Inserido nas festas em Honra da Padroeira Nossa Senhora da Saúde, será apresentado o projeto do novo Centro Paroquial da Saúde, nos Arrifes, “que vem colmatar uma lacuna na paróquia, que não tem um equipamento condigno e com capacidade de reunir as pessoas para a realização das atividades pastorais”, segundo nota enviada pela paróquia.
O novo edifício vai ficar localizado junto à Igreja e vai ser uma estrutura moderna, adaptável a várias utilizações. “Terá inúmeros espaços, incluindo quatro salas de catequese, sala/auditório, cozinha, despensa, áreas de armazenamento e parque de estacionamento que se pode também transformar em mais um salão”, explica o pároco Marco Luciano, no mesmo comunicado.
O projeto do novo centro paroquial é da autoria Arquiteto Manuel Diniz, autor do Centro Pastoral de Moscavide, distinguido com o American Architecture Prize de 2017 na categoria de Design Arquitetónico e Arquitetura Institucional.
“Trata-se de uma pessoa com grande experiência, que conseguiu em Moscavide criar uma estrutura que não ferisse o templo local e também aqui, o arquiteto teve essa preocupação com a integração na paisagem, criando zona de jardim e toda uma a nova configuração da envolvente da igreja, mais apelativa para o convívio e refleção” acrescentou o pároco de Nossa Senhora da Saúde
Orçamentado em cerca de 400 mil euros, o arranque das obras prevê-se para início de 2026 e foi possível avançar através da rentabilização do património paróquia, esclarece a mesma.
A apresentação do projeto de novo centro paroquial está inserida no programa das festas de Nossa Senhora da Saúde que se realizam de 12 a 20 de Agosto.
Trata-se já de um problema do conhecimento da comunidade em geral: sempre que acontecem as chuvas torrenciais, algumas zonas da freguesia de Arrifes, concelho de Ponta Delgada, sofrem com inundações. A rua do Outeiro e a rua dos Afonsos têm sido das mais fustigadas. Os acontecimentos persistem há já vários anos, mas têm-se vindo a intensificar ultimamente pelo que já aconteceu sete vezes desde o início deste ano, e cerca de duas dezenas de vezes nos últimos dois.
Nessa zona, e lembrando os últimos acontecimentos, a água é tanta que não só entra pelas moradias, causa prejuízos e impede que as pessoas consigam sair à rua até o caudal diminuir, como tem por hábito levar também o asfalto da via, originando grandes valas que tornam o caminho intransitável e impactam o dia-a-dia dos moradores. Como solução temporária, depois dos acontecimentos, as entidades procedem ao repavimento das vias obstruídas, mas, no caso de uma nova inundação, é novamente destruído, sendo que até agora ainda não foi possível resolver a génese do problema para prevenir novas cheias. É opinião de vários residentes, e da presidente da Junta de Freguesia dos Arrifes, que a zona a ser intervencionada é a que fica a montante das ruas em questão, sendo que uma parte é da responsabilidade da Câmara de Ponta Delgada, e outra do Governo regional. No mês passado, a Câmara Municipal de Ponta Delgada anunciou um estudo hidrológico para minimizar os impactos das chuvas torrenciais na freguesia dos Arrifes e no concelho.
Naturalmente, os moradores, apesar de já não se surpreenderem com as cheias, estão descontentes, e pedem que o problema seja solucionado.
Roberto Ferreira, cantoneiro, de 59 anos, estava ao portão da sua casa, quando o Diário da Lagoa (DL) andava pela rua do Outeiro. Ao contrário de outros residentes, este tem a sorte de a sua casa ser mais alta, por isso, não lhe costuma entrar água, conta. Os prejuízos acontecem mais abaixo, onde a via é mais plana e as portas de algumas casas são mais baixas que a sua. No entanto, em dias de cheias, que se iniciam normalmente de madrugada, refere, tem de esperar que o caudal diminua, para conseguir sair de casa. “Isto por aqui abaixo era uma grota autêntica,” é o cenário que observa quando a água leva o asfalto. “Estão a arranjar isso, mas é provisório. Aqui colocaram betão e mais abaixo breu,” diz, sobre as intervenções. A seu ver, deve-se criar forma de, acima da rua, escoar-se a água, para evitar a cheia. “É sempre naquele sítio ali em cima que as águas rebentam”.
Um jovem morador da mesma rua não se quis alongar muito nas declarações, mas não deixou de referir que a situação já é costume e que apesar de se fazerem intervenções ao longo da rua, o problema que precisa de ser resolvido fica mais “acima”.
Rui Leite, de 42 anos e carpinteiro de profissão, é outro residente da zona e conhece também de perto o problema das inundações que passam mesmo à frente da sua casa e já lhe causaram prejuízos: “vem a água por aí fora e rebenta os caminhos todos. As águas vão para dentro de casa. Entrou água na minha casa. Sempre faz prejuízos, nas mobílias, nas portas”, lamenta. Os eventos também afetam o seu dia-a-dia para ir trabalhar. Não conseguindo trazer o carro para a rua, tinha de vir “por cima”. Depois de a via ficar destruída, Rui explica que “[as entidades] tapam os buracos com brita e coisas assim, e depois, já se sabe, quando chove, a água leva tudo outra vez”. Agora, enquanto a origem do problema não é resolvida, a esperança é que não cheguem novas chuvas torrenciais para destruir novamente a rua. “Arranjaram o caminho, e agora não tem chovido. Vai se ver como fica e como não fica,” diz Rui Leite. Para este e todos os outros moradores da rua do Outeiro e da rua dos Afonsos, quando há o alerta de mau-tempo, o futuro é sempre uma incógnita.
À presidente da Junta de Freguesia dos Arrifes, Sandra Costa Dias, o DL questionou sobre se há um sentimento de revolta por parte dos residentes, ao que a autarca responde: “Claro que sim. Se durante um mês tiveram sete vezes um rio à porta e impedidos de entrar e sair, a revolta é tudo o que não se pode questionar. A Junta nunca calou a revolta das pessoas, embora, muitas vezes, a Junta, que está na linha da frente, apanhe com a revolta – que temos de compreender”. Segundo a autarca, “as pessoas não querem saber se a responsabilidade de limpar o que está na origem do problema é da Junta, da Câmara ou do Governo. Eles querem é o seu problema seja resolvido legitimamente”.
Algumas questões sobre o tema foram colocadas à Câmara Municipal de Ponta Delgada, mas, segundo a mesma, nada mais tem a acrescentar para além daquilo que tem sido comunicado, lembrando apenas que será realizado um estudo hidrológico.
Outras freguesias de Ponta Delgada têm também registado enxurradas desde dezembro passado, nomeadamente Feteiras, Candelária, Ginetes, Mosteiros, Sete Cidades, Pilar da Bretanha, Ajuda da Bretanha, Remédios, Santa Bárbara, Santo António e Capelas.