2011, enquanto na opinião do PS o problema se resume à governação PP+PSD depois dessa data.
De forma ostensiva, o PS propaga a mensagem que as eleições europeias não têm qualquer interesse que não seja preparar a mudança de Governo em eleições nacionais. É assim que o PS anuncia em cartazes que quer a mudança, não a mudança de quem governou a Europa nos últimos anos, já que isso significaria penalizar-se a si mesmo, mas uma mudança a decorrer de eleições posteriores a nível nacional.
A coligação afina pelo mesmo diapasão afirmando que estas eleições servem para referendar a governação socialista anterior a 2011 e que arrisca ser repetida se estes ganharem as eleições.
Na verdade, ambas as forças políticas prosseguem exatamente a mesma estratégia, que é a de branquear a sua governação europeia e obter dos portugueses um cheque em branco para continuarem exatamente a mesma política que levaram até aqui nas instituições europeias.
Contrariamente ao que anunciam, um voto a mais ou a menos em qualquer componente do bloco central será irrelevante para se saber quem vai governar Portugal, porque os portugueses já mostraram sobejamente que sabem distinguir as várias eleições com que são confrontados, mas qualquer voto a mais ou a menos no bloco central será decisivo para se saber se a política económica e monetária europeia que eles prosseguiram na Europa será continuada ou não.
A este quase silêncio do bloco central sobre a matéria económica europeia teremos que fazer uma única exceção que é o da tentativa de condenar os funcionários da troika pela execução da política económica e monetária que eles aprovaram nas instâncias europeias, o que nada mais é que uma grotesca manobra demagógica de descartar responsabilidades (tarefa em que, reconheça-se têm sido ajudados pelo novo partido denominado de LIVRE).
No extremo oposto temos a posição do PCP que considera a moeda única e toda a construção feita à sua volta a responsável dos problemas que enfrentamos, propondo o abandono do Euro e um combate à construção europeia.
Neste domínio, o Bloco de Esquerda segue-lhe as pisadas ao afirmar que esta Europa é irreformável (e se é irreformável tem de ser destruída), como o fazem em tonalidades diversas todas as restantes agremiações da extrema-esquerda, MAS, PCTP e POUS.
As outras forças políticas presentes – PPM, PTP, PND, PMT e PNR – alinham pelo mesmo diapasão eurocético – mais ou menos violento – propondo-se diminuir o poder das instituições europeias, pôr em causa o Euro e a construção europeia.
A coligação que encabeço, “A nossa Europa” apoiada pelo Partido Democrático do Atlântico, responsabiliza o “Bloco Central Europeu” pela situação de crise em que a Europa se encontra e rejeita firmemente os ataques antieuropeus.
É na reforma das instituições num sentido supranacional e na reforma da política económica e monetária da Europa que está a via a seguir.
Lisboa, 2014-05-06
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