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Poetisa do Brasil venceu Prémio Camões 2024

Adélia Prado recebeu a mais alta distinção da literatura em Língua Portuguesa. Júri destacou a originalidade da sua obra, especialmente a sua produção poética

Poetisa Adélia Prado, nascida em 1935, foi premiada no ano do quinto centenário de Camões © D.R.

O mais prestigiado galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, foi entregue este ano à poetisa brasileira Adélia Prado. O júri que decidiu por atribuir a distinção à escritora foi composto por uma reunião virtual de autores e académicos do Brasil, Portugal e Moçambique.

O prémio, no valor de 100 mil euros, é financiado pela Fundação Biblioteca Nacional do Brasil e pelo Governo de Portugal. Esse mesmo júri destacou a originalidade da obra de Adélia Prado, especialmente a sua produção poética, e mencionou a sua ligação com Carlos Drummond de Andrade, que foi um dos seus maiores incentivadores.

A ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, celebrou a vitória, sublinhando a importância da conquista para a cultura brasileira e o reconhecimento do talento das escritoras do país.

Marco Lucchesi, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, destacou a coincidência de Adélia Prado ser premiada no ano do quinto centenário de Camões, ressaltando a relevância da sua poesia na literatura de língua portuguesa.

Adélia Prado, nascida em Divinópolis, Minas Gerais, em 1935, é licenciada em filosofia e começou a sua carreira literária publicando poemas em jornais. O seu primeiro livro, “Bagagem”, lançado em 1976 com o apoio de Drummond, recebeu elogios pela originalidade. Ao longo da sua carreira, Prado ganhou diversos prémios, incluindo o Prémio Jabuti.

Especialistas afirmam que a sua obra “retrata o cotidiano com perplexidade e encanto, norteados pela fé cristã e permeados pelo aspeto lúdico, uma das características do seu estilo único. Em 1976, enviou o manuscrito de Bagagem para Affonso Romano de Sant’Anna, que assinava uma coluna de crítica literária no Jornal do Brasil, um dos mais importantes desse país sul-americano. Admirado, acabou por repassar os manuscritos a Carlos Drummond de Andrade, que incentivou a publicação do livro pela Editora Imago em artigo no mesmo periódico.

O livro foi lançado no Rio de Janeiro, em 1976, com a presença de Antônio Houaiss, Raquel Jardim, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Juscelino Kubitschek, Affonso Romano de Sant’Anna, Nélida Piñon e Alphonsus de Guimaraens Filho, entre outros.

O ano de 1978 marcou o lançamento de “O coração disparado”, que foi agraciado com o renomado Prémio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro.

Em 1980, dirigiu o grupo teatral amador “Cara e Coragem” na montagem de “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. No ano seguinte, ainda sob a sua direção, o grupo encenou “A Invasão”, de Dias Gomes. Publicou ainda “Cacos para um vitral”.

Lucy Ann Carter apresentou, no Departament of Comparative Literature, da Princeton University, o primeiro de uma série de estudos universitários sobre a obra de Adélia Prado.

Outro ponto marcante da sua carreira aconteceu 1985, quando participou, em Portugal, num programa de intercâmbio cultural entre autores brasileiros e portugueses, e em Havana, Cuba, no segundo Encontro de Intelectuais pela Soberania dos Povos de Nossa América.

A atriz brasileira Fernanda Montenegro estreou, no Teatro Delfim, no Rio de Janeiro, em 1987, o espetáculo “Dona Doida: um interlúdio”, baseado em textos de livros de Adélia Prado. A montagem, sob a direção de Naum Alves de Souza, fez grande sucesso, tendo sido apresentada em diversos estados brasileiros e, também, nos EUA, Itália e Portugal.

A escritora brasileira apresentou-se, em 1988, em Nova York, na Semana Brasileira de Poesia, evento promovido pelo Comité Internacional pela Poesia. Participou também, em Berlim, Alemanha, no Línea Colorada, um encontro entre escritores latino-americanos e alemães.

Professora por formação, Adélia Prado exerceu o magistério durante 24 anos, até que a carreira de escritora se tornou na sua atividade profissional central. Em termos de literatura brasileira, o surgimento da escritora representou a revalorização do feminino nas letras e da mulher como ser pensante, tendo-se em conta que Adélia incorpora os papéis de intelectual e de mãe, esposa e dona-de-casa.

