O jornal «A Crença», com sede na tipografia com o mesmo nome, em Vila Franca do Campo, foi fundado em 19 de dezembro de 1915 pelos padres Manuel Ernesto Ferreira e João Melo de Bulhões. Trata-se do único jornal sobrevivente em mais de 100 anos de história no concelho vizinho da Lagoa, sendo um dos dois jornais católicos da diocese de Angra, a par do jornal «O Dever» da ilha do Pico.
Depois de suspender a publicação a 4 de agosto de 2023, com o objetivo de implementar uma reestruturação e planear um novo caminho rumo à sustentabilidade, o periódico centenário, propriedade da Fábrica da Igreja Matriz de São Miguel Arcanjo, voltou a ser publicado a 19 de novembro desse mesmo ano, após firmar uma parceria com a editora Narrativa Frequente, proprietária do jornal Diário da Lagoa.
Na nova fase, o padre José Borges, em funções em Vila Franca do Campo há 24 anos, sucede ao padre José Paulo Machado, na direção do jornal. Desde então que A Crença é publicada mensalmente, trazendo aos seus assinantes e leitores conteúdo próprio com nova linha editorial que não esquece os assuntos do quotidiano, a par das notícias e reportagens com enfoque religioso, que marcam a atualidade.
Estivemos à conversa com o seu diretor, José Borges, alguns assinantes e com um dos colaboradores mais antigos para saber o que pensam sobre as mudanças que aconteceram ao longo do último ano.
José Franco, 61 anos, natural de Ponta Garça, começa por dizer que “quando se muda para melhor é sempre bom” e revela que é assinante desde os 16 anos de idade porque gosta do jornal. Relativamente à alteração da periodicidade, de semanário para mensário, diz que acha positivo e que concorda “que se tenha de modernizar”.
“Quando o jornal chega começo logo a folheá-lo, mesmo à porta de casa. Depois, o conteúdo que me interessa mais eu fico a ler”, conta, enquanto diz que o jornal “está num bom caminho”, conta.
Já Carlos Braga, 59 anos, da freguesia de São Pedro, diz que “tem tido artigos mais apelativos” e “uma dinâmica diferente” que aprecia.
“Neste último ano, com a direção do Padre José Borges, penso que o jornal está bom, pois gosto de ler um pouco de tudo, como as entrevistas que são feitas a alguns vilafranquenses e não só”, sublinha.
Zurita Medeiros, 46 anos, da freguesia de São Miguel, deixa a nota de que “é importante inovar, levar ao público mais informação atualizada”.
Um dos colaboradores mais antigos, que acompanhou várias direções do jornal vilafranquense foi José Teixeira Dias, de 87 anos, residente em São Pedro.
“O jornal está a ter um dinamismo muito curioso, mas gostava que A Crença fosse pelo menos quinzenal”, enquanto assegura que “o grupo está a trabalhar bastante bem e com um dinamismo muito interessante, por isso veremos se realmente se consegue o êxito que merece”, aponta. No entanto, lamenta: “atualmente, de Vila Franca temos poucos colaboradores. Já os que residem em Vila Franca são vários, mas que sejam mesmo da Vila, não temos, e eu sou um deles. Há muita mais gente que poderia colaborar”, defende.
O diretor, o Padre José Borges começa por dizer que “nós estamos a cuidar de um filho que tem um ano e que renasceu, não das cinzas, mas da boa vontade de alguns voluntários e da capacidade de pessoas como a Dra. Carmo Rodeia, da parte da diocese de angra, ou o Clife Botelho, do Diário da Lagoa, e todos os seus colaboradores, que foi possível fazer renascer este jornal. Tem esta dualidade de, por um lado, ser uma anciã, velhinha com mais de 100 anos, que requer todo o cuidado e todo o carinho e toda a atenção. Então, nós podemos dizer que estamos de parabéns, porque A Crença faz 109 anos no próximo mês de dezembro. E este empenho, este trabalho, esta qualidade deve-se ao esforço de muitos colaboradores vilafranquenses e não só, que dão um pouco do seu melhor para fazer acontecer o jornal”.
Para o diretor do Diário da Lagoa, Clife Botelho, “é preciso não esquecer que nos últimos cinco anos a editora contribuiu “para que se evitasse o desaparecimento não de um, mas de dois jornais”, salienta, acrescentando: “espero que continuem a perdurar, porque o contributo que ambos os jornais dão à sociedade vai além da sua existência. E se a Lagoa é o local que escolhi para viver, a minha casa, já a Vila Franca é aquela família que visito com frequência e que também está sempre presente”, conclui o diretor do jornal lagoense.
Os leitores são a força do nosso jornal
Subscreva, apoie o Diário da Lagoa. Ao valorizar o nosso trabalho está a ajudar-nos a marcar a diferença, através do jornalismo de proximidade. Assim levamos até si as notícias que contam.
Leave a Reply