Diana Cabral Botelho
Advogada
Foi anunciado pelo Exmo. Sr. Diretor Regional da Saúde, Dr. Berto Cabral, no passado dia 20 de Maio, um alívio nas medidas restritivas nos concelhos de Alto Risco, permitindo não só a retoma do ensino presencial, como visitas a utentes de lares de idosos e casas de saúde, abertura de estabelecimentos de restauração até às 20h e abertura de ginásios e piscinas, fundamentando esse alívio num alegado aumento da vacinação contra a Covid-19.
Ora, não foi assim há tanto tempo que a Região assistiu à criação do modelo de avaliação dos concelhos pelo critério de risco existente, e que tão pacificamente aceitou quando, em face do aumento dos casos, foi necessário encerrar diversas atividades.
Com efeito, o caso mais frontal é o do passado mês de Abril em que, ao colocar toda a ilha de São Miguel em Alto Risco, no seu entender, para cumprir as normas em vigor, o executivo açoriano entendeu encerrar todos os estabelecimentos de restauração e de bebidas, numa fase crítica para todos os comerciantes.
Contudo, esse mesmo executivo que há um mês entendeu, com 343 casos ativos de Covid-19, 340 em São Miguel, implementar medidas de Alto Risco a toda a ilha de São Miguel e encerrar todos os estabelecimentos de restauração; hoje entende, com 239 casos ativos, 232 em São Miguel, e 1.045 pessoas em vigilância ativa (dados de 21/05/2021), “aliviar” as medidas, mantendo em Alto Risco per se apenas e tão só a freguesia de Rabo de Peixe.
E decide isto num período em que, na última semana, de 17 a 21 de Maio, a Região registou 110 novos casos, e um óbito de um cidadão de 38 anos.
Ora, este discurso para com os açorianos nada mais é do que claramente falacioso. Como é falacioso a Direção Regional da Saúde fundamentar estas medidas, claramente incoerentes face ao histórico de combate à pandemia, com o avanço na vacinação.
E isto porquanto, de acordo com os dados fornecidos pela própria DRS, até à data apenas foram vacinadas com a 1.ª e 2.ª dose da vacina, 38.278 pessoas, das quais 20.130 na Ilha de São Miguel, o que representa, respetivamente, 15,76% da população açoriana e 14,67% da população de São Miguel!
E diz o Dr. Berto Cabral que já chegaram mais 30 mil doses. Pois bem, para mais 15.000 pessoas das dezenas de milhares que faltam vacinar?
Ora, não é possível entender como é que, com uma clara escalada dos casos na região, o executivo entende, por um lado, aliviar as medidas aplicáveis, sem qualquer fio condutor que norteie a aplicação das suas medidas, e por outro lado, esquece-se que isto é não justificar o dano que causou à atividade comercial nos Açores quando decidiu apertar as medidas, sem fundamento para tal.
Parece que, à semelhança das suas Conferências de Imprensa, onde agora apenas comparece um dos elementos do executivo, quando com menos casos, a situação era de muita urgência e alerta e se mobilizavam todos os esforços e se criavam apresentações, os membros do executivo açoriano na Saúde se deixaram vencer pelo cansaço, deixando os açorianos entregues à sua sorte.
É assim, cada vez mais manifesto que falta seriedade e rigor na implementação da suposta Política de Saúde Pública açoriana.
E bem assim, que falta dinamismo e vigor na sua coordenação, urgindo repensar o sistema e o modo de atuação na área da Saúde e do combate à pandemia Covid-19, para bem de todos nós e do Verão de turismo (muito bem-vindo!) que se avizinha.
O que, se realça, será certamente bem mais difícil para o executivo açoriano com o Coordenador Regional de Saúde Pública de férias.
Seriedade, meus senhores, apenas pedimos seriedade.
Deja una respuesta