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“BocAberta” abre portas na Lagoa com aposta no que vem do mar

Novo restaurante localizado no Porto dos Carneiros, freguesia de Nossa Senhora do Rosário, é a mais recente aposta do empresário Abel Cabral. O dono da nova cervejaria-marisqueira acredita que o espaço vai chegar a bom porto

Abel Cabral explora três espaços na área da restauração: Bar Caloura, Casa do Abel e o BocAberta © CLIFE BOTELHO/ DL

Por entre bares e hotéis Abel Cabral, nascido em 1961, natural da vila de Água de Pau, foi construindo a sua vocação. O seu percurso levou-o a ter nos dias de hoje, dois restaurantes com fama em toda a ilha e fora dela: o Bar Caloura e a Casa do Abel. Em conversa com o Diário da Lagoa (DL), conta que, após a morte do seu pai, decide abandonar o curso de mecânica que frequentava na Escola Industrial e Comercial de Ponta Delgada tendo ido trabalhar para o Hotel Avenida pela primeira vez, em 1979. Iniciou como “mandarete”, uma espécie de “moço de recados” e só depois seguiu a sua carreira de formação em Barman. Após algum tempo de experiência, decide investir no restaurante Bar do Monte, no Pico da Pedra. Abel Cabral conta-nos que o estabelecimento deixou de ser só restauração e “misturou-se sala de restaurante com sala de banquetes, festas, batizados, casamentos” levando-o a perder o restaurante, diz. Abel refere que não havia o suficiente para sobreviver porque “os casamentos só se fazem no mês de verão”. Depois disto, durante dois a três anos, decide regressar ao Hotel Avenida. Foi também convidado a abrir o Hotel Bahia Palace, em Água D’Alto e o Hotel Monte Palace nas Sete Cidades, como chefe de bar.

Como o bom filho à casa torna, Abel resolve voltar à sua terra natal com a oportunidade de abrir o antigo Café Benfica. “Tentei melhorar e fazer um café diferente do que normalmente havia, mas não funcionou muito bem”, conta. 

Entre 2000 a 2014, o bar do Complexo Municipal das Piscinas da Lagoa também passou pelas mãos deste homem de negócios. E em 2001 surgiu-lhe a oportunidade de gerir o Bar Caloura. Abel conta que “a Caloura trabalhava como um bar sazonal no verão” e pediu ao presidente da câmara da altura para abrir o ano inteiro e assim foi. Depois de algum tempo aberto, Abel afirma que uma empresa de whale watching convidou-o para fazer almoços. Apesar de relutante pela perda do estabelecimento no Pico da Pedra, aceitou o desafio. Os turistas paravam lá e comiam comida regional, especificamente, os chicharros. Até hoje, o bar Caloura emprega entre 17 a 20 empregados e “é um espaço esplanada com movimento agradável e com muito turismo”, realça. 

O café Benfica já não estava a ser aquilo que Abel projetava. “Durante dois anos deixei de vender bebidas alcoólicas para limpar a área da praça e faço a Casa do Abel”, ficando com o bar Caloura e o restaurante Casa do Abel, ambos com “feedbacks muito bons e agradáveis. Não há reclamações e se há são muito simples e fáceis de remediar”, garante.

O restaurante “BocAberta”

Estabelecimento vai funcionar das 7h30 até às 22 horas, sendo o pequeno-almoço até às 12 horas © CLIFE BOTELHO/ DL

Depois de muitos anos na restauração, o nível de experiência só tende a aumentar. Abel, sabendo que os clientes querem estar de frente para o mar, abraçou este projeto, concorrendo ao concurso, lançado pela câmara da Lagoa, para a exploração deste espaço. Renovando-o por completo, a cervejaria-marisqueira também vai ter uma sala de pequeno-almoço. O novo estabelecimento, vai funcionar das 7h30 até às 22 horas, sendo o pequeno-almoço até às 12 horas. Lá, pode-se encontrar pratos de carne, peixe e muito marisco. Na perspetiva do empresário, a restauração “fica dignificada”, realçando que “é um processo que vai andar sobre si e vai se realizar”.

Com o turismo cada vez mais acentuado e devido ao fácil acesso até ao local, Abel refere que o BocAberta não é só um local para a Lagoa, destacando que “estamos no centro da ilha da restauração e que os habitantes da Ribeira Grande ou de Ponta Delgada vêm facilmente para aqui”. 

Inicialmente, foi feito um “slow opening” do espaço. Segundo o entrevistado, “se se abre um espaço desse tamanho e mete-se toda a máquina a funcionar, com a falta de experiência da cozinha e do staff de sala, cria-se um caos de trabalho”. O “slow opening” permite ir “trabalhando a cozinha” e “rodando o pessoal” fazendo esse tipo de trabalho em melhores condições, realça.  Apesar de ter optado por não abrir o restaurante de uma vez só, Abel já teve bastantes clientes. Confessa-nos que toda a sua expectativa é compensada quando se abre o espaço e as pessoas vêm para conhecê-lo. 

O nome da cervejaria à beira mar remonta às embarcações antigas, uma vez que “as nossas embarcações de pesca tradicionais eram feitas em barcos de boca aberta”, declara Abel Cabral, acrescentando que o espaço é situado numa “área espetacular” e com uma “envolvência fora do comum”.

Aposta no chef Cláudio Pontes, estrela Michelin

Cláudio Pontes é cozinheiro há 23 anos e já foi premiado com uma estrela Michelin © CLIFE BOTELHO/ DL

O Diário da Lagoa teve ainda a oportunidade de conhecer o chef da casa. Natural da Ribeira Grande, Cláudio Pontes, de 42 anos, por ser muito amigo de Abel Cabral, aceitou o convite e o desafio para ajudá-lo a abrir este restaurante. É cozinheiro há 23 anos. Já passou por vários hotéis de cinco estrelas de todo o país e foi  premiado com uma estrela Michelin em 2012 no antigo Tavares Rico. Há sete anos decidiu regressar a São Miguel, sendo chefe executivo do Azor Hotel e do Furnas Boutique Hotel. 

Para Cláudio Pontes “é impecável trabalhar com o senhor Abel” sendo este a pessoa mais fácil com quem já trabalhou até hoje, garante. E acrescenta: “temos uma coisa boa: sonhamos os dois. Acho que conseguimos nos contemplar mutuamente. Eu sei o que é que os clientes gostam, ele sabe o que é que os clientes gostam”.

O segredo para o sucesso, segundo Abel, passa por se acreditar naquilo que se está a fazer. Para o pauense, “tens de sair de casa com alguma motivação, senão, não levas barco nenhum para o mar”. 

Abel, faz uma analogia à restauração com um casamento porque “passas mais tempo aqui do que em casa, estás sempre ligado ao serviço, levantas-te trabalhando, deitas-te pensando no trabalho de amanhã”. Destaca ainda a importância da sua esposa na sua profissão porque “ao fim ao cabo, ela é que é a heroína disto tudo porque ela é que aguenta com isso tudo”, assegura este empresário lagoense que não tem medo de ir mais longe e arriscar.

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