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Como era antigamente? População do concelho da Lagoa (1911-1930)

Sandra Monteiro

 

A população da Lagoa distribuía-se por três freguesias: Água de Pau, Nossa Senhora do Rosário e   Santa Cruz.   A população residente foi sempre superior na freguesia do Rosário, seguindo-se da freguesia de Água de Pau sendo sempre a menos populosa a freguesia de Santa Cruz. O número de mulheres foi sempre superior ao número de homens em cada uma das freguesias do concelho, não sendo, por isso, diferente da realidade nacional.

Fazendo uma análise dos censos, verificou-se que, em 1911, a nível nacional, na faixa etária dos menores de 14 anos, havia mais indivíduos do sexo     masculino (34,6%) do que do sexo feminino (30,2%). Pelo contrário, no grupo dos 14 aos 60 anos, era maior a percentagem de mulheres (59,4%) do que de homens (56,5%), se neste grupo separarmos os homens entre os 20 e os 45 anos de idade, faixa etária de cumprimento do serviço militar,    havia cerca de 32,3% de indivíduos nestas condições. Os indivíduos com mais de 60 anos eram 9,5% da população, destacando-se aqueles que eram maiores de 80 anos, correspondendo a 0,9% da população total. Em 1920, quando comparado com o censo anterior, a composição da população segundo a  idade era de valor superior nos indivíduos entre os 15 e os 60 anos (58,02%). Esta era população ativa, daqueles que trabalham, que produzem, que dão à vida do Estado a sua atividade própria sendo os restantes grupos dependentes dos adultos. A população jovem era constituída por 32,62% enquanto a população idosa era de 9,36% sendo ambos os valores inferiores em comparação com os registados anteriormente. O valor menor de população jovem, resultante da diminuição do número de nascimentos, era de ter em conta já que representou, mais tarde, uma diminuição da população ativa. Por sua vez, em 1930 o número de indivíduos entre os 15 e os 60 anos equivaleu a 58,33% do total de recenseados, a   população jovem correspondeu a 31,9% e a faixa da população idosa era de 9,77% da população total. Assim, aumentou o número de indivíduos considerados população ativa, bem como os maiores de 60 anos. Por sua vez, a percentagem de menores de 15 anos continuava a diminuir.

Analisando o caso do concelho da Lagoa, em cada um dos censos, a faixa etária da população ativa ou adulta apresentava sempre um valor superior a 50% da população total, os jovens correspondiam a mais de 35% da população, tendo diminuído o seu valor efetivo quando comparamos os censos de 1911 (38%) e de 1920 (36%), chegando a estagnar nos censos de 1930 (36%). Os   idosos representavam a menor percentagem populacional deste período, sendo de 10% em 1911, aumentando    ligeiramente em 1920 (11%), e sofrendo uma quebra em 1930, representando 8% da população lagoense. Destaque-se que ainda havia uma fatia considerável da população nacional com idade desconhecida: 14.424   indivíduos em 1911, que aumentaram para 27.610 pessoas em 1920 e reduziram substancialmente, em 1930, para 12.717 indivíduos. Curiosamente, no concelho da Lagoa estes registo eram praticamente insignificantes, tendo sido recenseados com idade desconhecida dois indivíduos em 1911, nenhum em 1920 e nove em 1930.

Quanto ao estado civil, no concelho da Lagoa, o maior número era o da população solteira. Em 1911, na variante por sexo, eram mais as mulheres neste estado civil embora, nos seguintes, o maior peso coubesse aos homens. No estado civil de casados, também se observou um  maior peso das mulheres, embora com uma diferença pouco significativa. De igual modo, o número de viúvas era bastante superior quando comparado com o número de homens com o mesmo estado civil. Em relação aos separados judicialmente ou divorciados, a sua percentagem no total da população foi insignificante.

A distribuição da população lagoense correspondia à  média das Ilhas Adjacentes pois cerca de 95% da população habitava o concelho onde nasceu. No Censo de 1920, diminuiu significativamente a percentagem de estrangeiros na Lagoa, decerto em consequência da conjuntura internacional que também aqui se faria sentir.

Especificamente sobre as nacionalidades estrangeiras verificou-se que o seu número era bastante considerável, variando essencialmente entre americanos e brasileiros. No censo de 1920, apenas se recensearam uma pequena percentagem de brasileiros e, em 1930, o seu número era menor ainda, tendo, no mesmo período, aumentado a quantidade de americanos na região.

Em 1911, numa razão de 5.139 varões lagoenses apenas 864 sabiam ler e, num total de 5.828 fêmeas lagoenses, 1.700 tinham instrução. Até 1920, calculava-se o índice de analfabetos em relação à totalidade da população, mas tal não fazia sentido pois deveria ser excluída a faixa etária até aos 7 anos, que era a idade escolar legal. Assim, considerou-se 70,89% a percentagem total de analfabetos sem distinção de sexo. Em relação às caraterísticas educativas da população lagoense, a tendência geral correspondia à média nacional, pois 76,6% dos indivíduos eram analfabetos de acordo com o censo de 1911. Por sua vez, no censo da década seguinte, deu-se um  aumento substancial do número daqueles que sabiam ler. Porém, no censo de 1930, o valor dos analfabetos voltou a ultrapassar os dados de 1911.

Eram também fixados nos Censos os indivíduos portadores de deficiências. De acordo com os censos de 1911, 9.061 indivíduos eram portadores de deficiências em todo o Continente e Ilhas, distinguindo-se as deficiências em cegos de um ou dos dois olhos, surdos-mudos, idiotas (aquele que padece de insuficiência mental) e alienados (aquele que perdeu o uso da razão). Assim, verificou-se que, no concelho da Lagoa, o número de cegos e de alienados  aumentou no censo de 1920 em ambos os sexos,  diminuindo significativamente no censo seguinte. Por sua vez, o número de surdos-mudos foi mais constante, verificando-se apenas uma ligeira subida nos recenseados em 1930.

Em conclusão, analisando os Censos de 1911, 1920 e 1930 pode-se concluir que nas diferentes variáveis de análise, o concelho da Lagoa seguia os padrões nacionais da época.

Censos1930

Resultados provisórios das Ilhas Adjacentes, nos Censos de 1930 Correio dos Açores, 31.06.1931

 

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