O ‘Diário de Bordo’, da autoria da artista italiana Margherita Michelazzo, está a dar a volta ao mundo e atracou em Rabo de Peixe para receber pequenos, mas valiosos contributos, das crianças da maior vila dos Açores, onde vive e trabalha a maior comunidade piscatória da região.
Símbolo dos Marinheiros da Esperança, este novo ‘Diário de Bordo’ é um livro concebido por um único pedaço de tecido – cânhamo – dobrado várias vezes através de costuras simples que criam setenta bolsos escondidos no interior. Um cinto feito com nó de marinheiro mantém-no unido.
No seu interior carrega as bandeiras de Portugal e Espanha, de há 500 anos, separadas por uma linha vermelha que remonta às antigas separações da história entre os dois países, remetendo, por isso, para o Tratado de Tordesilhas.
É, também, um livro que alude ao livro entregue há cinco séculos por Antonio Pigafetta ao imperador Carlos V, sacro-imperador romano e arquiduque da Áustria a partir de 1519, rei de Espanha como Carlos I a partir de 1516 e senhor dos Países Baixos como duque da Borgonha a partir de 1506.
Este novo ‘Diário de Bordo’ tem, agora, a missão de guardar mensagens e/ou objetos de todos aqueles, principalmente as crianças, que ainda sonham desbravar novos caminhos. É um livro para esconder, procurar e descobrir, para partilhar e ambicionar dar novos mundos ao mundo.
No seu interior também contém cópias de duas cartas escritas por Antonio Pigafetta em 1524: uma para o duque de Mantova e outra para o doge de Veneza. Nos bolsos secretos também podem ser encontradas as mensagens, os testemunhos atuais das crianças que neles têm depositado os seus sonhos. Vão ao lado dos autógrafos de Magalhães e Elcano, planeando novas e solidárias viagens rumo a um mundo saudável.
Também contém poemas da poetisa espanhola Maria Rosa Serdio que dedicou um poema às crianças e jovens de Rabo de Peixe, assinado por todas elas, rumo aos mundos que o mundo nos dá. O ‘Diário de Bordo’ está a fazer a viagem a bordo do Buque Escuela Juan Sebastián de Elcano (navio-escola espanhol), e os jovens de Rabo de Peixe, bem como os demais, podem acompanhar a rota de circum-navegação levada a cabo por Fernão de Magalhães, entre 1519 e 1521, ao serviço da coroa de Castela.
Ao passar por Rabo de Peixe e ao receber contributos das crianças locais, formalizou-se assim o desejo de um novo tratado ancorado numa dimensão peninsular de amizade, respeito e sonho e, tal como o acordo diplomático do século XV, existe agora também um desejo de perspetiva de futuro: presente tanto nas navegações oceânicas dos séculos XV e XVl, como na inspiração estratégica que hoje nos anima: um futuro saudável e sustentável.
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