Corinne Joliot. Da dança às sessões de ginástica para grávidas e famílias
Cresceu na fronteira da França com a Suíça, mas ainda jovem escolheu a ilha de São Miguel para viver. Foi a área do Turismo que a trouxe à ilha onde acabou por ficar e onde passados mais de vinte anos continua a inspirar-se
É na freguesia de Ponta Delgada mais próxima da Lagoa, no Livramento, que o Diário da Lagoa (DL) foi ao encontro da história que chamou a atenção pelos testemunhos de quem frequenta as atividades que promove. No cartaz impresso na junta de freguesia podemos ler: “ginástica para grávidas e pós parto”; “ginástica localizada”; “conversas de berço” e “preparação ao nascimento”. São sessões ministradas por Corinne Joliot, que escolheu a mais jovem cidade do arquipélago dos Açores para viver, mas que só no concelho vizinho encontrou quem acreditasse no seu projeto e lhe disponibilizasse um espaço para desenvolvê-lo.
Na visita que o DL fez a uma das aulas, esteve à conversa com Catarina Pires, 32 anos, natural das Caldas da Rainha. É psicóloga clínica e reside em São Miguel desde 2015. Ao nosso jornal começa por contar que ter ido às sessões de ginástica “foi uma coincidência” que se deveu à proximidade. “De repente descobri que havia ginástica pré e pós parto e que daria imenso jeito por estar perto”, afirma, enquanto garante que gosta “por vários motivos”.
“Há uma abertura para adaptar ao contexto familiar”, realça, acrescentando o facto de ter vindo com a filha mais velha, de seis anos.
“Acabamos as duas por fazer as aulas de ginástica e torna-se um momento de mãe e filha muito agradável”, assegura.
E perante o facto de Corinne utilizar um doppler para ouvir o bater do coração do bebé, prossegue: “eu nunca tinha ido a uma aula em que pudesse ouvir o coração do meu bebé. Isso tranquiliza”.
A psicóloga explica, ainda, que como teve “uma perda gestacional, antes da atual gravidez” necessita dessa tranquilidade e lamenta que as ecografias em consultas médicas “sejam curtas e muito espaçadas”, por isso argumenta que as sessões ajudaram “imenso a gerir a ansiedade”, para além de a aproximar à filha de seis anos por esta a acompanhar nas aulas.
A vocação e a empatia para ajudar
Perante o testemunho de Catarina Pires quisemos saber mais sobre Corinne Joliot. Nascida em 1980, é natural de Besançon, na fronteira da França com a Suíça, e com apenas 17 anos, em 1998, decidiu ingressar no programa Eurodisseia, que já na altura tinha como objetivo estabelecer o intercâmbio de jovens de diferentes regiões europeias. O que seria apenas um estágio profissional na área do Turismo em São Miguel, numa área diferente da sua de formação, revelar-se-ia na sua principal ocupação nos anos seguintes.
Ao DL, Corinne conta que se formou num liceu francês privado e artístico onde estudou piano e coreografia russa, latina e grega mas que estava aberta a novas oportunidades e queria conhecer os Açores. Ao ficar por São Miguel, diz que num dado momento, a parte artística voltou a falar mais alto e recomeçou na dança e a criar “grupos de aulas para crianças”, recorda. Por esse motivo, Corinne decide ficar definitivamente na maior ilha do arquipélago açoriano e o seu nome ia, assim, sendo associado à dança.
Nas aulas de dança que promovia, recorda que existiam grávidas e mães que a certa altura começaram a sugerir que abrisse uma vaga para uma atividade complementar. Foi aí que começou a partilhar o horário com uma professora de ginástica localizada.
“As mães ficavam mais um pouco depois da minha aula, junto com as filhas, começaram a fazer ginástica. Essa professora foi de viagem e não voltou e elas disseram-me que gostavam de continuar. Então quando fui visitar os meus pais à França, num ginásio francês certificado, tirei uma formação para dar continuidade às aulas de ginástica localizada”, explica a professora de dança.
“Fui das primeiras a fazer aulas de dança e de ballet na Lagoa. Comecei devagarinho e hoje ainda continuo a ter algumas alunas de há 15 anos. E atualmente tenho pessoas dos 18 aos 72 anos”, realça.
No entanto, revela que foi o stress do trabalho na área do turismo que a levou a um esgotamento. “Nunca pensei que ia levar tanto tempo para me recuperar. Mas veio a pandemia, o turismo parou e consegui relaxar”, recorda.
A paragem permitiu a Corinne repensar a sua vida, recuperar e voltar a estudar. “Fiz uma análise de competências e estava virada para a maternidade, o apoio às crianças. Voltei a estudar e decidi investir em cursos online mas com certificação em puericultura, coaching familiar e, também, de educação infantil”, conta Corinne ao nosso jornal. Tornou-se, assim, uma autodidata, aliou o conhecimento à experiência de vida e na forma como ajuda quem frequenta as suas sessões, afirma que “já passei por isso tudo, por isso é que consigo ajudar”.
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