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Educar sobre e para o turismo: a importância do público interno

Rita de Sousa Pereira

Desde mudanças no executivo, à aprovação de políticas que resultam na polarização de opiniões, o ambiente do turismo na região é instável e, a julgar pelos comentários nas redes sociais, preocupante. De todas as prioridades para o desenvolvimento do turismo no arquipélago, a educação não é tão amplamente defendida como urgentemente deveria ser.

O turismo é um setor de mão-de-obra intensiva. Atrevo-me a dizer que, para além dos recursos primários, principais atrativos turísticos, o capital humano é o maior ativo de um destino. Numa nova tendência de procura por experiências, (apenas) a oferta de produtos e serviços não basta – viajar é hoje muito mais.

Nesta visão holística, a interação com os profissionais do setor e, sem esquecer, com a comunidade local,
culminará em experiências de qualidade.

Dos habitantes da região, nem todos trabalham diretamente com o turismo, não obstante, sendo este um
setor amplo (também nos seus impactos), num todo, como comunidade local, fazemos parte da oferta e
somos os principais interessados no seu desenvolvimento. Pelo menos assim o deveria ser.

A julgar pela opinião pública, num tempo de “turismofobia” gritante, retiram-se duas conclusões. A
primeira assenta na falta de informação sobre o setor, que leva a comentários infundados e ao descarte da sua importância. Se não compreendermos esta atividade e os seus benefícios, se não nos for comunicado (de forma clara, diga-se) os projetos, a estratégia, as decisões, não o podemos valorizar. Para além disso, conclui-se que este descontentamento poderá ter algum fundamento. A aversão local sobre o turismo poderá ser sinal da má gestão e do desajuste das políticas praticadas. Independentemente do seu descontentamento, este lado deverá também ser ouvido sob pena de excluirmos vozes importantes no processo de tomada de decisão e de desenvolvimento do destino.

Se o turismo não for benéfico para todos, nas suas devidas proporções, não agregará ou não fará jus à
essência do setor – este é de todos e não deverá pertencer só ao capital. Eu ainda acredito na sua grande
capacidade de ser democrático, inclusivo e transformador. Quero continuar a acreditar.

Educação poderá ser sinónimo de comunicação. Com grandes campanhas atrás da procura, esquecemo-nos do ativo deste lado de cá, da satisfação do público interno que também precisa ser gerida. A qualificação do destino passa: pela formação dos recursos humanos, isto é educar para o turismo; e pela manutenção do ambiente interno com a otimização da comunicação aos vários stakeholders, isto é educar sobre o turismo.

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