“A obra poética de Adélia Prado está entre as mais relevantes do século XXI no Brasil, ladeada por nomes como Augusto Branco e Bruna Lombardi, conforme estudo que levou em consideração a propagação da sua obra tanto para o público em geral como em sites especializados em literatura, trabalhos académicos, e a referência aos seus textos em obras literárias de outros autores”, consideraram fontes.

Em 2024, tornou-se na terceira escritora brasileira, e primeira escritora mineira, a vencer o prémio Camões em 35 anos.

Recorde-se que o Prémio Camões, criado em 1988 pelos governos do Brasil e de Portugal, visa “fortalecer os laços culturais entre os países lusófonos e reconhecer autores que contribuem para a literatura em português”.

O prémio é decidido por um júri internacional composto por representantes de países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Parlamento regional aprova criação do Prémio Literário Vitorino Nemésio

© HUGO MOREIRA/ ALRAA

O presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), Luís
Garcia congratulou, hoje, a aprovação, por unanimidade, da proposta para a criação do Prémio
Literário Vitorino Nemésio, considerando-a “uma demonstração clara da unidade e
compromisso” do parlamento açoriano em valorizar a cultura e honrar figuras ímpares da
literatura dos Açores.

“Este prémio pretende homenagear este poeta e escritor açoriano, perpetuando no tempo o seu
nome e com ele elevando a cultura da nossa região”, afirmou o presidente da Assembleia, após
a aprovação da proposta realizada, esta tarde, em sede de plenário.

Na ocasião, Luís Garcia sublinhou que “esta iniciativa, que se espera que inicie já em 2025, é uma oportunidade única para incentivar o surgimento de novos talentos, estimular a criação literária e cultivar um maior apreço pela leitura e pela escrita na nossa comunidade”.

O prémio tem uma periodicidade anual e vai atribuir ao vencedor um valor pecuniário de 2.500 euros, tratado como rendimento de propriedade intelectual, bem como a publicação de até 300
exemplares da obra. O autor premiado terá ainda direito a 10 por cento dos direitos de autor da edição
do livro.

A Proposta de Resolução n.º 4/XIII – “Prémio Literário Vitorino Nemésio” já tinha sido relatada na anterior Legislatura, acabando por não ser apresentada em sessão plenária, na sequência da dissolução da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.

Museus de Angra do Heroísmo e da Horta distinguidos

© SRECD

O Museu de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, e o Museu da Horta, na ilha do Faial, foram distinguidos na passada sexta-feira, 30 de maio, com os prémios da Associação Portuguesa de Museologia (APOM).

O Museu de Angra do Heroísmo recebeu o prémio da categoria “Incorporação”, com a “Sala Vergílio Schneider”, através do depósito de coleção, e uma menção honrosa na categoria “Parceira”, com o projeto “Minimaratona de leitura”.

Já o Museu da Horta recebeu uma menção honrosa na categoria “Salvaguarda, Conservação e Restauro”, pelo projeto “Roda do Leme – Do Mar ao Museu”.

De acordo com comunicado, para a secretária regional da Educação, Cultura e Desporto, Sofia Ribeiro, as distinções são “incentivos aos museus da região pelo trabalho desenvolvido e que poderão desenvolver”.

“Somos conhecidos pelo nosso potencial natural, mas constitui um desiderato para o Governo regional dos Açores a capacitação da cultura, e isso faz-se em parceria com os nossos museus”, referiu a governante na cerimónia de entrega dos prémios que decorreu na Alfândega do Porto.

Na ocasião, o diretor do Museu de Angra do Heroísmo, Jorge Paulus Bruno, foi distinguido com o prémio de mérito profissional na área de museologia.

Também a Vitec Azores TV foi distinguida com o prémio “trabalho jornalístico” e Vergílio Schneider recebeu a distinção de “colecionador”.

A APOM promove, desde 1997, a cerimónia de atribuição dos Prémios APOM, destinada a distinguir museus, projetos, profissionais e atividades desenvolvidas no setor.