João Silvério Sousa
1
Venho estas quadras versar
Transformá-las em flores
Para vos poder falar
Dos romeiros dos Açores.
2
Se a memória não me engana
Então digo sem ter engano
Que eles passam numa semana
As quatro estações do ano.
3
Debaixo de chuva tão forte
E temporal imprevisto
Anunciando a paixão e morte
De nosso Senhor Jesus Cristo.
4
Percorrendo a ilha a pé
De madrugada ate o sol se por
Entre lágrimas amor e fé
Dando graças ao Senhor
5
Os romeiros quaresmais
É tradição sem maravilha
Onde vai filhos, irmãos e pais
Rezando por toda a ilha.
6
A nossa comunidade de então
Pelos romeiros representados
É uma velha tradição
Já de muitos anos passados.
7
Assim começaram os votos
Das romarias dinâmicas
Pelos muitos e fortes terramotos
E grandes erupções vulcânicas.
8
Com tamanha crueldade
Essa calamidade cruel
Caiu sobre humanidade
Da ilha de São Miguel
Eis aqui o grande papel
De um Povo que se mantém fiel.
9
Não foi antes nem depois
Vos digo com toda a lucidez
Outubro de mil quinhentos e vinte e dois
Até junho de mil quinhentos e sessenta e três.
10
Vila Franca foi destruída
Quase na sua totalidade
Ainda chora comovida
Aquela grande infelicidade.
11
E os terramotos se expande
E as erupções cruelmente
Atingindo a Ribeira Grande
Devastando a sua gente.
12
Ao verem tal desgraça
Soluçando em sua voz
Diziam ó Deus pela tua graça
Tem compaixão de nós.
13
Nossos Homens aflitos
Outros soterrados a morrer
Mulheres e crianças aos gritos
Sem saber o que fazer.
14
Mães aos filhos agarradas
E em lágrimas se esvaziam
Vendo suas casas derrubadas
Enquanto as terras se abriam.
15
Tristes épocas foram essas
Que nossos antepassados viram
Começaram a fazer promessas
Foi assim que os romeiros surgiram.
16
Pedindo e agradecendo à Virgem
Unindo um povo fiel
Eis aqui está a origem
Dos romeiros de São Miguel.
17
Por a tradição ser a mesma
Com amor fé e paciência
Escolheram então a quaresma
Para mais forte penitência.
18
Por ser os dias mais chuvosos
Com frio fora do normal
Há tantos corações maldosos
Que dos romeiros dizem mal.
19
Porque não sabem a razão
Pensam por suas ironias
E por não conheceram a tradição
Nem tão pouco as romarias.
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